Immortals of Aveum é o mais novo jogo do selo EA Originals, que é desenvolvido pela Ascendant Studios e chega nesta terça-feira (22). Com uma história de alta fantasia, o jogo de tiro em primeira pessoa, mas com magia, mostra potencial, mas não o utiliza e fica na média.
Vale lembrar que, ainda que a publicação seja com um selo da EA, o desenvolvimento do jogo foi feito por uma empresa independente. O que isso quer dizer? Na prática, Immortals of Aveum tem pompas de uma produção de grande orçamento, os chamados games 'AAA', mas foi produzido por uma equipe pequena na maior parte dos seus cinco anos de desenvolvimento.
História clichê, mas com potencial
Em Immortals of Aveum, somos apresentados a um mundo que possui duas grandes facções que estão em um conflito, chamado Guerreterna. O motivo do conflito é o controle da magia daquele universo, que se dá pelas linhas Ley, grandes feixes de luz coloridas que percorrem os céus dos locais.
Rasharn e os Imortais brigam há anos pelo controle da magia e ambos os lados apontam que querem o fim da guerra. No meio disso tudo, conhecemos Jak, um jovem pobre que vive sua vida chata roubando pessoas em Seren junto com seus amigos, que ele considera família.
Neste sentido, passamos a acompanhar uma jornada do herói clichê e que já foi vista em diversos livros de fantasia e em outras mídias. Ou seja, garoto não sabe o quanto é poderoso, descobre que é poderoso, se torna a única opção para salvar o mundo, passa por conflitos pessoais até que tudo culmina em uma grande batalha no final que coroa ele como herói. No jogo, esse personagem é Jak, que irá lutar pelos Imortais na guerra contra os Rashearnos.
Limitações criativas ou orçamentárias?
Com esse argumento sendo o principal do enredo, o jogo desenvolve outros vários subplots. Por exemplo, existem os magni e os sem-luz. Os primeiros são capazes de manipular as cores das linhas Ley e transformar elas em magia, enquanto os segundos não o conseguem. O resultado é um povo cheio de divisões e preconceitos.
Além destas classes, existem os Fortuitos, que são feiticeiros que conseguem controlar as magias das três cores existentes, verde, vermelho e azul. Estes também são alvos de conflitos internos e preconceitos. O detalhe é que todo o mundo e narrativa de Immortals of Aveum vai passear por pequenas informações que são interessantes em um primeiro olhar, mas mal exploradas.
Dessa forma, ser clichê não é necessariamente um problema, mas sim a forma que se executa essa ideia. E as ideias dos desenvolvedores para o mundo do jogo são muito boas, não à toa, Immortals of Aveum é um dos poucos games em que as conversas com personagens secundários são prazerosas. Nelas, conhecemos detalhes que enriquecem aquele mundo, ainda que o jogo falhe em mostrar isso nas cutscenes e enredo principal.
Ao ver potencial no jogo, me questionava o tempo todo onde traçar a linha entre o que era limitação orçamentária ou criativa. Por exemplo, ao ver uma cutscene importante ser encerrada de forma acelerada e brusca, ficava a dúvida se aquilo foi resultado de um orçamento limitado ou fruto de um roteiro falho.
Ação diverte, mas batalhas são genéricas
A jogabilidade de Immortals of Aveum emula jogos de tiro em primeira pessoa, mas com magia. Os poderes de cores que Jak e os magni possuem funcionam como armas. Para quem jogou Ghostwire Tokyo, qualquer semelhança é mera coincidência.
Ou seja, uma das cores, a verde, emula metralhadoras, enquanto a vermelha emula armas de tiro curto e forte, como shotguns. Já a azul funciona como uma pistola, mas também pode funcionar como uma sniper.
Ao contrário de Ghostwire Tokyo, que enjoa rápido por não ter grandes possibilidades de build com as magia, Immortals of Aveum oferece uma grande disponibilidade de poderes. E é legal testar quais tipos de disparos funcionam melhor para o seu estilo de jogo.
Contudo, quando falamos das batalhas de chefes ou dos inimigos, genérico é a palavra que melhor descreve tudo. Aliás, as principais batalhas não são nada impressionantes e as criaturas enfrentadas são tão genéricas que depois viram minions que aparecem constantemente.
Altos e baixos nas partes técnicas
Immortals of Aveum foi mais um jogo que fez a escolha de captura facial de um ator mais conhecido. Darren Barnet, popular pela série Eu Nunca, da Netflix, é quem cede o rosto para Jak. Além disso, Gina Torres (Suits) é Kirkan, a comandante máxima dos Imortais. E devo dizer que os trejeitos dos atores foi muito bem implementado nos gráficos e dialógos em que são utilizados.
Entretanto, a limitação gráfica do jogo em todo o resto que não tange a expressão facial dos personagens, faz com que Immortals of Aveum fique devendo em diversos momentos. O game nos leva a visitar diversos biomas com histórias espetaculares na mitologia daquele mundo, mas não conseguimos ver isso no jogo.
Por outro lado, todas as cenas envolvendo dialógos entre personagens com captura facial, se nota o esmero e qualidade gráfica do jogo. Para quem está acostumado com o trabalho dos atores, sabe que suas expressões foram muito bem capturadas.
No frigir dos ovos
Immortals of Aveum possui uma história e construção de mundo que mostram um bom potencial para o desenvolvimento da franquia, mas que nesta primeira tentativa, batem na trave. O jogo da EA Originals não ultrapassa um resultado mediano, mas deixa um gosto de que possui material para ser algo bem maior e melhor.
A história tem bons momentos, mas sempre que o clímax se aproxima, Immortals of Aveum fica no quase. O game da EA Originals é bem divertido, mas é melhor experimentar com a expectativa baixa, querendo dar uns tiros mágicos a torto e a direito.
Immortals of Aveum está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
*Essa análise foi feita em um PS5 com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela EA