Depois do desenvolvimento de Titanfall e Apex Legends, a Respawn Entertainment encarou um desafio complexo: desenvolver uma nova saga Star Wars para os videogames. Em um primeiro momento, os fãs olharam desconfiados para Fallen Order e seu protagonista, Cal Kestis, mas o jogo lançado em 2019 foi competente e revelou todo o potencial da nova série.
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Agora, Star Wars Jedi: Survivor chega para consolidá-la. É um jogo que melhora elementos que já eram bons há quatro anos atrás e vai além, expandindo o universo criado por George Lucas com uma história excelente e personagens cada vez mais carismáticos.
Jornada interplanetária
Star Wars Jedi: Survivor se passa cinco anos após os acontecimentos de Fallen Order. Depois de alguns anos vivendo em fuga e enfrentando o Império, que já toma conta da galáxia há cerca de uma década, Cal Kestis deixou de ser um Padawan e se tornou um guerreiro Jedi feroz. Em Survivor, sua aventura começa na Cidade Baixa de Coruscant, onde ele lidera um grupo de foras da lei em uma tentativa de roubar informações militares que possam ajudar a combater um Império cada vez mais presente e opressivo.
Mas tudo foge do planejado e Cal começa a se questionar se seus anos de luta realmente valem tantos sacrifícios. Esse é apenas o início e o pano de fundo de uma narrativa cativante, que leva o protagonista rumo à um desfecho digno dos melhores momentos de Star Wars nos cinemas, e bem-sucedida em equilibrar momentos dramáticos e divertidos - muito disso é graças aos personagens secundários, como o veterano Greez o novato Bode Akuna: é fácil comprar suas motivações e entender suas lutas.
Ponto de partida, Coruscant impressiona. A capital da galáxia e centro do poder, antes da República e agora do Império, mostra todo o poder da nova geração com gráficos e iluminações belíssimos, além de uma ambientação fantástica e extremamente detalhista. Existem alguns problemas, principalmente no Modo Qualidade do PlayStation 5, console em que o jogo foi analisado, como quedas na taxa de quadros, que devem ser corrigidos em atualizações futuras ou até mesmo antes do lançamento; já o Modo Desempenho não deixa a desejar.
Mas as passagens pelo submundo de Coruscant e pelo seu conhecido Nível 2046 também revelam alguns problemas que infelizmente estão presentes por todo o jogo, principalmente nos trechos mais lineares: Survivor abusa de escaladas, corridas por paredes, uso de cabo de subida e quebra-cabeças ambientais. Esses elementos divertem inicialmente, mas o uso excessivo, e muitas vezes desnecessário, incomoda e prejudica o ritmo do jogo. Além disso, não é raro que Cal precise se contorcer em passagens apertadas, em uma clara tentativa dos desenvolvedores em mascarar loadings que pareciam ter ficado na geração passada.
No entanto, esses problemas ficam em segundo plano quando o protagonista se aventura pelos maiores planetas do jogo, Koboh e Jedah. Há muito o que se explorar neles: Koboh, onde Kestis precisa refazer os passos da antiga Jedi Santari Khri em busca do planeta perdido Tanalorr e acaba conhecendo o Jedi Dagan Gera, seu verdadeiro antagonista, funciona como um imenso mundo aberto e é repleto de missões paralelas, chamadas de Rumores. Esses Rumores aprofundam a história de alguns personagens secundários e a relação de Cal com eles, além de incentivar a exploração e a consequente descoberta de segredos e itens colecionáveis.
Exploração e combate
É nessa exploração que Star Wars Jedi: Survivor mostra uma de suas forças. Ela é cativante e há sempre algo novo esperando para ser descoberto, seja pelo caminho ou através de passagens inicialmente inacessíveis que dependem da progressão para serem desbloqueadas, assim como em metroidvanias. Nessas horas, ter a ajuda dos Nekkos como montaria e dos Relters para planar em determinados trechos, além de um Holomap realmente competente, ao contrário do de Fallen Order, faz toda a diferença.
Cal pode descobrir fragmentos que aumentam sua Força ou sua saúde máxima ou garantem um ponto extra de habilidade enquanto explora o ambiente. Além disso, é possível encontrar a maioria dos itens de personalização: desde penteados e roupas até o sabre de luz e o sempre adorável BD-1, tudo no protagonista e em seu leal droide é customizável, e não é difícil perder vários minutos decidindo a aparência e a paleta de cores dos dois.
Outra ponto positivo está no combate. Survivor aprimora a fórmula de Fallen Order e dá muitas possibilidades para enfrentar inimigos. Entre a Lâmina Simples e a de Dupla Empunhadura, Cal tem cinco posturas diferentes à sua disposição, que vão sendo desbloqueadas pouco a pouco na progressão, cada uma com seus pontos fortes.
Por exemplo, a Lâmina Simples é a mais equilibrada e confiável; já a Lâmina Dupla se destaca pela grande mobilidade e capacidade defensiva. Também é possível usar o sabre de luz em conjunto com o blaster na postura menos dinâmica do protagonista - e que provavelmente exigirá alternacões mais constantes. Cada postura tem sua própria árvore de habilidades, assim como elementos da Força e da resistência de Cal. É possível redefinir livremente a distribuição de pontos entre essas árvores, embora a partir da segunda redefinição seja necessário pagar um pequeno preço.
Claro, também é possível usar a Força Jedi em combate. Com ela, Cal pode evadir automaticamente de ataques corpo a corpo, desde que esteja parado, puxar um ou vários inimigos para mais próximo ou afastá-los para longe, por exemplo. Ainda, é possível confundi-los, virando-os uns contra os outros para ganhar uma ajuda extra nos momentos mais complicados.
Pode ser fácil se perder em meio a tantas habilidades e possibilidades de combate, mas o simples também funciona. Cal pode lidar com vários inimigos sem sequer usar a força, apenas com sua maestria com o sabre de luz. Um fator importante - e novidade na franquia - é que agora é preciso ficar atento ao Medidor de Bloqueio de Cal, tentando evitar que sua postura seja quebrada e que ele fique vulnerável. Em contrapartida, os inimigos também têm um Medidor de Bloqueio, que pode ser consumido com ataques sucessivos ou bloqueios executados no instante certo, abrindo a chance para uma finalização quase cinematográfica.
Ainda falando em combate, Cal também tem a ajuda de Talentos. 25 ao todo, eles servem como habilidades passivas que melhoram atributos de combate ou recuperam gradativamente a vida ou a força. É possível encontrá-los escondidos, principalmente ao analisar os Rumores, ou comprá-los de um dos mercadores do Bar de Pyloon, lugar de muitos encontros e reencontros, após progredir um pouco pela história.
Para escolher quais talentos ficarão ativos, basta meditar em um dos pontos de controle do jogo. Semelhantes às fogueiras de Dark Souls e aos Locais de Graça de Elden Ring, nos pontos de meditação é possível decidir também quais serão as duas posturas ativas, descansar - o que traz alguns inimigos de volta à vida -, melhorar a árvore de habilidades, treinar e viajar rapidamente.
Por fim, Star Wars Jedi: Survivor tem um Banco de Dados que chama a atenção. Todos os inimigos, incluindo os Incursores do Caos, planetas, faunas e floras, além de personagens e detalhes das missões, são catalogados conforme a trama progride. Nessa banco de dados, é possível aprender a lidar com determinados inimigos, conhecer a lore dos personagens e dos planetas e relembrar momentos importantes da missão. Vale lembrar que o jogo está com menus e legendas em português e áudio dublado. Além disso, existem várias opções de acessibilidades.
Considerações
Narrativa, exploração, combate e personalização: esses são os pontos altos da nova aventura de Cal Kestis pelos confins da galáxia, que consolida Star Wars Jedi como a série definitiva da franquia nos videogames. Ainda existem alguns poréns que podem atrapalhar na progressão e na imersão, além de pequenos problemas técnicos, mas nada que manche a reputação de um Cavaleiro Jedi em plena ascensão.
Star Wars Jedi: Survivor chega em 27 de abril para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
*Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia gentilmente cedida pela Electronic Arts.