Quem poderia imaginar que, dezenove anos atrás, um simples jogo de ação e aventura se tornaria uma das franquias mais famosas da Sega? Like a Dragon: Infinite Wealth (ou Yakuza para os mais íntimos) é o oitavo jogo principal da franquia, e apenas o segundo a abraçar o combate de RPG por turno, estabelecido em 2019 com o novo protagonista: Ichiban Kasuga.
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Sequência direta de Yakuza: Like a Dragon e de Like a Dragon Gaiden, Infinite Wealth busca conectar Kazuma Kiryu e Ichiban em uma aventura emocionante na cidade de Honolulu, no Havaí. Mas afinal, será que Infinite Wealth consegue unir a história destes dois personagens tão distintos?
Uma nova aventura
Infinite Wealth se inicia três anos após os acontecimentos de Yakuza 7. Ichiban, o “herói de Yokohama”, é um assistente social na cidade de Ijincho, onde vive uma vida simples, mas gratificante, ajudando pessoas menos afortunadas a encontrar empregos.
Após a dissolução dos clãs Tojo e da Aliança Omi, muitos membros foram impactados pelas leis anti-yakuza do governo japonês, proibindo que exercessem qualquer tipo de cargo por no mínimo três anos. Ichiban, vendo sua posição, dedicou a vida para restabelecer essas pessoas, mesmo que precisasse passar por cima da lei.
Certo dia, suas ações foram reveladas na internet por meio de uma Vtuber fofoqueira (sim, estou falando sério). A reputação de Ichiban foi totalmente destruída, fazendo com que ele e seus companheiros fossem demitidos de seus empregos. Deprimido, Ichiban passa um ano em isolamento, desejando ter feito algo diferente.
É aí que ele recebe a ligação de um antigo conhecido, o Capitão Sawashiro, ex-comandante de Ichiban dentro do Clã Seiryu. Sawashiro revela para Ichiban que recebeu uma carta de Akane, suposta mãe de Ichiban, pedindo para conhecer o filho. Akane está morando no Havaí há mais de 30 anos, e até então, era considerada morta por muitos.
Ichiban aceita a proposta e viaja até o Havaí, onde acaba se encrencando com a polícia local apenas alguns minutos após sair do aeroporto. Em uma tentativa estúpida de fugir, Ichiban esbarra com uma figura familiar: Kazuma Kiryu. O famoso “Dragão de Dojima” e "Quarto Presidente do Clã Tojo", forjou a sua morte para proteger sua família de seus inimigos.
Diagnosticado com um câncer terminal, ele partiu para sua última missão no Havaí, onde descobre que seus objetivos são iguais aos de Ichiban. Agora, os dois ex-yakuza lutam contra os líderes criminosos do submundo havaiano, que guardam um segredo que pode abalar o Japão.
Excelente combate por turno
A franquia Yakuza, até então, tinha um combate “Beat em Up”, com grande foco nas finalizações cinematográficas que até viraram memes na internet. Mas com o protagonismo sendo passado para as mãos de Ichiban, a Ryu Ga Gotoku Studio tomou a ambiciosa decisão de transformar o jogo em um RPG por turnos.
É claro que os fãs não aceitaram bem essa ideia no início, dizendo que preferiam o bom e velho combate. Mas, felizmente, a mudança foi um sucesso, dando origem a um combate por turnos mais moderno e dinâmico quando comparado aos de outros títulos semelhantes.
Em Infinite Wealth, a base estabelecida em Yakuza 7 se mantém intacta, sofrendo apenas algumas alterações que melhoram a interatividade.
Uma das maiores mudanças é a capacidade de se mover pelo cenário, permitindo construir diferentes estratégias durante os combates, principalmente ao alinhar inimigos para sofrerem com sequências de golpes e combos. Além disso, o jogo reformulou o sistema de “jobs”, que classifica as diferentes classes disponíveis.
As classes fazem parte de um conjunto mais estratégico, obrigando o jogador a explorar sua relação com os outros integrantes da equipe para poder abrir novas oportunidades de ataques. Ainda é possível compartilhar habilidades entre as diferentes classes, mas é necessário escolher entre um número limitado, garantindo que o combate permaneça divertido, mas também desafiador.
Há uma grande diferença entre o estilo de Kiryu e Ichiban. Ambos os personagens são jogáveis, cada um com sua própria equipe, e oferecem combates distintos para os jogadores.
Apesar do jogo manter o combate por turnos enquanto jogamos com Kiryu, é possível notar resquícios do combate antigo, principalmente ao liberar uma habilidade exclusiva em que, por um breve período, controlamos Kiryu da forma clássica.
O combate por turno de Infinite Wealth é, honestamente, um dos melhores que eu já vi. Não só pelas mecânicas, mas também por toda a estética, que não se leva tão a sério mas, ao mesmo tempo, é realista o suficiente para manter o jogador engajado.
O jogo abraça a "esquisitice" do Japão, e acaba sendo muito agradável (e hilário). Em uma época onde há tanto destaque para RPGs de ação com combate em tempo real, é gostoso ver um bom e velho RPG de turnos que não se deixa prender por padrões do gênero.
Um conteúdo quase infinito
Like a Dragon: Infinite Wealth faz jus ao nome, afinal, parece que o jogo é quase infinito. A cidade de Honolulu é densa, repleta de personagens, lojas, restaurantes e é claro, conteúdos secundários. O jogo se abre a partir do momento que chegamos no Havaí, permitindo que engajemos em diferentes atividades que aumentam os diferentes atributos de Ichiban.
Eu não estou falando apenas de cantar no Karaoke ou jogar dardos, como já é padrão na franquia, e sim de atividades secundárias que levam dezenas de horas para serem concluídas. Uma dessas atividades leva Kasuga até a liga Sujimon – e sim, é exatamente o que você está pensando.
Paródia dos monstros de bolso da Nintendo, os Sujimon são os inimigos que Kasuga encontra em suas aventuras. Provenientes da mente infantilizada de Kasuga, os Sujimon podem ser comandados e capturados enquanto exploramos as ruas do Havaí.
Apesar da premissa boba, o jogo leva os Sujimon a sério, entregando uma missão de quase 10 horas, além de existir todo um sistema de combate único só para este conteúdo secundário. É possível treinar, cuidar e até evoluir os Sujimon, que acabam se tornando uma ferramenta importante nas lutas de Kasuga contra o submundo havaiano.
Yakuza Crossing
Mas, não acaba por aí. Kasuga também pode ser o dono de um resort no melhor estilo “Animal Crossing”. A “Ilha Dondoko” é um resort abandonado que pode de se tornar o melhor lugar para se passar as férias no Havaí.
Para isso, Kasuga tem que colher recursos, destruir latas de lixo, construir habitações, planejar áreas de lazer e convidar pessoas para gastarem seus preciosos dólares na ilha.
Eu estava planejando ignorar a ilha para focar na excelente história, mas quando percebi já tinha passado 15 horas construindo o lugar perfeito. É possível até visitar a ilha de outros jogadores e realizar batalhas Sujimon com o avatar de outras pessoas.
Além destes dois destaques, o jogo oferece três mapas diferentes para explorar, repletos de ainda mais atividades e inimigos únicos. Honolulu, Ijincho e Kamurocho são extremamente detalhadas, e fazem com que Infinite Wealth tenha o maior mapa da franquia até hoje.
Também há muitas formas de interagir com o seu bando, seja comendo, bebendo ou até mesmo conversando em pontos de interesse pela cidade. É fácil parar de progredir na história apenas para sair com os colegas, afinal, todos os personagens são bem construídos e trazem uma boa imersão para a jogatina.
Considerações
Talvez seja cedo demais para falar, mas Like a Dragon: Infinite Wealth é um dos melhores jogos do ano. A história é emocionante e traz uma conclusão satisfatória para os fãs de longa data da franquia. Combinado com um combate por turnos sensacional e conteúdos secundários robustos, o jogo é um pacote completo para começar 2024 com o pé direito.
A franquia encontrou seu caminho ao focar em um estilo RPG – e fica claro que ele veio para ficar. Infinite Wealth é uma carta de amor para os 19 anos da série, e mal posso esperar para os próximos capítulos da incrível saga da Ryu Ga Gotoku Studio.