Lançado em 1996 para arcades e Neo Geo, Metal Slug fez muito sucesso ao unir a ação e plataforma frenética e intensa popularizado pelos antigos games da série Contra, com a excelência técnica e artística da SNK. Como um soldado de elite, a série chegou a sobreviver à falência da companhia e continuou com títulos para Game Boy Advance, Nintendo DS e mesmo um jogo 3D para PlayStation 2.
Sempre mantendo o estilo consagrado pelos primeiros 6 jogos de arcade, Metal Slug inevitavelmente esfriou com o tempo, então foi obrigado a bater em retirada, reformular sua estratégia e repartir ao ataque.
"Estratégia, em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie"
A célebre frase proferida pelo personagem Capitão Nascimento no filme "Tropa de Elite" resume perfeitamente o conceito de jogo de Metal Slug Tactics. Como seu título indica, Metal Slug deixou o molde de Contra de lado em favor de ser mais próximo a games como Final Fantasy Tactics ou ainda Jeanne D'Arc. Ou seja, os dias de "Rambo" dos games dos anos 1990 ficaram para trás, dando lugar a um gameplay de RPG tático por turnos.
Essa mudança drástica de jogo não significou, contudo, que Metal Slug Tactics ficou descaracterizado, pois o estúdio francês Leikir fez um excelente trabalho em manter a identidade da série em todos os seus elementos, desde os personagens e suas ações, até inimigos típicos dos games de Neo Geo, e mesmo elementos dos cenários (ou tabuleiros aqui) têm o estilo "cartoon de guerra" em "pixel art" 2D marcante da série.
Por outro lado, as novas mecânicas de batalha estratégica foram bem implementadas e balanceadas. Todos os personagens da série estão presentes, e o grande diferencial entre eles são as habilidades especiais de cada um, desde os mais ofensivos como Ralph, até os mais voltados à suporte como Fio.
Como o jogador tem que escolher três personagens para missão, a tática já começa pela escolha do trio, que pode acabar sendo mais ou menos apto a realizar a missão em questão. Falando nelas, A Leikir se esforçou em tentar dar variedade às fases, mas que acabam se resumindo a matar todos os inimigos ou levar pelo menos um dos membros do trio a um ponto do tabuleiro. Ao menos há missões paralelas com objetivos diferentes, que inclusive podem dar importantes bônus e novas habilidades, essenciais às missões mais avançadas
Para poder usar as habilidades especiais de cada personagem, o jogador gasta pontos que são adquiridos movendo seus soldados a cada turno. Assim, o jogo incentiva o jogador a manter uma abordagem minimamente ofensiva, pois poucos movimentos pelo tabuleiro resultam em menos possibilidades de ataques especiais. Outro fator que contribui nesse sentido é a IA agressiva dos inimigos, que sempre buscam formas de cercar um personagem e o matar o mais rápido possível.
A estratégia será fundamental também para uma boa performance, pois terminar uma missão com todos os personagens vivos e poucas rodadas, rendem pontos de experiência extras que serão fundamentais para o verdadeiro desafio do jogo: os chefões. Alguns saídos diretamente dos games clássicos, os monstros e veículos gigantes exigem boa estratégia por parte do jogador.
Relatório final
Metal Slug Tactics é um bom título de RPG tático, ainda que seja fundamentalmente diferente da série de onde derivou, soube manter sua essência e identidade. Como RPG tático em si, Metal Slug Tactics é um título equilibrado, com interface e menus claros e concisos, sem por um lado exagerar na dose de estratégias e ajustes requeridos para as ações em fase, e por outro lado também não ser raso e fácil demais.
Ainda é necessário notar que uma certa dose de repetição aliada a curta duração de sua campanha jogam um pouco contra o título. Mas não impediram a missão de ser concluida com sucesso.
Metal Slug Tactics pode ser jogado no PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no Switch, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Dotemu.