Lançado em 1993 nos Estados Unidos, Power Rangers marcou toda uma geração ao adaptar para os padrões ocidentais as séries japonesas de tokusatsus e Super Sentai, uma febre que começou no Brasil no final dos anos 1980, tendo como principais representantes Jaspion e Changeman.
A franquia é composta por várias temporadas que seguem até os dias de hoje, com tramas, equipes e vilões diferentes. Mas sem dúvidas, a mais marcante de todas foi a série original, que introduziu os Rangers e se tornou um fenômeno global entre 1993-1996.
E é exatamente nesta vibe nostálgica que chega Mighty Morphin Power Rangers: Rita's Rewind, jogo de ação e pancadaria com visual retrô 16 bits, ao estilo de clássicos como Streets of Rage e Final Fight, desenvolvido pela Digital Eclipse e publicado pela Atari e Hasbro.
Confira a seguir aqui no Game On o que esperar desse lançamento recheado de nostalgia.
Voltando no tempo
A história apresenta uma equipe moderna dos Rangers enfrentando Robo-Rita, uma versão robótica da vilã Rita Repulsa, que viaja 30 anos no passado para se aliar à sua versão mais jovem e impedir a formação dos Rangers.
Trabalhando juntas, Robo-Rita e Rita Repulsa planejam reescrever o passado em uma tentativa de impedir a própria formação dos Power Rangers, alterando o curso da história. E para impedi-las, o jogador deve assumir o controle dos Rangers clássicos: Jason (Ranger Vermelho), Kimberly (Ranger Rosa), Billy (Ranger Azul), Zack (Ranger Preto) e Trini (Ranger Amarelo).
Assim, o game apresenta uma aventura inédita sobre viagem no tempo, que se passa logo após a turma ser convocada por Zordon para receber seus poderes, então eles, assim como o jogador, estão descobrindo a sua variedade de inimigos e identidade como heróis.
Apesar da narrativa não ser o forte do jogo, temos várias cutscenes entre as fases com diálogos que ajudam a desenvolver a trama, que captura bem a essência da série original, respeitando a personificação de todos os personagens e que não vai decepcionar fãs mais exigentes.
Pancadaria retrô
De forma similar aos mais recentes Streets of Rage 4 e Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder's Revenge, o game apresenta mais de uma dúzia de fases carregadas de nostalgia, incorporando gráficos e visuais em estilo pixel art, misturado a várias referências e eventos icônicos da série. A maioria dessas fases seguem a fórmula clássica, onde até cinco pessoas (seis, se contar o Ranger Verde que pode ser desbloqueado) podem jogar simultaneamente: destrua hordas de inimigos até chegar ao chefão.
O combate é simples e direto, com um botão de ataque padrão, um para salto e outro para um poder especial, que pode ser liberado após o preenchimento de uma barra. Como já é tradicional em jogos deste gênero, há várias combinações de golpes e ataques, incluindo combos com mais de 70 hits. Infelizmente, não há grandes diferenças na jogabilidade entre os Rangers, um ponto que poderia ter sido melhor trabalhado. Um sistema de pontos de experiência, aumento de nível e árvore de habilidades para cada personagem teria feito uma grande diferença.
Felizmente, Rita's Rewind possui uma válvula de escape da fórmula do simples "esmagamento de botões", apresentando uma maior complexidade nos níveis em que nossos heróis controlam os seus Dinozords e o Megazord para enfrentar chefes gigantes.
Estes cenários apresentam sequências de tiro sobre trilhos (rail shooter) caóticas, onde você assume o controle do Dinozord específico do seu Ranger e enfrenta vários inimigos antes de enfrentar um chefe no final, com um estilo semelhante ao de Star Fox ou a de um jogo de tiro de arcade, como o clássico Space Harrier, por exemplo.
Os Zords devem perseguir os inimigos, destruir e desviar de obstáculos e projéteis e pegar power-ups para ajudar a aumentar os seus poderes. Vale ressaltar que esses segmentos são bem casca grossa, e os Zords, apesar de toda a sua pose de super máquinas de destruição, parecem brinquedos de vidro. Erros simples podem custar caros, desde perder energia excessiva, a perder uma vida simplesmente caindo em um buraco ou ter que refazer pedaços inteiros do estágio.
Você pode facilitar um pouco a sua vida ao utilizar a Ranger Rosa, já que seu Zord pterodáctilo é o único que voa, passando por cima sobre várias armadilhas ou ataques, coisa que não é tão fácil com os outros Zords terrestres. Também há alguns estágios em que você pilota sua moto Ranger vista detrás, em que também deve-se atirar em inimigos e desviar de obstáculos.
Apesar desses segmentos apresentarem um contraste nada equilibrado na dificuldade em relação ao restante do jogo, eles sem dúvida são bem estimulantes e uma mudança de ritmo bem-vinda ao jogo, além de ser uma maneira bacana de homenagear a estrutura original da série.
Outro diferencial em Rita's Rewind são as batalhas contra os chefes dentro do Megazord, que acontecem em primeira pessoa, em que você deve desviar dos ataques do inimigo enquanto tenta golpeá-lo - como em um jogo de boxe. Se você estiver jogando com um ou mais parceiros, cada um terá a sua vez para controlar o Megazord e tentar a sorte contra o monstro gigante.
Misturar e distribuir todos esses diferentes estilos de jogabilidade foi uma jogada de mestre, pois dá uma revigorada na aventura, não deixando entediante e repetitiva.
Fora dos estágios, os jogadores podem explorar o Juice Bar onde os adolescentes ficavam na série, conversando com os NPCs que podem ser resgatados ao longo dos níveis. Três máquinas de fliperama, com jogos simples mas divertidos, também podem ser desbloqueadas para um momento de descontração.
A trilha sonora é incrível, apresentando temas empolgantes e variados no saudoso estilo 16 bits, incluindo a icônica música tema dos heróis. Os personagens contam com alguns diálogos, mas infelizmente limitados apenas a um pequeno punhado de frases de efeito que vão proferir repetidamente e podem se tornar irritantes com o tempo - diálogos completos seriam muito melhor e bem-vindos. Além disso, os textos, legendas, menus e diálogos estão disponíveis em inglês, sem nenhuma localização para o português.
Por fim, uma partida na dificuldade Normal pode levar cerca de três horas, mas os jogadores que quiserem encontrar todos os colecionáveis escondidos, jogar num dificuldade mais elevada ou desbloquear todos os troféus e conquistas, podem somar mais umas boas horas extras no pacote.
Considerações
Mighty Morphin Power Rangers: Rita's Rewind é uma maravilhosa carta de amor aos clássicos heróis coloridos que entreteram toda uma geração, assim como para os saudosos jogos de pancadaria 2D. Se você é fã dos dois, então o pacote está completo.
O jogo peca, principalmente, por não oferecer uma maior versatilidade na jogabilidade dos personagens, mas por outro lado, o game apresenta diferentes gêneros que são bem estimulantes e trazem uma mudança de ritmo bem-vinda à aventura, tornando a experiência divertida e satisfatória. Pegue o controle e não se esqueça: É Hora de Morfar!
Mighty Morphin Power Rangers: Rita's Rewind está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Atari.