Se você já jogou Kingdom, jogo distribuído pela Raw Fury de tamanho sucesso que fechou parcerias com vários outros indies famosos, já sabe bem o que esperar de Monarchy, que é muito parecido no design geral mas conta com diferenças o suficiente para ter a própria identidade.
O barato neste jogo da Brain Seal é construir o seu reino, defendê-lo e então explorar a floresta ao redor tanto para expandir domínio quanto para ganhar mais recursos e resolver mistérios. O diferencial é que tudo isso é feito em duas dimensões, com comandos rápidos e intuitivos.
Três cenários
O primeiro passo é escolher o seu cenário. No lançamento, Monarchy conta com três deles. Além de oferecer situações e biomas diferentes para atacar com seu rei, cada um deles tem uma dificuldade própria.
O primeiro é o padrão e como a maioria das pessoas vai descobrir as mecânicas do jogo. O ambiente é uma floresta europeia padrão na estação do verão e os inimigos iniciais são bem tranquilos de lidar, podendo ser abatidos com uma única flecha.
Já o segundo é focado em uma das mecânicas mais legais do jogo, a de cerco. Inimigos aqui contam com arietes e outras “maquinas de guerra” medievais para derrubar seus muros.
Por fim há o cenário que começa no inverno, onde tudo é bem punitivo. Os inimigos demoram para morrer, há uma escassez maior dos recursos e é preciso ser muito eficiente para superar os primeiros dias.
Gameplay viciante
Após escolher o cenário é só gameplay. O jogo não conta com cutscenes e nem explica muito as mecânicas fora do seu tutorial simples. Cabe ao jogador desvendar os mistérios escondidos, tanto da historinha de fundo quanto dos controles e gerenciamento.
Você sempre controla o rei ou rainha do reino montado em um cavalo e não pode, de forma alguma, morrer ou deixar seu castelo cair. Assim que começa, sempre terá um tesouro com as primeiras moedas por perto e, com elas, vai poder construir seu primeiro barraco e estruturas para sobreviver à primeira noite.
Em toda noite sua base será atacada pelos inimigos principais do cenário, geralmente a facção ou nação que você precisa derrotar. É preciso cuidar dos dois lados da base, ou eles vão direto ao castelo para destruí-lo. A saída é ter recrutas o suficiente para formar seu exército e não só defender como também atacar quando estiver pronto.
A parte de gerenciamento fica toda em função destas três variáveis: tempo, moedas e população. Moedas podem ser conseguidas de diversas formas, como usando seus arqueiros para atacar ou colhendo alguns recursos na sua própria base com construções específicas. A população pode ser conseguida também de mais de uma maneira, seja recrutando moradores da floresta com moeda ou pedindo para o carroceiro trazer um interessado na próxima manhã, por exemplo. Já o tempo é impiedoso. Se estiver explorando longe demais e não conseguir voltar a tempo para defender a base, pode dar adeus, especialmente nos primeiros dias.
O loop é viciante e dá sempre vontade de jogar um dia a mais e descobrir algo novo. À medida em que arvores vão sendo cortadas, o castelo evoluído e mais construções e guerreiros liberados, o jogo vai abrindo ainda mais possibilidades. Na floresta há construções que dão efeitos, cavernas com monstros para enfrentar e os próprios inimigos do cenário para sobrepujar.
Morrer é extremamente frustrante, especialmente por ter que passar pelo início mais lento novamente, mas também sempre traz a possibilidade de tentar caminhos diferentes de evolução e de cair em um mapa com uma floresta diferente, já que ela é gerada de forma procedural.
Por vezes frustrante
Há alguns pontos que gostaria de ver melhoras ou balanceamento após o lançamento, já que por vezes podem deixar o jogo bem frustrante.
Para quem joga sozinho, por exemplo, - o jogo permite jogar com mais de uma pessoa em tela dividida -, é muito difícil cobrir ambos os lados da base no início do jogo, especialmente após a primeira evolução do castelo. É preciso ficar correndo de um lado para o outro, tentando adivinhar por qual lado os inimigos virão. Ter uma sinalização de que sua base está sendo atacada resolveria esse problema.
Também seria interessante oferecer melhorias ao cavalo de forma mais rápida no jogo. O primeiro cavalo cansa rápido e limita demais a exploração, gerando mortes que jogam minutos, se não horas de jogo, no lixo por bobeira, fazendo dar aquele “rage quit” desnecessário.
Também seria legal um cenário com mais foco na construção do mundo. A historinha de fundo aqui é muito simplista e não empolga, deixando tudo por conta do gameplay, que por mais que seja legal, uma hora cansa e o interesse se perde.
Conclusão
Monarchy não traz uma ideia nova ou revolucionária, mas é uma opção bem divertida e viciante tanto para quem já jogou Kingdom e estava com saudades, quanto para novos jogadores. O jogo brilha na parte de gerenciamento e tem uma boa quantidade de conteúdo, mas pode melhorar bastante com adições e refinamento após o lançamento.
Monarchy já está disponível para PC, PlayStation 5, Switch e Xbox.
Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Brain Seal.