Orcs Must Die é uma franquia já bem estabelecida e, embora nunca tenha tido a popularidade dos jogos mais famosos disponíveis por aí, sempre entregou experiências divertidas e conquistou um público fiel.
Em Deathtrap a jogabilidade continua sendo o destaque, com armadilhas criativas e numerosas e um sistema de heróis com habilidades únicas para escolher.
Proteja o Cristal
A história em Orcs Must Die sempre foi bem fraquinha e só para cumprir o papel de pano de fundo para o gameplay, o que não mudou em Deathtrap. Após uma rápida introdução mostrando como os monstros são malvados, o jogador é solto na base de operação, a Fortaleza, e já pode escolher uma missão quase que imediatamente.
Não existem nem tutoriais jogáveis antes da ação começar, o que neste caso é um ponto negativo, uma vez que o jogo tem bom grau de complexidade. Para entender controles e como funcionam estratégias e armadilhas, os jogadores podem assistir alguns vídeos ao interagir com um NPC na Fortaleza, o que é bem menos intuitivo e mais cansativo/chato do que aprender na prática, como fazem a maior parte dos jogos.
Ao todo são seis heróis diferentes para escolher logo antes das partidas. O ponto legal deles é que cada um conta com arquétipo próprio, com um kit de habilidades diversas, de acordo com sua classe e arma. Já o ponto negativo fica por conta do aspecto genérico deles. A maior parte são bonecos sem muitos detalhes ou originalidade, o que dificulta a conexão entre jogador e personagem.
Minha escolha durante a maior parte do tempo foi a gatinha Sophie, que joga como uma espécie de ladino, empunhando adagas e abusando da agilidade. Assim como todos os outros heróis, o kit dela conta com três habilidades e um ultimate. Obviamente, os outros arquétipos famosos também estão presentes nos outros heróis, do tanque ao suporte. No entanto, o que faz toda a diferença são as armadilhas levadas para o combate.
Ao iniciar um mapa, o jogador e seus companheiros, se a escolha for jogar em modo cooperativo, começam perto do cristal e precisam se preparar para as hordas de inimigos. No arsenal de armadilhas há uma série de opções ofensivas e defensivas. Algumas são feitas para serem armadas no teto, outras em paredes e há ainda opções de ativação assim que os inimigos pisam no local demarcado.
Os mapas tem um tema base, mas são gerados de forma procedural e podem ser jogados de dia ou na noite escura. Isso garante que, mesmo com a repetição inevitável, há sempre caminhos e maneiras novas de se abordar a defesa, especialmente porque cada missão também conta com um efeito negativo para lidar, como custo mais alto ou dano maior dos inimigos.
Refletir sobre como colocar as armadilhas é a parte tática do jogo. Como há diversos pontos de onde os inimigos surgem, é preciso defender de tudo quanto é jeito para não deixar eles alcançarem o cristal. É possível utilizar barreiras para bloquear caminhos e determinar a rota dos inimigos e o jogo ajuda mostrando versões fantasmas dos Orcs indo em direção ao cristal para o jogador saber como montar sua defesa.
Há um limite de recursos também, uma vez que as armadilhas custam dinheiro. É preciso fazer mais moedas matando Orcs e vencendo as ondas de inimigos.
A dinâmica das fases é divertida e posicionar as armadilhas, especialmente no modo cooperativo, para ver se a estratégia vai dar certo ou falhar miseravelmente é um ponto alto aqui. No entanto, o cansaço veio logo também, talvez pela dinâmica ainda ser muito parecida com a dos jogos anteriores e faltar aquele algo a mais para engajar na campanha.
Upgrades de montão
A progressão das missões ocorre num formato roguelike, onde geralmente a divisão é feita entre duas fases e então uma luta contra um chefe. Ao ser derrotado, é preciso voltar do começo e tentar de novo. Para fazer a jogatina permanecer interessante, os espólios da incursão anterior permanecem e dá para fazer uma série de upgrades na Fortaleza.
Todas as armadilhas podem ser melhoradas em três caminhos diferentes:efeito, dano e tempo de recarga. Há ainda uma árvore de habilidades geral e uma para cada personagem. Isso deixa um leque bem legal de builds para serem criadas e vários estilos de jogo para enfrentar diferentes tipos de inimigos, de trolls gigantes a orcs guerreiros. Ainda é possível liberar mais armadilhas, a parte mais legal do jogo. São 25 novas geringonças que vão desde gás letal até dardos de gelo.
O lado ruim é que é preciso jogar bastante para sentir a progressão, um grind um pouco cansativo, já que muitas melhorias são incrementos pífios, como 0,2 segundos em uma recarga ou pouquíssimo dano.
Considerações
Orcs Must Die! Deathtrap adicionou uma nova dinâmica roguelike ao modo campanha e elevou o fator coop do jogo, mas ainda ficou pouco diferente do que já tinha apresentado nos últimos 13 anos da franquia. A progressão do jogo tem pontos legais, mas demora a ser sentida, o que acaba deixando a repetição um pouco menos tolerável.
O lançamento de Orcs Must Die! Deathtrap ocorre em 28 de janeiro para PC e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Robot Entertainment.