Desde meados de 2021, a Netflix vem investindo em um catálogo de jogos como um serviço extra para seus assinantes. A primeira grande aquisição da plataforma de streaming foi em setembro do ano passado, com a compra da Night School Studios, desenvolvedora responsável pelo aclamado indie Oxenfree.
Lançado originalmente em janeiro de 2016, Oxenfree chega em breve ao catálogo da Netflix Games e o Game On teve a oportunidade de testar o jogo através da plataforma.
A aventura sobrenatural conta a história de um grupo de amigos que acidentalmente abre uma fenda fantasmagórica. O jogador controla Alex, uma adolescente inteligente e um pouco rebelde que leva seu novo meio-irmão Jonas para uma festa em uma ilha abandonada, onde tudo se desenrola.
Oxenfree se destaca em diversos aspectos. O jogo tem uma narrativa cativante, marcada por diálogos profundos e bem construídos que, além de conduzirem o jogador através de uma trama misteriosa, funciona perfeitamente para dar profundidade e mostrar a evolução dos personagens. Cada um deles tem uma personalidade muito distinta e, quando juntos, deixam clara a fragilidade como grupo, seja pelo passado, por questões pessoais, conquistas e perdas, ou inseguranças características da idade.
Tudo isso é tratado de uma forma tão leve e natural que é fácil se esquecer que cada resposta aos muitos, mas raramente cansativos, diálogos determina o destino da história e de cada personagem: cada um deles terá um desfecho e irá reagir de uma forma diferente dependendo do modo como Alex o responde ao longo da narrativa, mesmo que Oxenfree jamais deixe isso claro.
Narrativa intrigante à parte, a jogabilidade é simples. Além de conduzir os diálogos através de escolhas que devem ser tomadas em sua maioria de maneira rápida, o jogador precisa guiar Alex de forma semelhante aos jogos Point-and-Click. Além disso, o jogo conta com um pequeno rádio, que deve ser sintonizado nas frequências certas para desencadear eventos sobrenaturais.
A Night School Studios soube usar elementos simples de terror para criar uma tensão que adiciona uma camada extra de profundidade à história. As narrativas se convergem e envolvem o jogador, seja pelo forte apelo sobrenatural ou pela fácil ligação emocional com algum personagem.
Oxenfree é relativamente curto: o jogo dura em torno de quatro horas e possui diferentes desfechos, muitos deles inconclusivos, e diversos colecionáveis. Esses elementos somados garantem que o jogador sinta vontade de revisitar a misteriosa ilha para conhecer um pouco mais sobre cada personagem - ou dar um destino diferente a cada um deles - e descobrir algum segredo que tenha passado despercebido.
O jogo funciona bem na tela sensível ao toque dos dispositivos móveis. Os gráficos mantêm o belíssimo estilo original do jogo e, embora muitas vezes alguns bugs de movimentação sejam perceptíveis, principalmente nos momentos que é preciso escalar com Alex, a experiência é bem fluida. O jogo está completamente legendado em português, com pequenos erros que chegam a passar despercebidos.
Oxenfree mostra que a Netflix Games pode ser promissora, mesmo ainda bem longe de ser um sucesso. Vale lembrar que o jogo ganhará uma continuação prevista para este ano, Oxenfree II: Lost Signals, ainda sem data de lançamento.
O jogo também está disponível para PC, PlayStation 4, Switch e Xbox One.
Esta análise foi feita em um iPhone 12 através do programa de review de Oxenfree: Netflix Edition.