Ao longo dos últimos anos, o Nightdive Studios construiu sua reputação trazendo de volta jogos clássicos lançados há décadas, permitindo que um novo público os aproveitasse, assim também como aqueles que os jogaram na época de seus lançamentos originais.
Eu não canso de elogiar essa desenvolvedora, pois graças a ela temos novas versões de jogos fantásticos como Quake, Doom 64, Turok, System Shock, Shadow Man, entre outros. E agora, após incontáveis solicitações dos fãs, chegou a vez de Star Wars Dark Forces receber esse tão merecido tratamento.
Há muito tempo atrás, em uma galáxia muito distante
O original foi um marco quando saiu em março de 1995, sendo chamado na época de “Doom de Star Wars” e foi, segundo o chefe do projeto, Daron Stinnett, "a primeira vez que alguém poderia realmente andar em volta num universo de Star Wars", então responsabilidade da LucasArts naqueles dias era imensa para conseguir entregar um produto de qualidade, algo que agora caiu nos ombros do Nightdive, que precisou bolar uma forma de atualizar o clássico para os dias atuais sem que ele perdesse sua essência, e conseguiu isso.
Star Wars Dark Forces conta a história de Kyle Katarn, um mercenário da Aliança Rebelde que se depara com a existência de uma nova ameaça vinda do Império Galáctico chamada Dark Trooper, depois de obter os planos da Estrela da Morte os quais posteriormente seriam entregues para a Princesa Leia. A trama ocorre com seu trecho inicial antes dos eventos do Episódio IV e em sua maior parte depois da Estrela da Morte ser destruída.
Na jornada temos a introdução de personagens que não aparecem nos filmes e também a presença de figuras conhecidas dos fãs, como Darth Vader, Jabba o Hutt e até mesmo o caçador de recompensas, Boba Fett. O objetivo de Kyle Katarn é acabar com a ameaça dos Dark Troopers, que conseguem dizimar bases inteiras dos Rebeldes em questão de minutos.
A jogabilidade de Star Wars Dark Forces Remaster foi atualizada e agora se porta como um jogo de tiro em primeira pessoa dos dias atuais, sendo muito mais fácil navegar pelos cenários e atirar nos oponentes. Apesar da inteligência artificial dos inimigos continuar a mesma, o desafio ainda está lá, especialmente nas fases mais avançadas do jogo, portanto os jogadores que esperam por uma experiência de boomer shooter hardcore não irão ficar desapontados.
Quem prefere jogar no controle em vez de mouse e teclado, será agraciado com o sistema de vibração, que sempre ativa-se quando acontece algo de maior impacto no jogo, e também poderá fazer uso de jogabilidade com mira via sensor giroscópio, se essa for mais a sua praia. Entretanto, saiba que isso não funciona muito bem aqui, com o indicado sendo fazer uso dos analógicos para mirar.
Visual aprimorado
Os visuais passaram por um aprimoramento drástico na renderização dos cenários, estando consideravelmente melhores do que aqueles vistos décadas atrás e ao mesmo tempo sem abrir mão da atmosfera marcante do jogo original. Os personagens continuam com modelos em 2D, no entanto. Tão importante quanto às melhorias nos visuais é que, por se tratar de um remaster retrô, o jogo é consideravelmente leve para os padrões atuais, sendo possível jogá-lo em 4K e 120 fps com certa tranquilidade, algo que consegui sem esforço numa GeForce RTX 4070. Também é possível jogar em resoluções ultrawide, no caso do PC.
Para aqueles que não se interessam por isso e querem jogar com os visuais de 1995 na nova jogabilidade, saiba que isso é possível. Apertando apenas um botão, você alterna entre os gráficos remasterizados e originais.
As cinemáticas também foram repaginadas e estão muito melhores, tanto visualmente quanto nas animações. Infelizmente não há legendas e interface em português para os diálogos e instruções de cada missão, mas existe o suporte para isso em espanhol, sendo esta a alternativa para os jogadores brasileiros que não sabem inglês.
Sobre o áudio, esse é um ponto onde o remaster peca um pouco. Há duas opções à disposição, sendo General Midi e OPL3, mas nenhuma delas consegue entregar a mesma qualidade sonora da música do jogo original. Felizmente não chega a comprometer negativamente a experiência, mas trata-se de algo que pode ser incrementado futuramente. Entre ambas, recomendo OPL3.
Outro aspecto que alguns usuários podem considerar negativo é a ausência de um sistema de salvamento e carregamento. A desenvolvedora preferiu manter os checkpoints do jogo original com vidas limitadas, mas isso pode acabar gerando reclamações dos jogadores que sentirem mais dificuldade para passar de determinados trechos, já que se perderem todas as vidas, terão de rejogar a fase desde o começo.
Também não existe nada que indique onde você deve ir ou dicas do que fazer, cabendo ao próprio jogador olhar e prestar atenção no mapa em formato de labirinto repleto de segredos e ir até os locais que não explorou completamente, de modo a cumprir todos os objetivos de cada fase. Isso era algo comum nos jogos de antigamente e está presente no remaster de Dark Forces. Não me incomoda particularmente e eu, inclusive, prefiro assim, mas creio que poderiam ter incluído um sistema de navegação para ajudar os jogadores mais casuais, que não estão habituados a esse tipo de abordagem.
Para tornar fácil a vida daqueles que querem apenas curtir a história sem se preocupar com a dificuldade ou desafios, os códigos de trapaças do jogo original foram mantidos, sendo possível usá-los por meio de uma opção no menu. Por exemplo, LAPOSTAL lhe dá todas as armas e LAIMLAME te deixa invencível. Uma vez inseridos os códigos, basta ir no menu para ativar as trapaças que eles fornecem, não sendo necessário digitá-los todas as vezes que quiser usá-los. É importante ressaltar que as conquistas ficam desabilitadas sempre que você ativar uma trapaça.
Conclusão
Star Wars Dark Forces Remaster traz aos dias atuais um dos melhores jogos do universo criado por George Lucas, nos brindando com personagens e história que não devem em nada para os da trilogia original dos cinemas. Suas qualidades superam em muito seus defeitos, se tornando a forma definitiva de jogar este clássico da década de 1990. Fica a expectativa para que o mesmo tratamento seja dado para Star Wars Jedi Knight: Dark Forces II, de modo que possamos ver a continuação remasterizada das aventuras de Kyle Katarn.
Star Wars Dark Forces Remaster conta com versões para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series X|S.
*Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pelo Nightdive Studios
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