Lançado originalmente em 2009 exclusivamente para o Nintendo Wii (e apenas no Japão), Tales of Graces é mais um título da icônica franquia de JRPG da Bandai Namco, conhecida por suas histórias envolventes, sistemas de combate dinâmicos e personagens cativantes.
Em 2010, uma versão melhorada e definitiva chamada 'Tales of Graces f' foi lançada para o PlayStation 3, que incluiu melhorias gráficas, novos conteúdos e um epílogo adicional chamado "Lineage & Legacies". Ambas as versões foram bem recebidas pelos fãs, sendo que somente em 2012 a versão de PS3 ganhou uma localização em inglês, expandindo o seu alcance.
Agora, uma nova geração de jogadores em todas as plataformas atuais poderá conhecer melhor esse game, que ficou restrito em dois consoles e que não se tornou tão popular no ocidente quanto poderia ter sido. Confira conosco o que achamos de 'Tales of Graces f Remastered'.
Um conto cativante
O jogo se passa em um mundo de fantasia medieval e acompanha o personagem principal Asbel Lhant, um jovem que deseja se tornar mais forte para proteger as pessoas importantes para ele, como a sua melhor amiga Cheria e seu irmão Hubert. A vida dos três toma novos rumos quando eles encontram, ainda na infância, uma garota misteriosa que sofre de amnésia, a quem passam a chamar de Sophie.
Após alguns acontecimentos traumáticos, a história avança alguns anos para o futuro e passamos a acompanhar a vida adulta dos personagens, em um mundo que passa por conflitos políticos e disputas entre os diferentes reinos, abordando temas como a amizade, crescimento pessoal e responsabilidade.
A narrativa, apesar de previsível em alguns momentos (especialmente para jogadores experientes em JRPG), é bem trabalhada, com destaque no desenvolvimento e na relação dos personagens principais. Além desse quarteto principal, o elenco vai incluir outros personagens diversos e interessantes, com cada um tendo sua própria personalidade e motivações.
Apesar de alguns momentos mais dramáticos, a história e diálogos são transmitidos de maneira leves e engraçadas, muitas vezes apresentadas em formas de skits (pequenas cenas de interação), que ajudam a criar uma conexão emocional com os personagens.
Infelizmente, faltou um desenvolvimento melhor para o vilão principal da trama, que não possui o mesmo carisma e apelo motivacional de outros personagens, faltando uma profundidade mais épica para o confronto final.
Parece um anime
Tales of Graces f Remastered conta com um estilo artístico vibrante em estilo anime, típico da série Tales of, com cenários coloridos e bem detalhados. O design dos personagens e suas animações estão bem reproduzidas e bonitas na tela, mesmo o jogo original sendo de 2010.
Obviamente que alguns cenários e texturas, principalmente as masmorras, podem parecer datados quando comparados a outros RPGs atuais, ou até mesmo com outros títulos lançados na mesma época para o PS3, como Final Fantasy XIII e Ni no Kuni. Além disso, o design de algumas áreas são bem genéricas e lineares.
O mais bacana é que a apresentação do jogo, junto com a narrativa, passa a sensação de estarmos acompanhando a um anime de aventura e fantasia - em alguns momentos, inclusive, há cenas curtas animadas para ajudar a contar a história.
Combates dinâmicos
Apesar de gerenciar uma equipe com até quatro personagens, o jogador controla apenas Asbel durante os combates, com os outros personagens sendo controlados pela IA. As batalhas são acionadas ao entrar em contato com os inimigos que andam pelo mapa e masmorras, sendo possível desviar deles e assim continuar avançando sem as batalhas (mas sacrificando os valiosos pontos de experiência e aumento de nível dos heróis).
Quanto mais personagens no grupo, mais caóticas são as batalhas, que se apresentam bem dinâmicas e fluídas, com foco em combos rápidos e habilidades especiais chamadas Artes, permitindo que os personagens alternem entre dois estilos de combate em tempo real.
Há também o Chain Capacity (CC), que apresenta o número de habilidades e ações que um personagem pode executar, com o uso reduzindo-o, e ele recarregando ao longo do tempo. No início, esse sistema pode parecer meio complexo e confuso, mas com o tempo logo já dá pra pegar o jeitão de como funciona.
A trilha sonora é composta por Motoi Sakuraba, um velho conhecido dos fãs por seu trabalho em outros jogos da série e no gênero de RPGs, trazendo alguns temas memoráveis. Porém, embora seja sólida, a trilha sonora não se destaca tanto em relação a outros jogos da série Tales of, como Tales of Symphonia ou Tales of Vesperia.
Todos os personagens contam com boas dublagens em inglês ou em japonês, que ajudam a reforçar o impacto emocional dos momentos mais importantes no desenrolar da história. Infelizmente não há nenhuma localização para o português, com todos os diálogos, menus e legendas disponíveis apenas em inglês, um ponto que pode afastar jogadores que não dominem bem o idioma.
Por fim, vale destacar que o jogo conta com uma grande quantidade de conteúdo que pode ser explorado, incluindo um epílogo que adiciona mais umas 10 horas de jogo no tempo total.
Considerações
Tales of Graces f Remastered é um jogo recomendado especialmente para os fãs de JRPG e da franquia Tales of, que têm agora a oportunidade de jogar um título que ficou restrito a um console no ocidente em seu lançamento original, e receber uma experiência nostálgica.
Embora tenha alguns problemas, como a falta de localização para o português, o game compensa com um sistema de combate dinâmico, personagens e enredo envolventes, e um charmoso visual de anime, pontos que fazem dele uma excelente escolha para quem gosta do gênero.
Tales of Graces f Remastered será lançado em 17 de janeiro para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Bandai Namco.