A série de RPG de ação e fantasia Mana, conhecida no Japão como Seiken Densetsu, foi criada na década de 1990 como uma história paralela de Final Fantasy, mas que acabou ganhando identidade própria e cresceu para se tornar sua própria série e ter suas próprias caracteristicas.
Visions of Mana é o primeiro jogo da série principal desde Dawn of Mana, de 2006, e do bem recebido remake do terceiro game da série, Trials of Mana, lançado em 2020. Para garantir que o novo projeto mantenha o espírito clássico da franquia, Visions conta em sua equipe de desenvolvimento com vários veteranos, incluindo o produtor Masaru Oyamada, o artista Haccan, os compositores Hiroki Kikuta, Tsuyoshi Sekito e Ryo Yamazaki, e o criador da série Koichi Ishii.
Mas será que quase depois de duas décadas, Visions of Mana ainda vai agradar aos fãs da franquia? Confira aqui com Game On o que nós achamos do jogo.
A Árvore de Mana
O game é ambientado em um mundo de fantasia medieval que é sustentado pela Árvore de Mana, uma árvore mágica cujas energias mantém esse mundo em equilíbrio. A cada quatro anos, um ser mítico chamado de Faerie, viaja para vilas espalhadas neste mundo para escolher um habitante como um "Alm", que deve fazer uma peregrinação para rejuvenescer a Árvore de Mana, sob a tutela de um guardião conhecido como Soul Guard.
Os personagens principais dessa nova peregrinação são Val, um jovem guerreiro da Vila do Fogo de Tianeea, que se torna o guardião de Hinna, uma amiga de infância escolhida para fazer a peregrinação à Árvore de Mana.
Durante a sua jornada para a Árvore de Mana, a dupla vai conhecer outros "Alm" que irão acompanhá-los, como Morley, um homem-gato que busca superar um evento traumático de seu passado; Careena, uma garota meio-dragão apelidada de "O Oráculo de Uma Asa"; Palamena, rainha de Illystana, Capital das Profundezas; e o jovem Julei, último integrante que aparece mais para o final do jogo.
Jogabilidade dinâmica
São entre esses seis personagens que o jogador poderá escolher para formar um grupo de três que serão jogáveis, enquanto explora as grandes áreas abertas e os utiliza em batalhas em tempo real bem dinâmicas, com um sistema que lembra o utilizado em Final Fantasy VII Remake e Rebirth.
O jogador pode assumir o controle de qualquer membro do grupo de três pessoas, com um simples apertar de botão, enquanto os outros dois atacam e se defendem automaticamente. Cada um dos seis personagens têm suas próprias habilidades mágicas e armas exclusivas, que podem variar de acordo com as várias classes disponíveis, que podem ser desbloqueadas adquirindo os artefatos místicos chamados Spirit Vessels, e que podem ser trocadas livremente a qualquer momento no jogo.
Essa versatilidade de troca de personagens em combate e da escolha de classes para eles, resultam em mecânicas diferentes e interessantes em batalhas bastante satisfatórias, especialmente contra chefões de grande porte ou em inimigos que atacam em bandos.
Identidade própria
Como dito anteriormente, a série Mana começou como um derivado de Final Fantasy, mas rapidamente desenvolveu a sua própria identidade. Visions of Mana apresenta gráficos e visuais exuberantes, que vão desde a apresentação dos diferentes biomas desse mundo fantástico, até aos designs artísticos dos personagens em estilo anime, tudo muito colorido, animado e rico em detalhes.
Apesar de não ser um RPG de mundo aberto, Visions conta com cenários de grandes proporções que vão recompensar os jogadores exploradores com itens e outros tesouros escondidos. Além disso, somente pelos belíssimos designs dos ambientes incrivelmente detalhados e cheios de vida, vale a pena gastar alguns minutos para explorar esse mundo virtual e se deleitar com as paisagens fenomenais.
Há uma boa variedade de inimigos e todos os monstros possuem designs criativos e que aparecem bem na tela. Destaque para os chefões, que não são muitos, mas geralmente são bem grandes e oferecem uma boa dose de desafio e estratégia para serem derrotados, exigindo do jogador uma boa sintonia com os personagens.
Complementando a identidade do jogo em geral, a trilha sonora também desempenha um papel fundamental na experiência, oferecendo temas musicais orquestrados muito bonitos e que se encaixam perfeitamente com as cenas rolando na tela, seja na exploração, combates, visita a uma vila ou ainda momentos mais tensos e dramáticos.
O game conta com dublagens em japonês e inglês, ambas muitos boas e que dão ainda mais personalidade aos seus respectivos personagens - porém, em alguns momentos, as bocas dos personagens se movimentam de maneira estranha na hora de falar. Infelizmente, para os jogadores brasileiros, não há nenhuma localização para o português, o que inclui legendas dos diálogos, menus e qualquer tipo de texto encontrado no jogo.
Ou seja, se você tem dificuldades para entender inglês, ficará bem complicado para acompanhar a história que possui muitos textos e diálogos, ou até mesmo de manusear os menus de itens, equipamentos, magias e diários, que possuem muitas informações.
Considerações
Visions of Mana é um retorno memorável dessa franquia clássica da Square Enix, que não só moderniza a série, mas como também traz vários elementos clássicos que certamente vão agradar em cheio os fãs veteranos, especialmente quem lembra com carinho de Secret of Mana do Super Nintendo.
O jogo é um JRPG mais tradicional e conta com um estilo mais leve, colorido e descontraído, perfeito para quem quer dar uma pausa de aventuras mais pesadas como Elden Ring ou do mais recente Black Myth: Wukong. Com belíssimos visuais vibrantes e chamativos, e uma jogabilidade dinâmica e divertida, o game é uma excelente opção para quem busca viajar para um mundo de fantasia fascinante - só não esqueça o dicionário, já que a aventura infelizmente não possui localização para o português.
Visions of Mana chega em 29 de agosto para PC, PlayStation 4, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
Esta análise foi feita no PlayStation 5 com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Square Enix.
