Recém-lançado para PC e consoles, Diablo II Resurrected faz um trabalho admirável para recriar o clássico RPG de ação de 20 anos atrás nas plataformas atuais. O jogo é tão envolvente e desafiador quanto o original, mas um olhar atento percebe vários aprimoramentos que vão além dos gráficos em até 4K e outros requintes visuais.
Para entender como foi recriar um jogo tão marcante sem perder a mão ao modernizá-lo, Game On conversou com o designer Robert Gallerani, da Vicarious Visions, e o diretor de arte Dustin King, da Blizzard Entertainment. Segundo os desenvolvedores, foi preciso desconstruir e entender o código do jogo para então fazer com que funcionasse em um novo motor gráfico e da forma que as pessoas jogam hoje.
"O jogo original é ótimo e queríamos preservar aquela experiência. Mas a forma que as pessoas jogam mudou nestes 20 anos, a forma que elas se conectam online mudou e como elas chamam os amigos para jogar", explica Gallerani.
Para o designer, foi muito importante manter o jogo original rodando sob o motor gráfico moderno. "Trabalhar em Diablo II Resurrected é uma experiência de humildade. Nós não somos os experts no jogo, há uma comunidade que está aí jogando e estudando esse jogo ao longo desses 20 anos, que são verdadeiros gurus em Diablo II e sabem tudo sobre ele, que notariam qualquer erro. Por isso construimos todo um novo motor gráfico para ele, mas na essência, Resurrected é o mesmo Diablo II rodando sob o capô".
O diretor de arte Dustin King explica que o processo de arqueologia do jogo original nunca parou. "Ainda estamos escavando e descobrindo coisas sobre o jogo. Como refizemos o jogo em 3D, isso adiciona muitos elementos que precisamos levar em conta, que não estavam lá antes. Nosso trabalho é recriar Diablo II como você se lembra - e isso inclui fazer com que sombras e luz funcionem e apresentem o jogo daquela forma".
Mais fácil de jogar não quer dizer um jogo mais fácil
Em termos de design, o mais complexo foi adaptar o game para os consoles. Diferente dos outros jogos da série, Diablo II nunca foi pensado para ser jogado com controles, somente com mouse e teclado.
"Foi um grande desafio. Os jogadores esperam um jogo moderno ao usar um controle e não dá para simplesmente trocar o mouse pelo joystick, não funciona. Nós tivemos que adaptar o movimento, a câmera, o input do comando de movimento", explica o designer do jogo.
Muitos jogadores nem imaginam, mas por baixo dos cenários tenebrosos do game, há um tabuleiro. "Diablo II é como um RPG de mesa das antigas, com as miniaturas sobre esse 'grid'", conta o designer.
"Ao usar a alavanca do joystick, você pode parar onde quiser e isso pode ser entre os quadrados do tabuleiro, o que era um problema! Pegar itens sem um cursor na tela foi outro desafio, não dava para remover isso e fazer com que você pegasse o item automaticamente, porque às vezes você tem muitos itens no chão e quer apenas um. Não removemos o tabuleiro, mas sim adicionamos novas camadas de granularização e fidelidade para que o jogador conseguisse 'clicar' no que quer".
Gallerani ressalta que os desenvolvedores de Resurrected não mudaram abordagem do jogo, mas tornaram mais fluída a forma como você entra no jogo e pequenas coisas como poder comparar itens ou transferir esses itens entre os seus personagens. "É mais fácil de jogar, mas não é um jogo mais fácil", deixam claro.
Ambos os desenvolvedores concordam que trabalhar em Diablo II Resurrected foi incrível, poder ver e desvendar o código e as artes originais do game, entender como o jogo foi feito - e até mesmo onde o time original experimentou e o que não deu certo - foi uma oportunidade única. "Foi como trabalhar em uma peça da História, ao menos da história dos games", diz Gallerani.
Diablo II Resurrected está disponível para PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S.