Um dos grandes nomes da literatura de fantasia contemporânea, Brandon Sanderson é um dos atrativos de Moonbreaker, jogo lançado pela Unknown Worlds no último mês de setembro. Isso porque o norte-americano possui uma fan base considerável e, se tornou um autor best seller com sagas, já clássicas, como Mistborn e Stormlight Archives.
Com isso em mente, o Game On teve a oportunidade de conversar em exclusividade com Sanderson sobre este projeto inédito em sua carreira. Além disso, o escritor também comentou sobre o que seus leitores podem esperar da sua "assinatura" no enredo e gameplay de Moonbreaker. Confira:
Recusa a outros projetos
Segundo Sanderson, o desejo de trabalhar em um jogo era antigo, mas isso não queria dizer que toparia a primeira coisa que aparecesse na sua frente. Então, as coisas começaram a se alinhar quando o autor desenvolveu uma ideia que não se encaixaria muito bem dentro do seu universo literário.
"Eu estava procurando por um jogo para trabalhar há anos. Eu disse não para um monte de projetos, mas eu fiquei aguardando pelo jogo certo. Ao mesmo tempo, eu tinha desenvolvido uma ideia que se destacou para mim, chamado Soulburner. Então eu tinha esse conceito bem legal, mas eu tinha um problema, porque eu escrevo todos os meus livros dentro desse universo chamado Cosmere. E esse projeto não se encaixava na Cosmere, a origem e a mitologia, não se encaixava. Então eu deixei um pouco de lado e não sabia o que fazer com aquilo", conta.
Com um conceito já em estado avançado de criação, Brandon Sanderson chegou a considerar vender sua ideia para a produção de um filme sobre a história. Entretanto, antes que isso acontecesse, a Unknown Worlds chegou com uma proposta para que Sanderson construísse a história e o mundo de um jogo que entraria em desenvolvimento.
"Eles chegaram para mim falando 'eu quero uma história de fantasia e ficção, eu quero que seja otimista, quero que seja uma alta aventura e focada nos personagens'. Então eu apresentei essa ideia (Soulburner) para o time e eles pularam nela, foi quando nossa parceria começou", revela Sanderson.
Dos livros para os games
Brandon é conhecido por seus fãs como um autor que dá muita atenção aos detalhes quando criando os mundos de seus livros. Não à toa, ele chegou a desenvolver suas próprias leis (Sanderson's Laws) para um bom worldbuilding e para o desenvolvimento de um sistema de magia que seja coerente com a história contada. Entretanto, ele conta como o processo de worldbuilding em um jogo é extremamente diferente para um livro.
"Meu objetivo era entregar a maioria de opções possíveis para os designers. Eu criei um mantra que, para os games, a história deve servir ao game. E isso é diferente de escrever um livro, onde a história é o principal. Em um videogame, gameplay é o principal e a história está lá para construir uma gameplay divertida. E isso é a grande diferença quando olhando para as Sanderson's Laws", analisa o autor.
Entretanto, ainda que o processo tenha sido diferente, quando questionado sobre o que seus fãs podem esperar de suas "assinaturas" nos games, a resposta de Brandon Sanderson foi rápida e, de certa forma, tranquilizante.
"Uma assinatura muioto clara minha nos livros e que está aqui é que nós começamos a história com o fim em mente. Nós estamos nadando tranquilamente em direção a algumas grandes e maravilhosas revelações do mundo, que irão acontecer periodicamente. E não vai ser algo do tipo de 'nossa, nós fizemos sucesso, o que fazer agora?', não, a gente sabe onde estamos indo e temos tudo isso em mãos já", aponta o autor.
Escritores nos games
No início do ano, Elden Ring foi lançado e um dos pontos amplamente divulgados sobre o jogo foi o fato de que George R. R. Martin tinha sido responsável pela lore daquele mundo. Agora, outro grande nome da fantasia também se envolveu com a criação e escrita de partes importantes de um jogo. Sobre isso, Sanderson revela que nem ele, nem Martin são pioneiros neste processo, uma vez que outros games já fizeram isso no passado. Entretanto, ele aponta algo que é seu desejo pessoal.
"Eu espero que Elden Ring faça mais comum que os desenvolvedores de jogo tenham um pouco mais de atenção em contratar autores. Porque, em alguns casos, desenvolvedores perguntam 'quem vai escrever a história para isso?', e então eles só colocam alguém ali. E normalmente você consegue perceber os jogos que tiveram esse processo", comenta.
O autor, que no momento é best-seller no Brasil com seu livro O Caminho dos Reis, finaliza falando sobre o potnecial de histórias nos videogames: "Eu acho que grandes histórias podem realçar bastante os jogos".
Moonbreaker está disponível para PC, via Steam.