A estrutura do racismo no Brasil permeia constantemente a cultura dos games e esports. Ao se analisar o cenário, com todas suas peculiaridades ligadas ao gênero - por historicamente ser um ambiente masculino - e acesso à tecnologia, é possível entender por que a diversidade racial ainda é escassa neste mercado.
"As pessoas têm que entender que é uma questão de estrutura. Não é só fazer por merecer para você estar em destaque. Seja como streamer, seja como jogador... Vivemos em um país que dificulta e que não deixa chegar pessoas pretas em locais de prestígio", afirmou o criador de conteúdo e consultor Luiz Gustavo Queiroga, em conversa com o GameON.
"Fica muito nítido para o público, quando vai assistir alguma transmissão, porque você vai ver o casting com a maioria é branca, o jogadores em sua maioria branca e por aí vai", acrescentou.
Neste sentido é necessário ressaltar a importância da existência e criação de políticas inclusivas no mercado de games.
Apesar de todos os movimentos e coletivos (caso do WakandaStreamers, por exemplo) que fazem trabalhos importantes de gerar representatividade, as mudanças só acontecem de forma rápida quando são definas pela parte mais alta da hierarquia. Ou seja, essas decisões e iniciativas devem partir das empresas.
"Se existe um horizonte [de mudança] ele está muito longe, totalmente nublado e trevoso. Infelizmente não é só nos esports, mas o cenário é um grande recorte. Nós estamos falando de uma política capitalista e as empresas lucram com o racismo. Nós, enquanto coletivos, pensadores, enquanto ativistas que também atuam nos esports, vamos tentando contornar isso", disse Luiz.
"É importante que as empresas invistam mais em consultoria, que tenham líderes pretos e estejam ali tomando decisões diárias, que não é só voltado para um mês de novembro [da Consciência Negra]. Não é para ser algo pontual, é para ser algo significativo", finalizou.