De Demon's Souls a Sekiro: os jogos que abriram caminho para Elden Ring

Conheça os jogos que consolidaram a fama do estúdio japonês FromSoftware, produtora do maior RPG do ano

10 fev 2022 - 14h08
(atualizado em 24/2/2022 às 09h22)
Elden Ring chega no final de fevereiro como jogo mais aguardado do ano
Elden Ring chega no final de fevereiro como jogo mais aguardado do ano
Foto: Bandai Namco Entertainment/Divulgação

Não é tarefa simples inovar no mundo dos videogames. Mas em 2009, a FromSoftware surpreendeu com Demon's Souls, um exclusivo de PlayStation 3 que teve um lançamento conturbado e desastroso, e que após quase ser enterrado no Japão, tornou-se inesperadamente um dos jogos mais influentes da última década.

Conheça Elden Ring, o jogo mais aguardado do ano
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O designer Hidetaka Miyazaki assumiu o desenvolvimento de Demon's Souls apenas em 2006, mas foi o grande responsável por salvar o jogo do fracasso. Ali, ele percebeu o potencial de um novo subgênero do RPG antes de mais nada reconhecido pela dificuldade extrema: nascia o "souslike". Nascia a "saga Soulsborne", que desde então, vem conquistando uma legião de fãs.

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Mas afinal, o qu tão amada - ou odiada - pelos jogadores? Quais nuances tornaram cada jogo único e abriram caminho para fazer de Elden Ring o jogo mais aguardado de 2022?

Demon's Souls

 

Antes de se tornar muito conhecida por Dark Souls, a FromSoftware era a desenvolvedora por trás de jogos como Armored Core e King's Field. Inicialmente, Demon's Souls seria uma continuação deste último, e não é difícil notar as semelhanças: atmosfera sombria, desafios incessantes e sistema de combate punitivo.

Ainda em produção, Demon's Souls era considerado um fracasso antes da chegada do então desconhecido Miyazaki. Porém, a proposta de um RPG de ação e fantasia com estilo medieval chamou a atenção do desenvolvedor, e o fato de estar predestinado ao fracasso acabou sendo visto como uma oportunidade e deu liberdade para implementar mecânicas que dificilmente seriam aceitas, seja por serem pouco convencionais ou nada comerciais - os executivos apenas davam de ombros.

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"O melhor de tudo: se minhas ideias falhassem, ninguém se importaria - já era um fracasso”, recordou o designer em entrevista ao The Guardian. 

O criador de Elden Ring mudou tudo. Embora a Sony quisesse concorrer diretamente com The Elder Scrolls IV: Oblivion, Miyazaki decidiu se afastar ao máximo do épico da Bethesda e começou a dar seus toques pessoais ao jogo. Uma das coisas mais amadas pelos fãs da produtora é seu estilo narrativo, constantemente atribuído às suas experiências pessoais, principalmente àquelas vividas em sua infância. Um exemplo disso é a necessidade de se recorrer à imaginação para preencher as lacunas da história do jogo, algo que se tornou característico ao longo de toda a saga e vem do fato de que, ao ler alguns livros e mangás em inglês, língua com a qual não tinha muita familiaridade, Miyazaki precisava usar sua imaginação para dar continuidade e praticamente criar suas próprias histórias.

Demon's Souls não foi um sucesso, muito pelo contrário. Descrito pelo então presidente da Sony como “um jogo incrivelmente ruim”, seu lançamento foi um fracasso total e sequer haviam planos de lançá-lo no ocidente. Mas aqueles que ainda assim deram uma chance ao jogo, foram recompensados, e as críticas positivas e o boca a boca entre os jogadores somadas à acessibilidade do PlayStation 3 plantaram as sementes da comunidade fiel que aguarda cada novo lançamento da FromSoftware.

A trilogia Dark Souls

Lançado em 2011, o sucessor espiritual de Demon's Souls trouxe de volta as mecânicas daquele jogo de uma forma aprimorada. A FromSoftware queria fazer uma continuação direta do RPG, mas acabou impedida pela Sony, detentora dos direitos autorais.

O resultado foi um jogo que mantém a mesma estrutura narrativa e de jogabilidade, mas que apresenta mudanças o suficiente para ser chamado de original: mapa conectado, o sistema de humanidade e um universo inédito são apenas algumas delas. Miyazaki se inspirou no mangá clássico Berserk e em elementos da mitologia grega, além de trazer nuances existencialistas e tantos outros detalhes que não raramente passam despercebidos.

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A dificuldade punitiva do jogo se tornou sua maior característica e aquela que primeiro vem à mente quando pensamos nos últimos jogos da FromSoftware - mas a satisfação de se derrotar um chefe após horas aprendendo todos os seus movimentos ainda não tem preço.

Dark Souls II foi lançado três anos depois, mas não foi dirigido diretamente por Miyazaki, que já estava envolvido com Bloodborne. Embora tenha adotado um enredo independente do seu antecessor, o jogo manteve sua fórmula original e já bem-sucedida. Porém, era ainda mais difícil.

Dark Souls II, o mais difícil da franquia
Foto: Bandai Namco Entertainment/Divulgação

Mesmo elogiado, Dark Souls II recebeu críticas dos jogadores, que achavam o nível de dificuldade excessivo até mesmo para os padrões estabelecidos pela série. O problema é que essa dificuldade exagerada não parecia ter um fundamento, e serviu apenas para torná-lo entediante em vários momentos. 

Por fim, lançado em 2016, o terceiro, e até então último, Dark Souls é considerado um dos jogos mais essenciais de sua geração e sintetiza tudo o que a FromSoftware aprendera. Suas mecânicas de combate estão aprimoradas, a movimentação mais fluida, seus mapas mais detalhados -  embora mais lineares, algo que foi alvo de críticas - e o nível de dificuldade, reajustado, permitiu que novos jogadores se aventurassem por uma saga antes imperdoável.

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Além disso, Dark Souls III introduz alguns elementos de terror - provavelmente herdados de Bloodborne -, com monstros que parecem de certa forma mais atormentados. Para finalizar a jornada pelo Reino de Lothric, duas expansões memoráveis, principalmente The Ringed City - a batalha contra Slave Knight Gael é uma das boss fights mais primorosas já vistas.

Bloodborne

A obra-prima de Miyazaki e também seu "filho favorito". Lançado em 2015, o exclusivo de PlayStation 4 é o primeiro da saga a deixar o estilo medieval de lado, entrando em um cenário opressivo de terror gótico dominado por um estilo vitoriano e com inúmeras referências à H.P. Lovecraft.

Visceral, Bloodborne aposta alto na agressividade: não há escudos no jogo - eles são substituídos por uma arma de fogo -, e jogar de forma passiva não é a melhor das ideias. Essa decisão vai muito além de uma escolha de design e se conecta perfeitamente à proposta do jogo de que é preciso “encarar seus medos”.

Se distanciar de Dark Souls ajudou Bloodborne a criar sua própria identidade, mesmo mantendo as principais características da saga. Seu fator replay e elementos multijogador deram vida longa ao Caçador, e não é difícil encontrar transmissões do jogo ainda hoje. Bloodborne pode ser considerado o ápice da FromSoftware e, não à toa, é aclamado pela crítica e considerado um dos melhores jogos de PS4. 

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Sekiro: Shadows Die Twice 

Lançado em 2019 e vencedor do prêmio de melhor jogo do ano pelo The Game Awards, Sekiro não faz parte oficialmente da "saga souls", mas carrega todo o DNA - ou linhagem - do gênero, mesmo sendo aquele que mais fugiu da fórmula pré-estabelecida.

O elemento online e a criação de personagem não estão mais presentes e, além disso, Sekiro se torna mais acolhedor para aqueles que preferem narrativas fechadas, abandonando o "jeito Miyazaki" de contar histórias. Mas as maiores diferenças em relação à Demon's e Dark Souls estão no sistema de combate  e na verticalidade. 

Igualmente brutal e considerado o jogo mais difícil já lançado pela FromSoftware, Sekiro traz uma ação mais intensa, enquanto recompensa a paciência do jogador ao implementar um sistema de parrying (literalmente aparar ataques) que é altamente recomendado para sobreviver.

Muitos preferem o jogo aos outros da desenvolvedora, mas isso é uma escolha puramente pessoal. As críticas, inclusive, em sua maioria se limitam a apontar as diferenças entre os jogos que consolidaram o gênero e aquele que mais ousou olhar por um novo ângulo.

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Foto: Critical Hits

O próximo game de Miyazaki, Elden Ring, promete expandir a fórmula da "saga souls" para um grande mundo aberto e tem a participação do escritor George R.R. Martin na construção de seu mundo e mitologia.

Elden Ring chega em 25 de fevereiro para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S.

Fonte: Game On
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