Se hoje os Roleplaying Games, ou RPGs, estão por toda parte nos videogames, de consoles, portáteis e e até telefones celulares, muito se deve ao sucesso de um jogo em particular, lançado 35 anos atrás: Dragon Quest.
Publicada originalmente para o Nintendo Famicom em 1986, a aventura de fantasia medieval rapidamente se transformou em um fenômeno e mudou para sempre a indústria japonesa de videogames. Sua influência se faz sentir ainda hoje na forma de uma miríade de produtos derivados dos mais diversos.
Desenvolver um RPG para console naquela época não era uma ideia óbvia, pois o universo dos RPGs era restrito a jogos de tabuleiro e games para computadores acessíveis apenas para um nicho de mercado bastante segmentado, formado por consumidores especializados, geralmente adultos.
Foi aí que surgiu Yuji Horii, um jovem programador e devorador de animes e mangás. Fã de RPGs de PC como Wizardry, Horii entrou para a Enix (hoje Square-Enix) após vencer um concurso de programação, e então teve a ideia de desenvolver um game mais acessível que os complicados e exigentes jogos do gênero disponíveis na época.
A Enix firmou uma parceria com a Shonen Jump, a maior e mais popular editora de mangás do Japão, trazendo então Akira Toriyama (já conhecido por Dr. Slump e Dragon Ball) para desenhar os personagens de Dragon Quest. Foi o começo de uma lenda.
Impacto de Dragon Quest
O lançamento de Dragon Quest no Japão foi um sucesso: o jogo teve mais de 1,5 milhão de cópias vendidas. Os jogos seguintes repetiram o sucesso e provocaram longas filas nas lojas.
Reza a lenda que muita gente faltou ao trabalhou e a escola para garantir sua cópia do jogo, o que teria forçado o governo japonês a decretar uma lei que proibia o lançamento de jogos da franquia em dias de semana - desde então, os games (todos, não só Dragon Quest) são lançados às sextas-feiras no Japão.
Mais importante, o jogo estabeleceu muitas mecânicas que se tornariam padrão e referência para todos os desenvolvedores de games no Japão durante décadas, desde a popularização do gênero RPG até suas mecânicas de combate por turno e o estilo visual dos personagens, influenciando toda uma geração de designers e artistas.
Entre Dragon Warrior e Dragon Quest IX
Fenômeno indiscutível no Japão, a série tem uma história acidentada no ocidente. Rebatizada como Dragon Warrior quando de seu lançamento para o NES, em 1989, o jogo fez sucesso graças a uma promoção da Nintendo Power, revista oficial da Nintendo (que foi publicada até 2012), que incluía o jogo à uma assinatura da publicação. Dragon Warrior II, Dragon Warrior III e Dragon Warrior IV também receberam lançamentos americanos. Porém, os dois jogoss seguintes, Dragon Quest V e Dragon Quest VI, lançados para Super Famicom não saíram do Japão, ao passo que Dragon Quest VII, único jogo da série principal a ser lançado para o primeiro PlayStation, chegou ao ocidente com distribuição restrita.
O retorno ocidental triunfal veio com Dragon Quest VIII The Journey of the Cursed King, lançado em 2005 para o PlayStation 2. Além de ter sido o primeiro game da série feito inteiramente em 3D, Dragon Quest VIII é marcante também foi o primeiro a ser lançado oficialmente no continente europeu.
O game seguinte, Dragon Quest IX, foi exclusivo para o portátil Nintendo DS e tinha como diferencial partidas cooperativas em multiplayer local entre dois jogadores (cada um no seu DS, é claro). Os portáteis da Nintendo ainda receberiam o remaster de Dragon Quest VIII.
A série ainda explorou outras variações, como o RPG online, com Dragon Quest X Online, que não chegou ao ocidente, mas é bastante popular no arquipélago japonês.
Futuro da série
Hoje, 35 anos depois, Dragon Quest permanece como uma das maiores forças comerciais e culturais do Japão, com o anúncio de Dragon Quest XII sendo um dos lançamentos mais aguardados pelos jogadores nipônicos.
A série se estendeu além dos games, com o popular anime Dragon Quest: As Aventuras de Dai e um filme de animação em computação gráfica.
As Aventuras de Dai recebeu um remake no final de 2020 - e que vai virar jogo, completando o ciclo e mostrando que a receita de Dragon Quest continua atraindo novos fãs, mesmo trinta e cinco anos depois.