Ao encerrar a 19ª edição da E3, a maior feira de entretenimento eletrônico do mundo, tanto Microsoft exaltava seu Xbox One, quanto a Sony cobria de louros e glórias de seu PS4. Ambos os consoles serão lançados quase que simultaneamente, no final de 2013, mirando o Natal. Mas esse é apenas o resultado imediato da feira que aconteceu entre os dias 11 e 13 de junho no Convention Center de Los Angeles. Nas entrelinhas da feira há um conceito que parece dominante. E que, justiça seja feita, foi implantado primeiro pela Nintendo: a ideia do second screen (ou segunda tela, em bom português) chegou ao mundo dos videogames.
O Wii U apresentado pela Nintendo em 2011 passou longe de ser um sucesso de vendas. O console é o próprio controle, com uma tela de LCD que interage com o game que é executado na TV. Além disso o jogo pode também ser rodado utilizando apenas a tela embutida. Ou seja, o console virou um portátil. De cara a ideia não foi um grande sucesso. Mas tanto Microsoft quanto Sony abraçaram o conceito e prometeram recursos semelhantes em seus lançamentos.
No caso da empresa de Bill Gates, o recurso se desenvolve com a integração ao SmartGlass, o sistema que une TV, console, smartphones e tablets da Microsoft. Diversos games, como Deadrising 3, que será lançado junto com a chegada do Xbox One, terão recursos para o gadget. O jogador pode, por exemplo, consultar mapas das cidades de Los Perdidos, onde se passa a história do game, sem ter que pausar o progresso.
A Sony quer o mesmo com seu PS Vita, o portátil lançado no fim de 2011. Mark Stanley, gerente da divisão de jogos eletrônicos da Sony para a América Latina, frisou em entrevista exclusiva ao Terra durante a E3 que a integração entre PS Vita e PS4 será quase total. O portátil poderá funcionar como um acessório para o desenrolar da história. Além disso, o PS Vita poderá rodar jogos a partir do console. Ou seja, se o gamer não puder utilizar a TV conseguirá jogar no próprio Vita.
E se esse conceito de fato vingar pode ser o respiro que a Nintendo, idealizadora do formato, precisa para impulsionar, ainda que tardiamente, as vendas de seu Wii U.
Pisando fundo
A tarefa dos desenvolvedores não foi fácil nesta edição da E3. Eles precisaram apresentar jogos que chamassem a atenção competindo com displays de exposição dos novos consoles. Mas um segmento trabalhou bastante neste ano: o dos simuladores de corridas. Foram pelo menos quatro grandes lançamentos apresentados, sendo um deles, inclusive, o vencedor do título de Game da E3, segundo o conceituado site Gamespot: Forza Motorsport 5.
Forza é desenvolvido pela própria Microsoft e será lançado junto com o Xbox One. O simulador apresentou gráficos impressionantes e uma jogabilidade que se adequa muito bem ao perfil do gamer, seja ele muito experiente nesse tipo de jogo ou apenas um iniciante. Além disso o jogo promete um modo inteligente de recriar o modo de dirigir de outros jogadores. Por exemplo, se uma pessoa costuma jogar sempre com os mesmos amigos, mesmo quando ela estiver jogando sozinha, os outros pilotos, gerados por inteligência artificial, vão reproduzir a forma de dirigir de outros jogadores.
A Sony também apresentou dois jogos exclusivos, mas nenhum deles tão bom quanto Forza. Gran Turismo 6 será lançado para PS4 e, ainda que preserve boa parte das características de seu antecessor, o game parece mais uma versão vitaminada de GT5 do que de fato um jogo de nova geração. Além dele, o apenas regular Driveclub também esteve disponível para testes na E3.
A Electronic Arts apresentou uma nova versão de seu Need For Speed. NFS Rivals lembra bastante a forma de jogar de NFS Hot Pursuit e ganhou muitos elogios na feira. Já a Ubisoft apresentou o fraco The Crew que, apesar de gráficos impressionantes, tem um jogabilidade truncada e pouco divertida.
Call Of Duty x Battlefield
A Electronic Arts apostou forte também no lançamento de seu novo game de tiro em primeira pessoa. Battlefield 4 estava instalado em 64 computadores em rede no estande da desenvolvedora e a versão multiplayer foi uma das atrações mais concorridas da feira. Nas demonstrações do jogo em singleplayer, entretanto, a EA patinou. Uma tenda montada no estande da Microsoft apresentava conceitos do game mas exibiu pouco do que será o jogo de fato.
Já a Activision tomou a direção contrária. Apesar de também não permitir testes, exibiu o gameplay ao vivo de três fases de Call Of Duty: Ghosts. A atração na feira redimiu o mico ocorrido durante a convenção da Sony para a imprensa na segunda-feira (10) quando o jogo, rodando ao vivo em um PS4 travou.
Robô-gigante
A cerca de um mês do lançamento de Pacific Rim, que mostra como robôs-gigantes enfrentam monstros alienígenas que habitavam o interior da Terra, a Electronic Arts apresentou um dos grandes jogos da E3 2013. Titan Fall é um jogo de tiro em primeira pessoa com a possibilidade do jogador utilizar robôs gigantes para combater outras máquinas. A franquia da Sony Killzone já mostrou isso antes, mas o que impressiona em Titan Fall é que a utilização desse armamento será muito mais constante do que em uma fase ou duas.
Toy-games
A aposta da Disney nesta edição da E3 atende pelo nome de Infinity. O conceito é bastante simples na sua concepção: unir absolutamente todo o universo Disney em um jogo. No caso um toy-game. Disney Infinity não é apenas um jogo, mas também um brinquedo. Uma base é conectada ao console com um cabo USB, nela o jogador posiciona bonecos de personagens Disney e pode começar a jogar com o personagem escolhido. O progresso no jogo é salvo no boneco, por isso pela primeira vez uma empresa conseguiu colocar na mesa um produto totalmente integrado aos três principais consoles do mercado: PlayStation, Xbox e Wii U.
O lançamento pode não ser extremamente empolgante para os fãs de jogos mais adultos, entretanto abre um precedente interessante: Sony, Microsoft e Nintendo chegaram a um acordo sobre conteúdo cruzado para as três plataformas.
A Activision também fez algo parecido. Skylanders segue o mesmo conceito com bonecos colecionáveis mas tem um universo mais mutante e personagens também. Parte da brincadeira do game é literalmente misturar dois bonecos e assim mesclar seus poderes. Para isso, cada boneco pode ser separado na altura na cintura e ser preso a outra metade por pequenos ímãs. O lado negativo porém é que, como Skylanders não salva o progresso do jogo nos bonecos, não há integração entre plataformas.
Piratas na feira
Pirataria foi um tema recorrente na E3. Mas não abordou a venda ilegal de jogos falsificados ou coisa do gênero. Em 2013 a culpa pelo assunto ter virado pauta é toda da Ubisoft. A empresa se prepara para lançar no fim do ano o quarto capítulo da série Assassin’s Creed. Dessa vez o jogo se passa no mundo das grandes navegações e, claro, da pirataria. Gráficos impressionantes, cenas de muita ação e o toque cinematográfico que já virou marca registrada da franquia estarão novamente na série.
O game em modo singleplayer também foi apresentado somente como demonstração, mas mesmo assim já é possível notar que a Ubisoft acertou a mão em cheio. Para teste estava aberta apenas a versão multiplayer do game que novamente mostrou que não é o forte da liga de assassinos da trama.
Pisando na bola
A disputa entre Fifa 2014 e o novo Pro Evolution Soccer já tem vencedor. O jogo da EA supera e muito o concorrente desenvolvido pela Konami. Apesar de anunciar um novo motor gráfico para rodar o jogo, PES 2014 ficou com a jogabilidade mais truncada e tentou compensar com elementos como expressão facial dos jogadores e um conceito de moral. Se o atleta vai bem na partida, ele tende a jogar cada vez melhor. Por outro lado, se ele errar muitos lances, vai perder a confiança e estar cada vez mais sujeitos a novos erros.
Público
Fechado para profissionais da indústria, analistas, jornalistas e varejistas, a E3 2013 quebrou seu recorde público: 48,2 mil pessoas passaram no Convetion Center de Los Angeles nos três dias de feira. No próximano ano, o local será palco novamente da maior feira de games do mundo, que tem contrato com a cidade até 2015.