A Sakuras Esports nasceu de forma despretensiosa em 2018, com um grupo de amigas no WhatsApp que queriam poder jogar e ser geeks sem críticas. Mas não foi por acaso que se tornou a maior organização feminina de esports da América Latina. Com o foco em tornar a presença de mulheres normatizada no cenário, o que era apenas um espaço para diversão, virou uma grande estrutura, com diversos departamentos.
"Começou com um grupo de várias mulheres se encontrando, vendo um ambiente seguro para que elas pudessem jogar, falar sobre jogo, serem 'geeks' e onde ninguém iria julgá-las", contou Lara Somer, diretora de operações da Sakuras ao GameON Talks.
"Eu digo isso, porque sei como é. Vai fazer dez anos que eu jogo LoL, mas eu nunca me senti no meio. Eu me sentia uma estranha. Eu jogava com amigos na lan house e eles me viam como se eu fosse um bichinho de zoológico, sabe?", acrescentou.
O sentimento de Somer não é incomum para a maioria das mulheres que decidem se "arriscar" em jogos online ou no cenário gamer. Seja no papel de jogadoras casuais, de streamers ou de pro players, muitas delas acabam se deparando com situações de preconceito, agressão verbal ou assédio.
Ao analisar as principais barreiras, o projeto Sakuras viu que, além de promover campeonatos e espaços seguros para as mulheres nos esports, havia uma carência de produção de conteúdo para elas - principalmente educativo. E foi assim que a expansão começou.
Entre workshops e cursos específicos para o público feminino, a Sakuras canalizou boa parte de seus esforços para profissionalizar streamers, narradoras, players e etc. E os números falam por si: são 250 streamers no projeto Aurora e 400 alunas no Academy.
"Temos mais de 70 oficinas para ensinar desde a parte de staff, manager, até quem quer ser pro player. Tem curso de RH, audiovisual... Enfim, a gente está ensinando de tudo", afirmou Somer.
Todo o trabalho realizado é gratuito e feito de forma voluntária pelas responsáveis. O time já conta com 100 profissionais e uma rede de parceiros (homens) que dão apoio e também ministram aulas.
"Quando você trabalha voluntariamente num local, com pessoas que você gosta, com um objetivo que você ama... E você vai percebendo que as pessoas começam a dar reconhecimento, não para você, mas para as mulheres, que isso está levantando as mulheres e fazendo com que elas se sintam bem naquele espaço, é muito gratificante", afirmou a Nath de Morais, diretora de gestão de parcerias e representatividade.