Desde o começo de julho, quando o jogo de realidade aumentada Pokémon Go foi lançado primeiramente em Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, os brasileiros fãs dos monstrinhos - populares nos anos 90 - vivem dias de expectativa.
A Nintendo ainda não tem uma previsão oficial de lançamento no Brasil, e os muitos rumores sobre a eventual data são monitorados de perto por quem espera - e se prepara - para jogar em território nacional.
"Na semana passada, quando começaram a falar nos sites especializados que seria lançado logo, que poderia ser nas próximas horas, passei três noites sem dormir. Fiquei vendo os vídeos ao vivo de youtubers que monitoram a chegada do aplicativo, olhava nas redes sociais oficiais para saber se havia alguma previsão, fiquei muito ansioso", diz o paulista Renato Ruy, de 25 anos, que já criou até um grupo no WhatsApp para conversar e trocar ideias sobre o jogo.
O grupo, que homenageia um dos times presentes no jogo, o Instinto (os outros dois são Místico e Valor), foi criado na última quarta-feira, e em apenas um dia já tinha mais de cem integrantes, de várias partes do Brasil.
"Os grupos ajudam bastante, porque além de monitorar a chegada do aplicativo aqui no Brasil dá para trocar experiências, ajudar na preparação para desfrutar o máximo do jogo assim que for lançado", diz Daniel Tardoqui, de 19 anos.
Ele também perdeu o sono esperando pelo aplicativo e já se prepara, com a ajuda dos grupos, para a chegada.
"Quandose divulgou que (o lançamento) seria numa quinta-feira, eu acordei às 4h da manhã para ver se o jogo tinha sido lançado e meu cotidiano desde então virou: acordar de madrugada, olhar o celular e verificar se foi ou não lançado", conta.
O Pokémon Go é um jogo que, por intermédio do GPS, permite ao usuário jogar andando pelo mundo real e caçando pequenos monstros virtuais como o Pikachu e Jigglypuff - que aparecem na tela do smartphone - e treinando-os para lutar uns contra os outros. Na tela do aparelho você vê o mundo real, como na câmera do seu celular, mas habitado por personagens do Pokémon.
A bióloga Nívea Silveira não chegou a ficar sem dormir, mas com 31 anos e uma bebê de apenas oito meses, não sai da internet monitorando a chegada do jogo.
"Eu me cadastrei pra receber um e-mail assim que o jogo sair e acompanho páginas no Facebook. Mas confesso que fico procurando na app store pra ver se de repente já está disponível. Tenho certeza de que vou passear muito com ela (a filha) e com meu cachorro para jogar quando chegar por aqui", conta.
Ela e o marido também estão preparando excursões em família para jogar.
"Minha filha é só um bebê, mas já tentamos passar para ela algumas coisas de que gostamos, e Pokémon é uma delas. Ela adora a música de abertura", conta.
Nívea conta que os personagens passaram a fazer parte da vida dela na gravidez.
"Não é só modinha, estou ansiosa porque tenho uma história com esses bichinhos. Quando estava grávida, eu passava mal o tempo todo e não tinha ânimo para quase nada. Aí ficava em casa assistindo aos episódios pra me distrair e virei fã".
Preparação
Enquanto esperam a chegada do aplicativo, os fãs se preparam aprendendo técnicas, pegando dicas com jogadores estrangeiros. Isso porque aprender a jogar é considerado importante para capturar a maior quantidade de Pokémons possível - objetivo principal do jogo.
Os fãs brasileiros também se preparam para "turbinar" seus celulares, garantindo que tenham bateria e internet o suficiente para jogar.
"Estou ansioso e já por dentro do que vai ter no jogo: já tenho camiseta e um moletom do meu time escolhido, e para o celular eu comprei uma capinha protetora, fiz um plano de internet maior e pretendo comprar uma bateria externa para não ficar sem durante o jogo", conta Tardoqui.
Realidade x mundo virtual
A mistura de fantasia e realidade é um dos grandes trunfos do jogo, mas também o grande problema que os jogadores brasileiros acreditam que vão enfrentar quando o aplicativo finalmente chegar por aqui.
"A dificuldade de jogar no Brasil vai ser maior por causa da violência. Estou no Rio de Janeiro, e o roubo é frequente - ficar com celular no bolso já é ruim, imagina na mão como exige o jogo para as capturas. Mas não acho que a galera vai ficar intimidada, não. Espero que não haja Pokemóns em áreas de risco para a galera não entrar onde não deve", opina Evandro Oliveira Batista, universitário de 31 anos que gosta dos personagens desde os 15.
"Além disso, tem o dinheiro: como aqui não temos (um grande número de pontos de) wi-fi nas ruas, vamos gastar bastante em crédito para manter a internet e continuar jogando", agrega.
Como os Pokemóns poderão estar em qualquer lugar pelas ruas, outra preocupação é arrumar tempo para jogar durante o expediente.
"Vai ter que ser quando a gente tiver uma oportunidade qualquer: no ônibus, no trem, no carro, no metrô, sempre com o aplicativo aberto. Já imaginou, você no ônibus indo trabalhar e o celular toca e avisa: tem um Pokemón perto. Aí você desce, chega atrasado ao trabalho e diz pro chefe: estava tentando capturar um Pókemon na rua. É engraçado, mas não sei se eles vão entender", conta Evandro, que pensa em jogar nas horas vagas e durante os deslocamentos do dia a dia.
Até 15 de julho, o Pokémon Go já havia sido instalado em 5,16% de todos os smartphones com sistema Android nos EUA, de acordo com o site SimilarWeb. É quase o dobro do Tinder - e espera-se que, em breve, o app supere o Twitter em usuários ativos.