Quando Ghost 'n Goblins chegou aos fliperamas em 1985, sua combinação de tiro e plataforma não era exatamente novidade, mas a criação de Tokuro Fujiwara se destacava da concorrência pela ambientação medieval, o desafio elevado e a forma como o protagonista Arthur perdia parte da armadura a cada novo impacto com os mortos-vivos. Não era todo dia que se via um nobre cavaleiro medieval pulando pelo cemitério vestindo apenas uma samba-canção.
Todos esses elementos estão presentes em Ghost n' Goblins Ressurrection, nova aventura de Arthur que a Capcom lançou primeiro no Nintendo Switch, alguns meses atrás, e que agora chega ao PC, PlayStation 4 e Xbox One.
Jogabilidade acertada
Desenvolvido com o mesmo motor gráfico de Resident Evil Village e Devil May Cry 5, Ressurrection mostra que a engine da Capcom é bastante versátil, capaz de entregar jogos de plataforma com progressão lateral tão bem quanto games de tiro em primeira pessoa. O jogo reproduz fielmente os elementos que fizeram Ghost n' Goblins e suas sequências clássicos 'cult', mas ao mesmo tempo, dá uma equilibrada nas coisas para atrair uma nova geração de jogadores que não teria paciência para as aventuras implacáveis do passado.
O grande segredo de Ghost n' Goblins sempre foi a movimentação de Arthur e Ressurrection acerta em cheio na recriação. Como um cavaleiro que precisa atravessar cemitérios, castelos e outros lugares assombrados para resgatar sua amada das garras do demônio se move de um jeito muito particular, seja nos saltos precisos ou nas corridas deliberadamente lentas, Arthur é um sujeito com um objetivo: seguir em frente e superar o próximo obstáculo, mesmo com o peso de sua armadura contendo seu avanço. É preciso planejar cada movimento no jogo e ao mesmo tempo, nunca ficar parado no lugar mais do que o estritamente necessário.
O visual do novo jogo parece saído diretamente de uma fábula em um livro infantil, com traços desenhados e tons coloridos, que combinam perfeitamente com a trilha sonora assombrada de Kento Hasegawa, Masato Kouda e Ryuta Hida. Mas não se deixe enganar: Ghost n' Goblins Ressurrection não é um jogo fácil, mesmo com todos os recursos modernos, como checkpoints, a opção de salvar o progresso e mesmo os vários níveis de dificuldade mais baixos disponíveis e que podem ser alternados a qualquer momento.
Mesmo nos níveis "Squire" ou "Page", a experiência central de plataforma e combate permanece a mesma. O que muda são os checkpoints mais generosos ao longo das fases e dicas durante as batalhas de chefes, se o jogo sentir que você precisa de uma mãozinha.
Para jogar várias vezes
O jogo é dividido em cinco fases, sendo que as duas primeiras tem rotas com estágios alternativos. É preciso jogar várias vezes para memorizar percursos e desafios, assim como padrões de ataque dos chefões. Mas completar a campanha e salvar a princesa é só o começo.
Cada uma das fases tem uma série de baús de tesouro secretos e as Umbral Bees, abelhas espirituais que uma vez capturadas, podem ser usadas para ensinar poderes mágicos para Arthur, como soltar raios, bolas de fogo ou se transformar em um rochedo e sair rolando por cima dos oponentes. Coletar todos os segredos vai consumir algum tempo dos jogadores complecionistas.
Ghost n' Goblins Ressurrection é uma divertida releitura de um clássico da Capcom, com facilidades o bastante para ser apreciada por uma nova geração de jogadores sem deixar de oferecer bons momentos para os veteranos.
A análise foi feita no Xbox Series X, com uma cópia gentilmente cedida pela Capcom.