Guilty Gear Strive simplifica mecânica e é excelente para novatos

Leia a análise do novo game de luta da franquia Guilty Gear

18 jun 2021 - 17h11
(atualizado em 24/6/2021 às 14h03)
Guilty Gear Strive
Guilty Gear Strive
Foto: Arc System Works / Divulgação

Desde sua estréia, em 1998 para o primeiro PlayStation, a série Guilty Gear foi sinônimo de jogo de luta técnico - e, por tabela, pouco amigável para os pouco versados no estilo. Em suma: não era bem o jogo indicado para quem estava dando seus primeiros passos no gênero.

Essa complexidade foi atenuada nos últimos lançamentos da série, como em Guilty Gear Xrd REV 2, de 2017. O processo de "simplificação", porém, chegou ao seu ápice em Guilty Gear Strive, lançado em 11 de junho para PC, PlayStation 4 e PlayStation 5. 

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Note as aspas no parágrafo acima: ainda que menos complexo do que seus antecessores, Strive passa longe de ser um game superficial. 

Em termos práticos, isso significa que ele é o melhor ponto possível para quem quer dar seus primeiros passos na franquia, mas alcança essa posição sem abrir mão de mecânicas mais complexas e profundas que, certamente, serão apreciadas por aqueles que desejam explorar suas nuances mais a fundo. 

Anime jogável

A Arc System Works, criadora do game, vem se destacando pelo primor técnico dos seus jogos - uma prova disso é Dragon Ball FighterZ, que consegue a façanha de ser praticamente um anime jogável em termos visuais. Com Guilty Gear Strive isso se mantém e, certamente, o gráfico do game é o primeiro ponto a chamar a atenção de qualquer jogador.

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Personagens grandes e bem animados, cenários detalhados e bastante povoados e jogos de câmera em momentos-chave como na hora de supergolpes, entre outras características, são elementos capazes de causar aquela sensação de "uau" em quem está jogando. Soma-se a isso uma trilha sonora que se baseia em rock pesado e temos uma atmosfera bastante propícia à pancadaria.

Guilty Gear Strive
Foto: Arc System Works / Divulgação

E, por falar nela, Strive é um game que vai direto ao ponto: além de modos de treino e de desafios, o jogo oferece batalhas online (falaremos disso daqui a pouco), offline (contra a máquina ou amigos) e só. 

Algo tradicional em muitos games de luta, a presença de modo história, no qual você vai jogando enquanto a trama do jogo se desenrola, simplesmente não existe em Guilty Gear Strive. Ele foi substituído por um anime com cerca de três horas de duração e sem nenhuma luta interativa no meio. 

Não é algo necessariamente ruim, ao meu ver, mas pode ser um ponto negativo considerável para quem curte esse tipo de experiência. 

Gostoso de jogar

A ação de Guilty Gear Strive ocorre com cinco botões de comando: soco, chute, "espadada", "espadada" forte e o botão "Dust", que funciona tanto quanto um golpe físico forte quanto para agarrões. Paralelamente a isso, há sistemas como o Burst, que pode ser usado para interromper combos adversários, e o Roman Cancel, que, entre outras coisas, pode interromper a ação do seu personagem e, com isso, abrir espaço para estender combos - ou, ainda, evitar punições. 

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Guilty Gear Strive
Foto: Arc System Works / Divulgação

Entender esses sistemas e a melhor forma de usá-los é o primeiro passo para quem quer se dar bem no jogo e, para isso, há uma série de tutoriais bastante explicativos. Isso, porém, é menos importante do que duas coisas: escolher bem o seu personagem e evitar ações desnecessárias.

Uma das marcas da série, os lutadores de Guilty Gear Strive são bem diferentes uns dos outros, sendo que alguns contam com sistemas próprios. Na própria tela de seleção há indicadores que são úteis para novatos, mostrando a facilidade de uso do personagem e também para qual estilo de luta ele é mais apropriado para o seu estilo de jogo. Há lutadores mais técnicos, outros que se dão melhor longe do adversário e também aqueles adequados para quem curte colar o inimigo no canto da tela e descer a porrada. 

Com o personagem escolhido e na luta, entra a parte das ações desnecessárias. Boa parcela do sistema de luta de Guilty Gear Strive está na punição aos erros dos adversários. Encaixar um contra-ataque, além de tirar uma boa dose de energia, deixa o inimigo atordoado e aberto a continuar apanhando. Não preciso nem dizer que atacar à esmo é pedir para passar vergonha, não é mesmo?

O segredo, portanto, é conhecer bem o personagem que você usa e, a partir daí, seguir o seu plano de luta, sem apertar botões aleatoriamente. Isso é algo bom para novatos: a importância de uma boa movimentação e golpes precisos acaba sendo maior do que a perícia em encaixar combos de múltiplos acertos - ainda que eles sejam bem letais no game. 

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Online é bom, já os lobbies…

O modo online acaba sendo a grande estrela do game e é onde a maioria dos jogadores irá gastar seu tempo. Em termos técnicos, Guilty Gear Strive brilha ao adotar o rollback netcode, um sistema que "prevê" as ações dos jogadores e, com isso, diminui consideravelmente a incidência de lags nas partidas.

Na prática, isso evita desde situações de lentidão até a necessidade do jogador mudar a velocidade com a qual faz comandos - o que, convenhamos, quebra bastante a experiência em games de luta. Salvo algumas situações incontornáveis, como jogar com alguém do outro lado do mundo, a sensação é se você tivesse enfrentando um adversário sentado no mesmo sofá.

Guilty Gear Strive
Foto: Arc System Works / Divulgação

O que incomoda um bocado é a estrutura de lobby, que parece aquela coisa de ideia boa na teoria, mas irritante na prática. Basicamente, sempre que se entra no online do game - o que demora, já que o jogo adora fazer uma série de autenticações com seus servidores -, você é jogado em um cenário 2D cheio de estações de luta. Uma vez nele, você pode procurar algum jogador que esteja esperando um adversário em uma dessas estações ou parar em alguma vazia e se colocar à disposição de uma luta. Acaba sendo algo bem burocrático.

Conforme o jogador vai vencendo partidas "ranqueadas", ele vai ascendendo em uma torre (alô, Mortal Kombat) e entra em andares com jogadores mais experientes. De forma geral, você pode entrar a qualquer momento em qualquer um desses andares, mas prepare-se para encarar jogadores casca grossa nos pisos mais altos. 

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Além disso, é possível criar um lobby e chamar amigos para partidas privadas. O problema, ao menos nesses primeiros dias de jogo, é que esse modo não funciona como deveria, mesmo criando salas que, em teoria, têm uma identificação própria. Jogar com conhecidos, portanto, acaba sendo um processo bastante peculiar: é preciso que um dos jogadores crie uma sala e os outros busquem ela no meio de todas as outras disponíveis. 

Saldo (bem) positivo

Tirando as pequenas idiossincrasias do modo online e, para alguns, a ausência de um modo história interativo, Guilty Gear Strive brilha em todos os outros aspectos relevantes e, por isso, é um game bastante recomendado para quem curte uma pancadaria.

O alerta, aqui, vai para o fato da série não ser tão popular como nomes do calibre de Street Fighter, Mortal Kombat e The King of Fighters. Isso sempre gera o risco de, passado o furor do seu lançamento, o game acabar com seu modo online pouco povoado. Para balancear isso, ao longo do tempo a  Arc System Works planeja lançar novos personagens e conteúdos para o game, como cenários e músicas. 

Resta saber se isso terá um efeito positivo na prática - ou se apenas causará a ira dos jogadores pela clássica sensação de comprar um jogo (especialmente caro no PlayStation) que, em termos de conteúdo, passa a impressão de chegar ao mercado um tanto incompleto.

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Guilty Gear Strive - Nota 9
Foto: Game On/Arc System Works / Divulgação

A análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia gentilmente cedida pela Arc System Works.

Fonte: Game On
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