No início de janeiro, durante a Consumer Electronics Show (CES), a Dell anunciou o primeiro monitor QD-OLED curvo do mundo. A tecnologia de tela, desenvolvida pela Samsung, representa uma evolução que agrega os melhores elementos dos displays OLED e os combina com a tecnologia de pontos quânticos ou QLED, em uma tentativa de fornecer o melhor dos dois mundos. Aos poucos, novos monitores QD-OLED vão chegando ao mercado, aumentando as opções para os consumidores.
Como toda nova tecnologia, o QD-OLED (QD OLED ou Quantum Dot OLED) ainda gera curiosidades e dúvidas por parte dos consumidores. Para você poder entender melhor como ela funciona, quais são as vantagens da novidade e os principais diferenciais deste tipo de display em comparação com outras tecnologias — como as telas LED e OLED —, preparamos esta matéria especial, onde você irá mergulhar fundo nos detalhes do QD-OLED e tudo o que você precisa saber sobre ele – além de trazer as melhores opções de monitores QD-OLED já disponíveis no mercado.
O melhor do OLED e QLED
Resumidamente, o QD-OLED é um novo tipo de tecnologia de tela OLED (Organic Light-Emitting Diode) que se utiliza de pontos quânticos para gerar cores -- a Samsung chama este tipo de tela, comercialmente de QD Display. Sendo uma tecnologia de exibição híbrida, ela visa aproveitar as qualidades já muito impressionantes das smart TVs e monitores OLED, melhorando o brilho e a cor através do uso de pontos quânticos. O resultado é uma tela com níveis impressionantes de contraste e pretos perfeitos já presentes no OLED, oferecendo um brilho que tradicionalmente só encontramos com o QLED, com tela de pontos quânticos.
Para ajudar a entender ainda melhor o que é o QD-OLED é preciso explicar, rapidamente, como as tecnologias OLED e QLED funcionam.
QLED
Do tipo LCD/LED, os displays QLED usam os chamados pontos quânticos para garantir imagens com alta intensidade de brilho e uma grande gama e fidelidade de cores. Um display QLED usa quatro elementos principais para produzir suas imagens: uma luz de fundo de LED, uma camada de pontos quânticos, uma matriz de LCD e um filtro de cores. A luz de fundo de LED produz todo o brilho que você vê -- e as luzes de fundo de LED modernas podem produzir muito brilho, muito mais do que telas OLED conseguem produzir. Mas alcançar esse nível não é tão fácil assim.
A solução encontrada para isso é utilizar uma fonte de luz de LED azul altamente brilhante e, posteriormente, equilibrar os tons azuis com pontos quânticos nas cores vermelha e verde. Como esses pontos quânticos conseguem ser ajustados para emitir cores específicas e -- surpreendentemente -- podem fazer isso com um nível de eficiência de quase 100%, as telas QLED trazem uma boa precisão de cores sem sacrificar o brilho ou precisar usar mais energia.
A partir daí, a luz branca passa pela matriz LCD (responsável pelas imagens que você vê e determina quão claras ou escuras são as áreas da tela) e, finalmente, pelo filtro de cores, que converte a luz branca na luz "certa", definindo a quantidade de vermelho, verde e azul para que, no fim de tudo, as cores sejam as mais fiéis possíveis.
OLED
Já um display com tecnologia OLED usa apenas uma fonte de luz OLED e um filtro de cores para produzir a sua imagem. Para isso, ela combina luz azul e amarela de fontes OLED para criar uma luz quase branca. A luz passa então por um filtro de cores composto de subpixels vermelho, azul e verde. Ao contrário dos monitores LCD tradicionais, que contam com uma luz de fundo separada que passa por uma camada de pixels, no OLED cada pixel emite brilho e cor individualmente para criação da imagem.
Dessa forma, cada pixel é sua própria fonte de luz e pode ser completamente escurecido, se necessário. Isso significa que um pixel brilhante pode aparecer ao lado de um completamente preto sem afetar o outro, criando o contraste excepcional pelo qual painéis OLED são reconhecidos. E esse não é o único benefício: como a imagem não precisa passar por uma matriz LCD, os ângulos de visão são amplos, enquanto a construção geral de um dispositivo com tela OLED é fina e leve devido à sua estrutura simples.
As limitações
Com todas as qualidades que elas apresentam, vêm também as limitações. Apesar de exibir um brilho intenso e cores que não distorcem, o display QLED não apresenta as melhores taxas de contraste – a medida da diferença entre tons claros e escuros na tela – e também terá tons escuros e pretos com aspecto mais lavados, distorcendo para o cinza.
Já os painéis OLED sofrem com o nível máximo de brilho menor, e, com o brilho alto, a tendência é que as cores sofram distorções. Há ainda outro ponto importante: a durabilidade. Painéis OLED estão sujeitos a desgastes mais intensos, como perda de brilho e qualidade de cor, além dos riscos de burn-in, problema que deixa manchas na tela após o desgaste dos LEDs orgânicos que compõem o display.
O que é QD-OLED e como a tecnologia funciona?
Como dito anteriormente, a QD-OLED (Quantum dot Light Emitting Diode) é uma tecnologia introduzida pela Samsung e mistura o QLED com o OLED. O principal objetivo da companhia é aproveitar as vantagens das duas tecnologias: do OLED, extrair o seu contraste infinito e os tons escuros de alta precisão e qualidade, enquanto do QLED pegar a sua capacidade de gerar cores e brilho mais intensos.
De acordo com a Samsung, um display QD-OLED tem três componentes principais: uma primeira camada TFT que inclui um circuito eletrônico para passar a corrente através do material OLED, uma segunda de material OLED azul que gera luz azul e uma terceira camada de pontos quânticos. Estes pontos quânticos são pequenas partículas semicondutoras, com dimensões variando de 2 a 10 nanômetros. Juntas, elas conseguem converter a luz branca em luz colorida sem perda de energia. A cor resultante depende do tamanho do próprio ponto quântico – pontos maiores, de 10 nm, vão gerar cor vermelha e os menores, tons em azul.
Quando a luz azul de cada pixel passa pela camada de pontos quânticos, são criados subpixels verdes e vermelhos que, combinados com o subpixel azul, formam o modelo de cores RGB. Neste modelo de cores, vermelho, azul e verde são adicionados para produzir outras cores para as imagens que você vê na TV.
Mais benefícios
Ainda segundo a Samsung, os displays QD-OLED conseguem atingir uma alta taxa de contraste de 1.000.000:1. Além disso, ao abrir mão da camada de LCD, os tempos de resposta da tela, os ângulos de visão e a reflexão proveniente da tela devem ser melhorados em comparação a telas de LCD tradicionais. As novas telas que embarcam a tecnologia também reduzem, em até 50%, a emissão de luz azul, prejudicial à saúde dos olhos.
A Samsung corrigiu os problemas do OLED?
Apesar de representar um salto em termos de qualidade em comparação a outros displays, o OLED enfrenta alguns problemas que podem acabar afastando consumidores. O primeiro deles é a temida retenção de imagens, conhecido também como burn-in. O problema acontece quando a tela apresenta elementos estáticos que mudam pouco com o tempo: um HUD de um jogo ou a barra de tarefas do Windows, por exemplo. Caso a imagem seja estática e varie pouco ao longo do tempo, corre-se o risco dela ficar gravada de forma permanente nos pixels, deixando a tela marcada para sempre.
Ao que tudo indica, o QD-OLED não deve representar o fim do burn-in. De acordo com o site CNET, a tecnologia QD-OLED não trará tanta diferença em relação à utilizada em displays OLED. A fabricante, no entanto, promete incorporar um mecanismo automático que irá amenizar os riscos em se desenvolver o problema em smart TVs mais modernas.
Outra limitação enfrentada por telas OLED está relacionada a sua vida útil. Displays deste tipo tendem a perder qualidade em um ritmo mais acelerados do que outras tecnologias. A respeito desse problema, a Samsung ainda não falou se as novas TVs e monitores QD-OLED terão a sua vida útil aumentada.
Os monitores QD-OLED para ficar de olho em 2022
Por ser uma tecnologia ainda recente, poucos são os monitores com a tecnologia já anunciados pelas fabricantes. Em relação a quanto custará um monitor com a nova tecnologia, a expectativa em torno do QD-OLED é de que os preços sejam altos, sobretudo considerando a oferta reduzida. A seguir, separamos os monitores QD-OLED já anunciados para ficar de olho em 2022.
Dell Alienware AW3423DW
A Dell foi a primeira a lançar um monitor com display QD-OLED no Brasil. O novo monitor curvo para jogos Alienware AW3423DW é o primeiro modelo do mundo com tela QD-QLED. Ele tem uma tela de 34 polegadas com resolução de 3440 x 1400, proporção ultrawide de 21:9, curvatura de 1800R, taxa de atualização de até 175 Hz, brilho de até 1.000 nits, tempo de resposta de 0,1 ms, iluminação RGB personalizável, certificação Display HDR 400 True Black, quatro portas USB 3.2 Gen 1 tipo A, uma porta DisplayPort 1.4, duas portas HDMI 2.0, conector para fones de ouvido, recurso G-Sync Ultimate e base com ajustes de altura, inclinação e rotação.
Disponível na loja online da fabricante, o monitor Dell Alienware AW3423DW tem preço sugerido de R$ 10.848. O valor inclui também um pacote de serviços com troca de painel e cobertura contra o efeito burn-in.
Samsung Odyssey G8QNB
Outra fabricante que também planeja lançar um novo monitor curvo com display QD-OLED é a Samsung. O Odyssey G8QNB tem 34”, contará com um painel QD-OLED curvo com resolução de 3440x1440, taxa de atualização de até 175 Hz e um tempo de resposta de 0,1 ms. A curvatura 1800R é reconhecido por oferecer uma experiência imersiva superior a outros modelos com o mesmo design curvo.
O novo modelo da Samsung é também o monitor de jogos mais fino do mundo, com apenas 5,9 mm. Ele também oferece recursos inteligentes para jogos, entretenimento e produtividade.
Preços ou disponibilidade ainda são desconhecidos
E então, ansioso para a chegada dos novos monitores com displays QD-OLED? Acha que eles valem o investimento? Conta para gente nos comentários a sua opinião, combinado?