Podemos parar de especular: os indicados ao The Game Awards estão entre nós. E você estará mentindo se disser que "já sabia".
Há quem questione a relevância dessas premiações, com toda razão. Mas também é inegável o apelo irresistível desse tipo de discussão para quem aprecia videogames.
Pelo menos dentro das bolhas da internet, isso parece ser algo muito importante. Desde sempre, as redes sociais são palco de embates de torcidas organizadas que defendem seus games favoritos com unhas e dentes. Agora, mais do que valorizar quem foi indicado, a motivação dos fãs é defender os títulos que foram esnobados. E neste ano tão atípico, não foram poucos.
Sim, porque em 2023, as surpresas, de fato, surpreenderam. No primeiro semestre, ninguém teria coragem de deixar Starfield de fora da lista de melhores. E o blockbuster ambicioso da Bethesda acabou indicado em apenas uma categoria, Melhor RPG, o que é bem pouco para um produto com tamanhas pretensões.
Também duvido que alguém apostasse muitas fichas em Baldur's Gate 3. E o RPG baseado em Dungeons & Dragons fez bonito e arrebatou indicações em sete categorias – a mesma quantidade do assustador Alan Wake 2, que até carregava boas expectativas, mas acabou se saindo melhor do que a encomenda.
Menos surpreendentes e já esperadas foram as múltiplas indicações de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, Marvel's Spider-Man 2 e Resident Evil 4 Remake. Correndo por fora, temos Super Mario Wonder, que comprovou mais uma vez o apelo da Nintendo com uma boa parcela da imprensa especializada.
Olhando para os principais indicados, fica difícil não se surpreender com os esnobados. Esse ano, foram muitos os games de peso que acabaram de fora das principais categorias: Diablo IV, Assassin's Creed Mirage, Call of Duty: Modern Warfare III, Hogwarts Legacy, além do já citado Starfield. Em qualquer outro ano, esses títulos certamente estariam melhor posicionados. Mas está claro que 2023 não foi um ano qualquer.
E mesmo que não seja possível cravar ainda, todos concordam que Baldur's Gate 3 corre na frente como o grande candidato ao troféu principal, já que venceu o Golden Joystick Awards, que tem funcionado como um bom termômetro do TGA. Essa, eu duvido que o analista mais competente do mundo pudesse prever no começo do ano.
A verdade é que as premiações nem sempre parecem justas, e isso se dá pelo método de seleção dos indicados: no caso do The Game Awards, os jogos mais mencionados pelo júri especializado são aqueles que ganham vaga na listagem final. São escolhas coletivas e não arbitrárias. A quantidade de vagas é limitada e sempre há quem fique de fora merecendo estar dentro. A injustiça faz parte do jogo.
É sempre bom questionar tamanha atenção a um prêmio como o The Game Awards, ainda mais porque raramente nos lembramos dos jogos que venceram em cada ano. Mas, pessoalmente, eu adoro premiações. Apesar de controversas e às vezes injustas, elas servem como retratos históricos interessantes dos momentos que vivemos. E a vitória provável (e merecida) de Baldur's Gate 3 nos fará lembrar de 2023 como esse ano esquisito e imprevisível, em que jogamos de tudo um pouco e nos divertimos muito ao longo do processo.
É claro que surpresas ainda podem acontecer. E é aí que está toda a graça do negócio.
*O texto acima faz parte da edição mais recente da newsletter semanal Extra Level, assinada por Pablo Miyazawa. Para assinar gratuitamente e não perder os assuntos mais importantes do mundo dos games e da cultura pop, clique aqui.