PC Gamer na faixa dos R$ 3000 vale a pena?

A grana tá curta? Montamos um guia para entender como adquirir ou montar um PC Gamer com um orçamento na faixa dos R$ 3000

19 abr 2022 - 10h37
(atualizado às 10h42)
Foto: GameON

Jogar os lançamentos da indústria de games em 2022 pode ser bem complicado, não é mesmo? Tendo isso em vista — e levando em conta o potencial aquisitivo brasileiro — concebemos um guia para entender o que faz um bom PC Gamer de orçamento relativamente apertado e quais são as melhores opções de custo-benefício no que diz respeito à performance em relação ao valor despendido na aquisição e/ou montagem de uma máquina desse naipe.

A Crise dos Componentes Eletrônicos

Algo muito importante a se levar em conta em qualquer cotação de preço relacionado não só a informática, mas a eletrônicos em geral (como videogames) tem a ver com a alta do preço na produção dos componentes, como os chipsets. No caso, tal crise vem desde o começo da pandemia de COVID-19, quando a migração para o home office e da digitalização do trabalho acarretaram escassez no setor, tornando complicada a produção de placas de vídeo e videogames — o PlayStation 5 até hoje tem problemas na oferta.

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Adicione esse problema, que persiste, à realidade brasileira, que segue em cenário de indefinição econômica perante o preço do dólar, mesmo após a queda recente devido aos conflitos no leste europeu. Analisando em retrospecto, portanto, é necessário considerar que as especificações de uma máquina de três mil reais há dois anos traziam um custo-benefício muito melhor do que uma de preço similar há um ano e que, por sua vez, é diferente de um PC montado hoje. O mercado, portanto, é bastante dinâmico nesse aspecto.

PC Gamer na faixa dos R$3000,00 vale a pena?

Embora os jogadores mais hardcore, especialmente os encontrados em fóruns de internet, acabem recomendando sempre as opções mais caras para quaisquer componentes ou setups específicos, é importante levar em conta que grande parte dessas sugestões estão fora da realidade brasileira.

Contudo, não ache que essa turma está completamente errada e que a opinião deve ser descartada. A negatividade em relação a máquinas de um custo abaixo de cinco ou seis mil reais têm um ponto de vista diferenciado, visto que o que pesa na opinião é a longevidade desses PCs.

Um setup desses bem parrudos vai não só rodar as novidades do mercado — como Elden Ring ou Cyberpunk 2077 — como também dificilmente precisará de qualquer upgrade em um futuro próximo, especialmente no momento atual, em que a indústria ainda está passando por um período de transição de console e, portanto, ainda se adapta aos novos hardwares bem mais potentes do PlayStation 5 e do Xbox Series.

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É bem complicado adquirir um PC Gamer de baixo orçamento e tentar rodar Cyberpunk 2077 nele — a sorte é que não é só desse tipo de jogo que vive indústria (imagem: CD Projekt Red/Divulgação)
Foto: GameON

Ainda assim, considerando um período de curto a médio prazo, um computador na faixa dos três mil reais pode ser muito útil para o momento presente, visto que, dependendo do setup, conseguirá demonstrar uma performance sustentável para uma parte dos jogos modernos (excluindo alguns monstros verdadeiramente exigentes) e se manterá funcional ao longo do tempo para alguns títulos mais contidos, visto que não é só dos AAA que vive um gamer, uma vez que também existe vida na indústria indie e ela normalmente é pouco exigente no que diz respeito a especificações técnicas.

Agora, em relação a PCs de preços ainda inferiores a três mil reais, a resposta curta é não. A resposta longa, por sua vez, justifica que existem alternativas muito melhores para se gastar o dinheiro — isso considerando que visamos uma máquina gamer, cujo intuito é justamente reproduzir jogos com propriedade e bom desempenho.

É claro que não é necessária uma máquina verdadeiramente potente para títulos como League of Legends e Counter Strike: Global Offensive, mas considerando um desempenho seguro e visando a reprodução de certos títulos mais exigentes e modernos, é muito mais interessante o investimento em um Xbox Series S, por exemplo, que se mantém dentro desse orçamento de até R$ 3000,00.

Se você quer jogar os lançamentos do momento e ainda assim não quer ultrapassar o orçamento de R$ 3000,00, talvez a melhor sugestão seja adquirir um Xbox Series S, a versão mais econômica do atual console da Microsoft (imagem: Microsoft/Divulgação)
Foto: GameON

Comprar pronto ou montar?

É possível comprar um PC Gamer já montado pronto, mas é um campo bastante espinhoso para os pouco entendidos no assunto. O primeiro motivo tem a ver com o fato de que muitas máquinas são vendidas como Gamer, mas ainda estão muito aquém do que se espera para um computador voltado para o hábito de jogar, sendo apenas uma artimanha de marketing para tentar alcançar algum incauto que está ainda aprendendo ou ainda tentando entrar nesse meandro.

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A questão dessas máquinas prontas também tem a ver com as peças que elas utilizam em sua composição. A despeito da escassez de componentes eletrônicos no mercado, elas se utilizam de peças produzidas em uma escala maior justamente para a produção desses modelos fechados, manufaturadas visando tal fim.

Tendo isso em vista, muitas vezes é uma decisão bem mais inteligente e econômica montar uma máquina por conta própria. Montar no sentido figurado da palavra, visto que não é necessário colocar a mão na massa e entender dos conectores para que isso seja possível. Mesmo um leigo consegue fazer isso “virtualmente” em sites como a Pichau e a Terabyte Shop, que facilitam na escolha de certas peças específicas que exigem compatibilidade, como o processador e a placa-mãe.

Contudo, há situações em que comprar um desktop pronto, direto das lojas, vai compensar. Afinal, existe a possibilidade de máquinas bem mais robustas entrarem em oferta e, consequentemente, apresentarem um bom custo-benefício mesmo em relação a máquinas montadas.

O Windows nem sequer tenta abrir alguns títulos visualmente mais exigentes, como Horizon Zero Dawn, sem uma placa de vídeo minimamente decente (imagem: Sony/Divulgação)
Foto: GameON

Nota-se também que a maior parte do preço de um PC Gamer normalmente é destinado à placa de vídeo, que normalmente é responsável pela maior parte do serviço na hora de rodar ou não determinados jogos do mercado — e dificilmente uma placa de vídeo realmente útil custará menos de R$ 1500,00 — algo que fará com que um bom computador fique mais próximo, na verdade, dos quatro mil reais, e não três mil, o que, consequentemente, se torna nossa verdadeira recomendação de hoje.

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Máquinas “prontas” a um preço acessível

As melhores opções de PCs gamer “prontos” vêm justamente dos modelos montados por marcas e lojas que também permitem que o próprio consumidor monte suas máquinas, como a Pichau e a Terabyte Shop. Há várias opções disponíveis pelo mercado, mas foi necessário levar em conta a presença de uma placa de vídeo minimamente útil e cujo custo compensasse. Tendo isso em vista, as três melhores máquinas em tais revendedores (e seus respectivos preços durante a redação desta matéria) são as seguintes:

  • Pichau Gamer com Intel Core i3-10100F, placa de vídeo Nvidia GeForce GTX 1650, 8GB de RAM e SSD 240 GB: R$ 3459,98 à vista (via Pichau, necessária montagem doméstica)
  • T-Gamer com AMD Ryzen 5 5600, placa de vídeo AMD Radeon RX 550, 8GB de RAM e SSD 240 GB: R$ 3558,34 à vista (via Terabyte Shop)
  • Smart PC com Intel Core i5-2400, placa de vídeo Nvidia GeForce GTX 1650, 16 GB de RAM e SSD 120 GB: R$ 3556,60 à vista (via Kabum)

Montando o PC Gamer na faixa dos R$ 3000

Antes de tudo, internalize desde já o fato de que um computador na faixa dos três mil reais se enquadra normalmente em uma categoria intermediária, conseguindo rodar uma quantidade decente de jogos modernos, mas dificilmente conseguirá suportar títulos exigentes como os supracitados Cyberpunk 2077 e Elden Ring. Entretanto, ela ainda seria útil ao apresentar um desempenho satisfatório em outros títulos de menor escalão, mas ainda bem badalados, como God of War, FIFA ou Monster Hunter World.

Assim, listamos os principais componentes de uma máquina e quais são as concessões que podem — e que não podem — ser feitas no intuito de otimizar o valor investido nela.

Processador

Um bom PC começa pela escolha de um bom processador (imagem: Intel/Divulgação)
Foto: GameON

O elemento inicial para se levar em conta qualquer computador é o processador, visto que ele é o cérebro da máquina, o responsável por coordenar todos os outros componentes, fazendo-os funcionar em conjunto. Dessa forma, a principal marca do mercado é a Intel, enquanto a AMD é considerada uma alternativa interessante, embora a compatibilidade seja um pouco mais limitada.

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Utilizando o CPU Benchmarks da PassMark Software, os processadores de melhor custo-benefício são dois específicos da Intel, o i3-10105F e o i3-10100F. Ambos podem ser encontrados por volta dos R$ 500,00 e apresentam boa pontuação no banco de dados da PassMark, com 9139 e 8856 pontos, respectivamente.

Uma escolha popular do lado da AMD normalmente é o Ryzen 3 3200G, que pode ser encontrado por volta dos R$ 700,00. Entretanto, a empresa lançou recentemente sua versão atualizada, o Ryzen 3 4100, com aproximadamente o mesmo preço.

Preço até aqui: R$ 500,00 (Intel) | R$ 700,00 (AMD)

Placa-mãe

A Asus é uma marca reconhecida no mercado e conta com algumas opções interessantes e de bom custo benefício no que diz respeito a placas-mãe (imagem: Asus/Divulgação)
Foto: GameON

Enquanto o processador serve de cérebro de um computador, a placa-mãe acaba funcionando com o resto do sistema nervoso, porque é a partir dela que todos os componentes realizam suas conexões uns com os outros para que a máquina funcione devidamente.

Assim, há placas-mães baratas, mas a que mais compensa no quesito de confiabilidade em relação ao preço é a H410M da Gigabyte, que sai por volta de R$ 550,00. A Asus, uma marca bem reconhecida no mercado, também tem uma linha de placas-mãe e conta com a Prime H510M-E, que sai por volta dos R$ 630,00.

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No caso do AMD, as placas-mãe são um pouco mais baratas, se comparadas às da Intel, e a melhor (ou seja, minimamente confiável) e que pode ser encontrada a um preço em conta é a GA-A320M-S2H, da Gigabyte, por volta dos R$ 420,00. A Asus também disponibiliza a B450M-Gaming para AMD por um preço um pouco maior, R$ 460,00.

Preço até aqui: R$ 1050,00 (Intel) | R$ 1120,00 (AMD)

RAM

Não há para onde fugir no caso da RAM. Recomenda-se, no mínimo, ao menos um pente de 8 GB, encontrado normalmente por volta dos R$ 250,00 da marca Corsair, embora existam outras mais em conta. Levando em consideração a maioria dos títulos do mercado — e os que utilizamos de exemplo no começo da matéria —, 8 GB é normalmente o mínimo necessário para que eles rodem.

Caso esteja disposto a abrir um pouco mais esse orçamento, um segundo pente de 8 GB ajudaria muito no desempenho geral da máquina, especialmente na hora de rodar os títulos mais exigentes.

Preço até aqui: R$ 1300,00 (Intel) | R$ 1370,00 (AMD)

Placa de Vídeo

Até gostaríamos de trazer opções, mas a GeForce GTX 1650 é realmente a melhor do mercado no que diz respeito a custo-benefício (imagem: NVidia/Divulgação)
Foto: GameON

Uma placa de vídeo é necessária em um computador gamer porque é justamente ela a responsável pela interface visual de um PC, visto que é ela a responsável por aguentar o tranco na apresentação gráfica de qualquer jogo, seja ele o mais simples, seja ele dos mais exigentes. 

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Existe uma infinidade de placas de vídeo no mercado, mas há uma quase absoluta no sentido de ser confiável, versátil e relativamente barata: a GeForce GTX 1650, que pode ser encontrada em preços que flutuam por volta dos R$ 1500,00. Existem outras mais em conta, mas dificilmente haverá uma placa que consiga equilibrar tão bem o desempenho com o preço cobrado por ela.

Preço até aqui: R$ 2800,00 (Intel) | R$ 2870,00 (AMD)

HD e SSD

Um SSD normalmente é o mais indicado para que o sistema operacional funcione de maneira fluida, enquanto um disco rígido é destinado para qualquer outro tipo de arquivo do usuário. Trata-se de uma prática comum a instalação dos próprios jogos no SSD, mas o preço por gigabyte de tal memória ainda é muito elevado, o que nos faz ter que recorrer a um drive de HD tradicional.

Ainda assim, não se preocupe: apenas a instalação do sistema operacional em um SSD já traz consequências bastante positivas no desempenho geral dos games e aplicações instaladas em um drive de memória adicional, como o do disco rígido.

Tendo isso em vista, existem opções de SSD de 128 GB destinado apenas ao Windows (ou outro de preferência) que saem por volta dos R$ 200,00, enquanto o gasto com um disco rígido de 1 TB fica por volta dos R$ 400,00.

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Preço até aqui: R$ 3400,00 (Intel) | R$ 3470,00 (AMD)

Gabinete

O gabinete é necessário para encapsular esses vários componentes que já listamos até aqui. Embora seja comum ostentar aqueles gabinetes coloridos, cheios de luz RGB e que brilham no escuro, tudo o que sugerimos é que se trate de um compartimento suficientemente ventilado. Pode parecer algo básico, mas é sempre bom lembrar que ele entra no custo final, bem como chega ser gritante a discrepância de desempenho em um computador em temperatura ambiente e um que esteja superaquecendo. Estimando um valor baixo, uma boa pesquisa por um gabinete funcional, de R$ 120,00, já deve dar conta do recado.

Preço até aqui: R$ 3520,00 (Intel) | R$ 3590,00 (AMD)

Fonte

Faça um favor a si mesmo e fuja das fontes-bomba de R$150,00. A linha CX da Corsair, por exemplo, traz modelos acessíveis e confiáveis (imagem: Corsair/Divulgação)
Foto: GameON

A fonte de energia é de extrema importância porque uma escolha errada pode comprometer todo o trabalho que estamos fazendo aqui. De imediato, apenas fuja com veemência daquelas fontes-bomba manjadas e extremamente baratas. Elas não são confiáveis e qualquer pico de energia pode comprometer toda a máquina. Cheque também se elas são certificadas, trata-se de um bom indicativo de sua confiabilidade.

É por isso que a opção mais em conta até o momento fica com a Corsair CX450M, com suporte de até 450W de potência, o suficiente para o computador que montamos até aqui, na faixa dos R$ 300,00.

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Total: R$ 3820,00 (Intel) | R$ 3870,00 (AMD)

E quanto aos acessórios?

Não adianta nada comprar um PC novo sem ter um monitor e outros acessórios essenciais para seu funcionamento (imagem: LG/Divulgação)
Foto: GameON

Algo que é levado em pouca consideração pela maioria dos guias de montagem de PC são os acessórios essenciais para qualquer computador. Ou seja, o nosso custo de, no mínimo, R$3820,00 diz respeito apenas ao gabinete montado, o chamado desktop, desconsiderando completamente outros itens cruciais para que a máquina realmente esteja completa: monitor, teclado, headphone e mouse. Assim, com esses três adendos, por assim dizer, talvez seja necessário separar mais mil a mil e duzentos reais no orçamento.

Em relação ao monitor, embora existam os de alta performance, com uma altíssima taxa de atualização, ainda há muitos ecrãs bons e acessíveis no mercado. Ainda assim, um Samsung ou LG de 19.5 polegadas pode ser encontrado por volta de R$ 600,00 em uma boa promoção.

Isso faz com que sobre cerca de quatrocentos reais para o resto dos complementos, como mouse, headphone e teclado. Enquanto um combo de headphone e um mouse decente pode sair por volta de cento e cinquenta a duzentos reais — considerando que não estamos atrás de produtos top de linha, mas que sejam minimamente funcionais —, o teclado ainda requer mais atenção.

O motivo é porque existe a possibilidade de se adquirir um modelo mecânico, com uma qualidade de resposta superior a outros modelos mais baratos no mercado. Se o jogador se sentir na necessidade de um padrão de resposta mais imediato e preciso, pode ser uma boa ideia desembolsar um preço maior.

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Entretanto, mesmo dentro desse orçamento apertado é possível adquirir esses periféricos de marcas de qualidade. A Redragon, por exemplo, traz mouses, teclados (mecânicos e de membrana) e headphones a preços acessíveis, sendo possível fechar essa trinca gastando, no máximo, quinhentos reais — com um teclado mecânico no modelo Mitra, um headphone Ares H120 e um mouse Nothosaur

A Redragon é uma marca que até tem seus produtos top de linha que custam uma pequena fortuna, mas também tem outros bastante acessíveis e de qualidade, como o headphone Ares (imagem: Redragon/Divulgação)
Foto: GameON

É claro que há sempre alternativas bem mais baratas, como teclados, mouses e fones de até R$ 20,00 cada, mas estamos tentando sugerir produtos que sejam duráveis, e não descartáveis. Ah, também não caia no papo do marketing: um teclado “semi-mecânico” não existe, ao contrário da forma com que certos produtos tentam se vender por aí.

Ressalta-se que levamos em conta o mínimo para fazer tudo funcionar. Alguns coolers adicionais, que custam por volta de R$ 20,00, sempre são úteis. Também acreditamos que a rede utilizada será cabeada via ethernet, caso contrário também será necessária a utilização de um adaptador de rede wi-fi, cujo preço varia de R$ 20,00 (daqueles bem pouco confiáveis) a R$ 150,00, se quisermos um que se conecte diretamente na placa-mãe e deixe uma entrada USB disponível.

Fonte: Game On
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