Armored Core VI: Fires of Rubicon é o mais novo jogo da From Software logo após o lançamento do popular Elden Ring, que inclusive foi coroado como GOTY no The Game Awards 2022. Não à toa, é facilmente identificável a influência dos famosos soulslikes da desenvolvedora no recente título da franquia de robôs gigantes, que sairá dia 25 de agosto para para PC e consoles PlayStation e Xbox.
Em Fires of Rubicon, os elementos tradicionais de Armored Core continuam vivos: o espírito mercenário da humanidade, as missões com muito tiro, porrada e bomba, a liberdade em montar seu próprio mecha… Tudo isso com ares de um jogo de ação moderno, chefões casca-dura e poucos recursos para atrair tanto fãs antigos quanto os muitos novos admiradores da produtora, que não conheçam a série.
Muito além das batalhas que rendem belos desafios a qualquer jogador, o diretor Masaru Yamamura e o produtor Yasunori Ogura explicaram como AC6 mescla essas questões: “Há alguns elementos que absorvemos do Elden Ring de forma subconsciente, devido ao conhecimento acumulado ao longo dos anos no desenvolvimento desses games, como a abordagem ao design dos níveis e das batalhas".
"Com relação ao Fires of Rubicon, queríamos focar primeiro em um jogo de ação. Isso significa que talvez não seja necessário ajustar números e parâmetros para afetar o desempenho em um nível tão esmiuçado como nos títulos anteriores", disseram os desenvolvedores. "Desta vez, queríamos que a forma como você joga e o comportamento do seu robô fossem diferentes dependendo da personalização.”
Apesar do jogo ter um nível de customização minucioso, não é necessário ter jogado qualquer outro AC ou até mesmo ser um “especialista em games difíceis”, já que a ideia é praticamente lançar um reboot da franquia… mas já deixo o aviso de que você vai morrer. E de novo, e novamente, até realmente entender quais são as abordagens corretas para enfrentar os inimigos em questão. O segredo? Paciência e observação.
A premissa é simples: você é só mais um capanga em um cenário pós-apocalíptico ganhando a vida com um dinheiro nada honesto, explodindo todos os alvos determinados pelo Handler Walter (ao lado de outros grupos de interesse da linha de comunicação dos mercenários ou corporações) pilotando uma estrutura metálica colossal. A ideia é mudar constantemente suas peças para tornar seu mecha ainda mais letal de acordo com os requisitos de cada tarefa.
Apanhando e aprendendo
No meu caso, como uma zero à esquerda para soulslike e uma grande adoradora de máquinas letais gigantes, eu estava animada para jogar e, ao mesmo tempo, com receio de não passar da missão inicial. Não vou mentir: é verdade que perdi as contas de quantas vezes fui derrotada até finalmente conseguir matar o primeiro helicóptero de assalto - ali, descobri como existem inúmeras maneiras diferentes de morrer humilhada em AC6. Mas ao mesmo tempo, conversando com os desenvolvedores, aprendi também como poderia encontrar várias estratégias possíveis (tanto no combate quanto na escolha correta das partes de seu mecha) para a vitória, dependendo do perfil do adversário.
“Por exemplo, as partes das pernas têm um papel importante nisso”, explicaram Yamamura e Ogura. “Se você trocar para pernas de tanque, poderá fazer manobras de derrapagem em alta velocidade. Se optar por pernas articuladas reversas, poderá realizar saltos poderosos e manobras rápidas para se aproximar do inimigo. Dessa forma, queríamos que a personalização fosse uma parte essencial da ação, dando a sensação de que você está realmente mudando o campo de jogo e o desempenho do seu Armored Core."
Dividido em missões intercalando objetivos - como subir em locais altos sem morrer para destruir armas massivas, acabar com as linhas bélicas dos inimigos ou enfrentar chefões enormes -, AC introduz seu universo aos poucos na jogatina, oferecendo acesso aos treinamentos (essenciais para os novatos, assim como a mira automática) e à loja com novas peças, enquanto também oferece trechos de história com diferentes grupos e novos personagens.
Apesar do formato agressivo e frenético dos combates e do sentimento de liberdade em poder organizar sua jogatina da melhor maneira (ainda que sejam necessários certos cuidados como não sobrecarregar o peso de sua máquina, por exemplo), é importante entender a melhor tática contra certos rivais. Realmente, cada golpe é sentido e eu aprendi isso do jeito mais complicado: após algumas fases relativamente tranquilas cuja maior dificuldade era mais relacionada ao número de inimigos em si, logo empaquei em um outro chefe, desta vez chamado Juggernaut.
Veja bem: o conceito de superar dificuldades depois de muito estudo sobre o comportamento repetitivo do adversário nas lutas - mais conhecido como falhar miseravelmente até entender o que está faltando em sua estratégia - às vezes vai fazer com que você reinicie uma fase inteira na qual passou lutando arduamente por 15 minutos… Tudo isso porque você entendeu que é necessário mudar uma ou duas peças na configuração bélica para realmente seguir em frente.
Bem, aconteceu comigo e, com dor no coração, lá estava eu gastando meu suado dinheirinho em um novo set de mísseis, outra arma para a mão direita e um par de pernas que pudessem saltar de forma mais livre para enfrentar o maldito Juggernaut… mesmo que isso significasse não usar mais o ataque corpo-a-corpo inicial que eu tanto me identifiquei. São os sacrifícios exigidos em uma batalha de mais de uma fase contra um rolo compressor, não é mesmo?
Justamente por isso, apesar de ser focado na campanha para um jogador, uma das interações com a comunidade que mais me interessou em AC6 é a possibilidade de partilhar não só emblemas ou personalizações completas de robôs para outros jogadores, como também recomendações de builds específicas para auxílio de terceiros em situações complicadas ao longo da jornada: “É possível enviar seus dados de Armored Core para compartilhar sua construção e configuração de armas. Esperamos que isso incentive a discussão e a formação de uma comunidade online".
E confirmando as suspeitas que surgiram na internet nos últimos dias, Armored Core 6 terá partidas multiplayer competitivas. "É claro, haverá o modo PvP online, onde você poderá levar seu AC personalizado para batalhar contra outros jogadores", explicaram os produtores da From Software.
Perfeito: assim, menos jogadores sofrerão calados (como eu sofri) pelos minutos perdidos em batalhas por conta de escolhas questionáveis de armamentos… Ou não, caso você seja um grande fã do sistema “sofra tentando, aprenda e aplique” que os souslike normalmente oferecem.
Renovação da franquia
Com um sistema de customização nunca visto antes na franquia, com alterações que podem ser vistas não somente nas cutscenes mas também no jogo em tempo real, ficou claro que os desenvolvedores estavam animados para finalmente fazer outro Armored Core. Claro, desta vez com todas as possibilidades tecnológicas que as plataformas do momento oferecem - bem diferente da época em que vivíamos na data de lançamento do último AC, em meados de 2012.
Quando questionei Yamamura e Ogura quanto à revitalização desta franquia e se poderíamos ver no futuro outras séries antigas da From Software, eles responderam que este novo jogo já era aguardado: “Sempre quisemos fazer outro Armored Core. Isso nunca foi uma discussão, apenas uma questão de ‘quando’. Miyazaki e outros membros da equipe sempre quiseram criar outro game, mas era apenas uma questão de ter os recursos disponíveis e o momento certo. (...) Portanto, não se trata apenas de trazer de volta um único título, mas sim de encontrar o momento certo para o AC6."
Com legendas em português e áudio em inglês e japonês, Armored Core VI: Fires of Rubicon chega em 25 de agosto para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S.
*A jornalista viajou a convite da Bandai Namco. O teste foi realizado em uma versão do jogo para PC.