A Activision Blizzard é uma das mais famosas produtoras de jogos do mundo: dona de franquias como Call of Duty e Diablo, a companhia está em vias de ser adquirida pela Microsoft no maior negócio da história do entretenimento, envolvendo quase US$ 70 bilhões e uma longa disputa judicial que envolveu órgãos de comércio de todo o planeta.
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O norte americano Chance Glasco fez parte da história da Activision. Ele esteve envolvido na criação e produção de diversos jogos de Call of Duty, a série anual de jogos de tiro com milhões de jgoadores, que está no centro das atenções na fusão da companhia com a Microsoft, por mais de treze anos.
Ainda assim, Glasco trocou a carreira na Infinity Ward para perseguir um sonho mais pessoal: desenvolver seus próprios jogos, de forma independente - e fazer isso no Brasil. "Eu vim para o Brasil pela primeira vez para promover Call of Duty, na Brasil Game Show, anos atrás", contou o desenvolvedor ao Game On.
"Eu participei de três ou quatro edições da BGS, aprendi um pouco de português e nesse processo, conheci minha atual esposa e decidi me mudar para o Rio", contou Glasco. "Eu comecei a praticar jiu-jitsu, me mudei para São Paulo e agora estou combinando minha experiência com minhas paixões: jiu-jitsu, videogames e viver no Brasil".
Glasco também conta que a representação do Brasil nos games o incomodava. "Todo jogo no Brasil tem favelas, polícia, drogas, bandidos, essa é a imagem que você vê do Brasil, especialmente do Rio. É como se todos fossem gangstêrs", apontou.
"Eu não tenho problemas em ir ao Rio, morei do lado de uma favela por três anos e as pessoas lá estão tentando fazer a vida, eles não querem viver em condições ruins". Isso levou o desenvolvedor a querer fazer um jogo que mostrasse uma visão mais realista do que é a vida em uma favela carioca.
Foi assim que nasceu a ideia de Martial Arts Tycoon: Brazil, primeiro game independente de Glasco e sua nova produtora Good Dog Studios.
Academia de Jiu-jitsu
Em Martial Arts Tycoon: Brazil, o jogador vai gerenciar uma academia de jiu-jitsu. Mas não se trata de um jogo de luta como Street Fighter ou mesmo EA Sports UFC e sim de um game de estratégia e gerenciamento.
"Algumas pessoas vão aparecer para treinar porque estão estressadas ou porque precisam cuidar da saúde. Na verdade, 97% das pessoas que praticam artes marciais não querem ser lutadoras", explicou Glasco. "São pessoas normais que querem aprimorar sua qualidade de vida ou aprender um pouco de defesa pessoal".
No meio dessas pessoas, o jogador vai encontrar lutadores em potencial. "Alguns vão participar de torneios, fazer uma carreira profissional. É um jogo sobre gerenciar uma academia de jiu-jitsu brasileiro".
Jogo AAA vs. jogo indie
Para Glasco, produzir um jogo indie é uma experiência bem diferente do que trabalhar em um gigante da indústria como Call of Duty. A franquia da Activision é um sinônimo dos chamados 'jogos AAA', super produções multimilionárias que envolvem centenas de desenvolvedores.
"Em COD, você tem milhões de dólares de investimento na produção e no marketing", explica. "Os investidores não querem correr riscos, então quem tem que inovar a indústria são os jogos independentes e seus criadores".
Glasco aponta que muitas vezes os produtores indies criam novas mecânicas e formas de jogar, testam as possibilidades para depois as grandes produções adotarem essas inovações.
"Pense no modo DMZ de Call of Duty, é basicamente 'Tarkovlike'", disse o produtor, em referência ao sucesso cult Escape from Tarkov, jogo de tiro e sobrevivência em mundo aberto. "Por isso a indústria dos jogos independentes é tão importante quanto a dos jogos AAA".
Martial Arts Tycoon: Brazil está previsto para chegar ao PC em 2024.