Em uma semana recheada de grandes novidades para todas as plataformas, Dragon's Dogma 2 ainda consegue se destacar. É algo até inusitado quando lembramos que o jogo original, lançado lá em 2012, não fez tanto barulho assim, apesar de todas as suas qualidades. Foi uma questão de "timing": seis meses depois de seu lançamento, a FromSoftware entregou Dark Souls e eclipsou o RPG da Capcom.
Com mecânicas originais e um mundo fantástico repleto de criaturas monstruosas, Dragon's Dogma foi cativando uma base fiel de fãs ao longo dos anos, principalmente após a chegada da versão Dark Arisen – que está disponível para todas as plataformas atuais e muitas vezes é vendida por menos do que um lanche em promoção. A franquia nunca ficou 100% esquecida: uma versão online saiu no Japão, mas nunca no ocidente, e a Netflix produziu até um anime baseado no jogo.
Aqueles que jogaram conhecem muito bem os motivos que tornam o RPG de ação da Capcom único. E não é à toa que sonham com a sequência. O jogador assume o papel do Arisen – termo traduzido para Nascen em Dragon's Dogma 2 –, um herói criado pelo dragão que é destinado a matar segundo uma grande profecia sombria, e parte de seu vilarejo de pescadores para se aventurar pelo mundo, enfrentando feras míticas e masmorras cheias de perigos e tesouros. Mais D&D que isso, impossível.
Um elemento de Dragon's Dogma que se destaca é o sistema de Pawns, os Peões. Eles são companheiros criados pelos próprios jogadores e são compartilhados com toda a comunidade, se aventurando com outros jogadores enquanto seu criador está fora. Dessa forma, eles ganham experiência, itens e conhecimento.
Por exemplo, ao entrar em uma masmorra ou começar uma missão, um dos Peões do seu grupo pode já ter passado por ela e dará dicas úteis, como alertar sobre o ponto fraco dos inimigos ou sugerir rotas alternativa. Isso traz aquela sensação de jogo online, mesmo que seja para apenas um jogador. É mais ou menos o que vimos em Death Stranding, mas com espadas e bolas de fogo no lugar de cordas e escadas – é bem mais empolgante, precisamos admitir.
Outra característica importante é que o combate é cheio de ação. Espere lutas difíceis, especialmente ao se aventurar na calada da noite – aliás, não existem nos games noites tão sombrias como as de Dragon's Dogma –, e mais caóticas do que as de um souslike. O mundo é cheio de feras enormes, como ciclopes, grifos e quimeras, e o jogador pode escolher entre diferentes classes, habilidades, magias e movimentos especiais para tentar sobreviver. A Capcom se inspirou em Street Fighter II para desenvolver o ritmo de combate do jogo original, e isso resultou em uma experiência parecida com a de Monster Hunter, mas muito mais acessível e fácil de entender e de se envolver.
Prometendo aprimorar tudo o que fez o primeiro jogo tão interessante e com um mundo muito maior para ser explorado, Dragon's Dogma 2 é a realização dos sonhos do diretor Hideaki Itsuno, e após 12 anos os jogadores estão mais perto do que nunca de embarcar nesta jornada.
A Capcom vem em uma série de acertos, e seu novo RPG de ação tem tudo para ser o maior deles. Pode anotar: quando você pensar nos melhores de 2024, é bem provável que se lembre rapidamente de Dragon's Dogma 2.