A guerra da Ucrânia é o primeiro grande conflito militar do século XXI a ter impactos variados e intensos no mundo da cultura pop. Os motivos para isso acontecer só agora e não com outras disputas bélicas dos últimos anos diz muito também sobre quem dita os rumos da indústria do entretenimento, mas esse é um papo mais complexo para outro momento.
Com duas semanas de conflito, a movimentação no mundo dos games tem se mostrado um verdadeiro teste de maturidade.
As principais publishers demoraram alguns dias para tomar decisões, provavelmente resultado de processos burocráticos diversos que acabam freando decisões severas, como suspender vendas de consoles e jogos, como já fizeram Microsoft, Nintendo e Sony.
A Nintendo também adiou indefinidamente o lançamento de Advance Wars 1+2 Re-Boot Camp, jogo de estratégia que traz uma versão caricata de guerras modernas que, convenhamos, não cabem no atual momento. Em tempo: a versão original desse cartucho saiu no dia 10 de setembro de 2001, exatamente na véspera do atentado às Torres Gêmeas, em Nova York.
Com mais agilidade, a CD Projekt Red, de Cyberpunk e The Witcher, suspendeu todas as vendas de jogos na Rússia e a Electronic Arts removeu a seleção russa do FIFA 22 e versões mobile do game de futebol.
Porém, mais uma vez quem foi rápido em tomar a frente e mostrar um caminho eficiente e empático a seguir foram os estúdios independentes. Logo nas primeiras horas de conflito o estúdio polonês 11 bit studios anunciou que parte das vendas de This War of Mine seriam direcionadas para dar suporte a vítimas da guerra.
Nada mais apropriado para um jogo aclamado justamente por ilustrar tão bem e de forma interativa os horrores de um conflito militar para a população no meio do combate.
Nos últimos dias, vários estúdios indies se uniram para criar um bundle para arrecadar dinheiro e ajudar o povo ucraniano. É possível pagar quanto quiser, mas com o valor mínimo de 10 dólares você já recebe qause mil obras, entre jogos, livros digitais e outros itens. Nesta sexta-feira o pacote já havia ultrassado a marca de 4 milhões de dólares arrecadados.
O futuro é nebuloso e é difícil prever quando a guerra vai acabar e, principalmente, os impactos do conflito a médio e longo prazo. Ao menos, é importante ver a indústria de games dando atenção às pessoas sofrendo nos ataques, especialmente a rápida e efetiva atuação das produtoras indies.
Ainda há muito o que aprender e colocar em prática, principalmente quando levamos em conta que hoje em dia a indústria de jogos é um pilar consolidado de indústria global de cultura pop e muitos dos principais produtos do segmento são jogos de guerra.
Ficamos por aqui com mais esta edição da coluna Planeta Games, daqui duas semanas tem mais. Até lá!