Há algumas semanas, falamos na Extra Level sobre os lançamentos de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça e de Skull and Bones, que não foram nada bem recebidos pelos jogadores e pela crítica e apontavam a saturação dos tais "jogos como serviço". Mas na mesma época desses lançamentos, chegava Helldivers 2, jogo de tiro cooperativo que se tornou a mais divertida surpresa do ano. Ao menos até agora.
O que mais surpreende em Helldivers 2 não são os recordes de jogadores simultâneos ou como a estratégia da Sony de levar o jogo para o PC logo de cara deu certo, ao invés de segurá-lo no PlayStation 5 por um ano ou mais, como faz com outras produções de seus estúdios. O que mais surpreende é a forma como a produtora Arrowhead foi contra todos os princípios básicos do que se espera de um jogo/serviço e conseguiu mostrar que ainda há espaço para esses games
O próprio CEO do estúdio, Johan Pilestedt, evita classificar Helldivers 2 nessa categoria, mesmo admitindo que tecnicamente, é isso mesmo. Em entrevista à PC Gamer, o executivo explicou que "os elementos de live service são secundários" e o importante é entregar uma "experiência completa" pelo preço cobrado – que é mais barato do que a maioria dos jogos atuais tanto nos EUA, em que o jogo sai por US$ 40, quanto no Brasil, em que custa R$ 200 –, metade do preço dos dois "concorrentes" lançados em fevereiro. Mesmo assim, Pilestedt deixa claro: "Nós vemos como um jogo como serviço porque seria injusto dizer outra coisa".
Helldivers 2 tem tudo o que se espera nesse tipo de jogo: microtransações, itens cosméticos que ficam disponíveis por tempo limitado, um Passe de Batalha premium – que nunca expira, lição aprendida com Halo Infinite, da rival Microsoft. Atualizações frequentes expandem o conteúdo do jogo e a narrativa está ligada intrinsecamente ao momento: quem estava lá nas primeiras semanas tem uma experiência diferente para contar do que alguém que se alistou nas forças da Superterra um mês depois do lançamento.
Dito isso, as diferenças começam com a ausência de um mapa de conteúdos. A Arrowhead não revela seus planos futuros para o jogo, pegando os jogadores de surpresa com as reviravoltas na guerra entre a Superterra, os insetões Terminídeos e os implacáveis Autômatos. E muito dessa narrativa é definida pelas ações dos jogadores e as reações da produtora.
Helldivers 2 é como uma imensa campanha de RPG de mesa, com milhões de jogadores enfrentando os desafios propostos pelo Dungeon Master... que aqui tem nome: Joel, que trabalha ativamente para contar sua história e proporcionar diversão (e dores de cabeça) para os jogadores. E isso significa mexer nas regras do jogo atrás de seu escudo quando for conveniente. Foi assim quando os Autômatos receberam reforços pesados e derrotaram a Superterra em sua primeira campanha de defesa. A comunidade perdeu, mas a história ganhou drama e motivação para uma revanche.
Com suas regras simples, mas que afetam diretamente cada jogador, Helldivers 2 dá significado e consequência para as ações da comunidade: cumprir os prazos apertados das Ordens, que são desafios propostos por Joel, rende pontos de experiência adicionais e muitos pontos de Requisições, a moeda do jogo. Falhar em cumprir o desafio naquele prazo apertado significa voltar para casa com os bolsos bem menos cheios. É incrível ver como a comunidade se une para superar desafios quando há uma boa recompensa envolvida – mesmo que nem sempre consigam o melhor resultado!
Diferente de outros jogos do gênero, Helldivers 2 esconde suas estatísticas e atributos para se concentrar na experiência simples de tiroteio cooperativo. A narrativa satírica ajuda a manter o clima descontraído, mesmo no calor das batalhas. Parte da comunidade discorda e tenta desvendar o "metajogo", determinar quais as melhores armas e estratégias, aquelas que todos deveriam buscar e usar para ter a vitória mais do que garantida. É o que alguns criadores de conteúdo, vindos de jogos como Destiny 2 e The Division 2, tentam emplacar no game da Arrowhead. Faz sentido e com certeza é um conteúdo valioso, mas nem todo jogador de Helldivers 2 está afim de "aprender a jogar direito", o que vem rendendo muito debate na internet.
Enquanto a comunidade discute se o melhor é buscar o metajogo ou simplesmente se divertir casualmente, o ideal é lembrar que não há uma única forma de se jogar Helldivers 2 – isso vale para ambos os grupos.
Tudo o que rola nos bastidores do jogo enquanto os Helldivers mandam bala, fogem e usam estratégias para repelir seus adversários é irrelevante para alguns e um quebra-cabeça irresistível para outros. O importante é se divertir – sem estragar a experiência dos colegas de esquadrão, ok?
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