Desenvolver um remake de Resident Evil 4 não era a missão mais simples para a Capcom. O jogo original, de 2005, definiu o que seriam os jogos de ação em terceira pessoa dali em diante e, ao contrário de Resident Evil 2, que pavimentou o caminho para os remakes da franquia, envelheceu bem o suficiente para ganhar apenas remasterizações geração após geração.
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Resident Evil 4 foi um verdadeiro marco na indústria dos jogos e mudou para sempre como a franquia seria vista. A Capcom tinha em suas mãos um jogo muito à frente do seu tempo e não foi a toa que a produtora demorou tanto para revisitar, para valer, o game.
O remake de Resident Evil 4 é uma obra-prima. Ver Leon S. Kennedy, Ashley Graham e todos os outros personagens de quase duas décadas atrás recriados nas máquinas da geração atual é algo que realmente impressiona, seja pelos belíssimos gráficos e cuidado na concepção de cada um deles, seja pelas mecânicas modernizadas.
Leon agora tem uma movimentação muito mais fluida. O agente especial não fica mais preso ao chão enquanto mira em seus inimigos - para os mais nostálgicos, é possível usar o mesmo controle 'tanque' do jogo original - e pode alternar livremente entre até oito equipamentos diferentes, sejam granadas, balestras ou armas de fogo, através do acesso rápido. Cada tiro ou investida parece ter o peso certo, e se essas mecânicas tornam o jogo atual, não o tornam mais fácil.
Os inimigos são mais variados e inteligentes e podem facilmente sobrecarregar Leon e Ashley. Resident Evil 4 obriga o jogador a ficar sempre atento aos arredores e cobra caro por cada descuido. Cuidar de Ashley também é um novo desafio: a filha do presidente dos Estados Unidos não tem mais uma barra de vida, o que é uma novidade excelente, mas agora está sempre perto de Leon e não pode ficar protegida em um mesmo lugar enquanto seu fiel escudeiro limpa o caminho sozinho.
Isso torna a tarefa de deixá-la em segurança mais difícil, mas também mantém a urgência em defendê-la. Leon pode pedir para que Ashley se mantenha sempre a um passo atrás dele ou se distancie por alguns instantes ao toque de um único botão, deixando que o jogador escolha qual a melhor forma de protegê-la.
Por sinal, Ashley está completamente diferente daquela menina vista no jogo original. Ela está mais madura, transparece seu medo de forma mais realista e é capaz de manter diálogos genuínos com Leon, que vão desde desabafos até brincadeiras descompromissadas em meio ao caos da aventura. Além disso, a jovem é muito mais útil como ajudante.
Outras mudanças bem-vindas são a diminuição da quantidade de Quick Time Events e a capacidade de defletir ataques com a faca. Embora ainda estejam presentes em algumas batalhas, os QTEs foram completamente retrabalhados para tornar a interação muito mais dinâmica, quase orgânica. Já a defesa com a faca dá à Leon mais opções contra os Ganados: defender um ataque na hora certa abre a guarda para um dos característicos chutes do protagonista, o que ajuda a economizar munição - embora seja preciso ficar atento à durabilidade da faca e consertá-la de tempos em tempos.
Para isso, basta desembolsar uma pequena quantia para o icônico Mercador de Resident Evil 4. O comerciante misterioso aparece em vários lugares ao longo do jogo e também vende armas, compra itens valiosos e é o responsável por aprimoramentos essenciais para uma progressão mais tranquila, com as interações sempre pontuadas por suas frases marcantes. Não é por acaso que o vendedor é um dos personagens mais carismáticos de toda a franquia.
O jogo traz uma galeria de chefes desafiadores e divertidos, que exigem abordagens bem diferentes uns dos outros. alguns deles passaram por modificações expressivas e se tornaram muito mais desafiadores em relação ao jogo original, deixando as vitórias com um sabor ainda mais especial.
Resident Evil 4 Remake talvez seja o melhor de toda a série em termos de narrativa. A história sofreu pequenas mudanças, mas nada muito drástico. O jogo se passa seis anos depois do desastre de Raccoon City e mostra um Leon mais experiente, que responde diretamente ao presidente dos Estados Unidos. Sua missão é resgatar Ashley, que foi sequestrada por um misterioso culto e está em uma vila europeia isolada.
Esse é apenas o pano de fundo de um enredo intrincado e cheio de segredos que mantém um ritmo soberbo. Os primeiros capítulos do remake são um pouco lentos, mas logo a ação toma conta do jogo e é difícil parar para respirar - e quase impossível parar de jogar. São mais de 18 horas de campanha que prendem a atenção do jogador com uma mistura de drama, quebra-cabeças, combates estarrecedores e alguns conteúdos extras cativantes e recompensadores.
Tudo isso é ilustrado por gráficos belíssimos e com efeitos de iluminação impecáveis, que constroem uma atmosfera sempre tensa e fazem jus às possibilidades das plataformas de jogos atuais. Além disso, a trilha sonora é digna dos melhores jogos de horror de sobrevivência e dá o tom certo para cada momento de suspense e para cada batalha. O remake de Resident Evil 4 também está muito bem dublado em português, seguindo os passos de Resident Evil Village.
Considerações
O remake de Resident Evil 4 entra para o seleto grupo de jogos essenciais, aqueles que você precisa, em algum momento, jogar. A Capcom fez um trabalho brilhante ao modernizar um dos seus maiores clássicos, tornando-o a experiência ‘survival horror’ definitiva - mais uma vez.
Resident Evil 4 Remake chega em 24 de março para PC, PS4, PS5 e Xbox Series X/S.
Esta análise foi feita em um PlayStation 5 com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Capcom.