O medo do desconhecido e a iminente luta por sobrevivência são elementos que criam, durante os momentos iniciais de Scars Above, uma atmosfera de tensão capaz de deixar qualquer jogador, fã ou não de ficção científica, apreensivo.
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É um sentimento que se faz muito presente no começo da jornada de Kate Ward, protagonista do jogo desenvolvido pela Mad Head Games, mas que não passa de uma promessa em um jogo sem identidade e que se perde em si mesmo.
Tentando se inspirar em Returnal, principalmente na ambientação alienígena, e Dark Souls, pela sua proposta em teoria desafiadora, Scars Above é uma mistura de tentativas mal sucedidas. Sua narrativa gira em torno da investigação de uma estrutura alienígena enigmática, que surgiu na órbita da Terra e leva a equipe SCAR para um misterioso planeta fora do sistema solar em ruínas que sugerem o desaparecimento de uma civilização antiga.
Nesse planeta, é preciso analisar recursos, descobrir pistas e mistérios, e resolver alguns quebra-cabeças básicos pouco empolgantes. Para isso, a protagonista-cientista pode escanear objetos desconhecidos, de materiais simples até artefatos curiosos, o que revela alguns detalhes da história, que é pouco desenvolvida e muitas vezes parece abandonar suas melhores ideias ao acaso, se tornando previsível demais para uma ficção científica.
Já a jogabilidade sofre com as expectativas criadas por um início relativamente desafiador. O combate baseado em elementos é a ideia mais promissora de Scars Above, mas à medida que o jogador progride pela campanha, Kate Ward ganha acesso a munições e equipamentos tão poderosos que os inimigos passam a ser meros obstáculos, incapazes de oferecer desafios reais.
A cientista tem à sua disposição uma única arma capaz de disparar quatro tipos diferentes de munições, desbloqueadas gradualmente no jogo: elétricas, de fogo, congelantes ou venenosas. É possível desencadear combos alternando rapidamente entre esses quatro elementos, além de ser possível identificar e explorar os pontos fracos dos inimigos.
É um sistema de batalha inteligente em incentivar diferentes combinações durante os combates, colocando o jogador para refletir sobre qual é o melhor plano para enfrentar inimigos e chefes. Mas isso só acontece nas primeiras horas do jogo: os inimigos não são balanceados - e nem muito inteligentes, adotando padrões fáceis de prever - e logo se tornam impotentes, mesmo quando são atingidos por elementos aos quais são resistentes - fragilidade que também se estende aos chefes do jogo. Somados, esses detalhes tornam o combate pouco empolgante e cansativo.
Por último, os gráficos de Scars Above passam longe de impressionar, apresentando um estilo de arte sem nenhuma identidade. Os dubladores, por outro lado, fazem um bom trabalho, mas que infelizmente não é bem representado pelo que é mostrado em tela.
Considerações
Existem boas ideias em Scars Above, mas apenas isso. Gráficos genéricos, combate pouco empolgante e narrativa rasa, além de extremamente curta - finalizar o jogo não deve demorar mais do que 8 horas - fazem do jogo da Mad Head Games uma das primeiras decepções do ano.
Scars Above está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S.
*Esta análise foi feita no PlayStation 5 com uma cópia gentilmente cedida pela Prime Matter.