The Chant é experiência intrigante de horror

Debute do estúdio Brass Token leva o terror cult dos anos 1970 para os games

3 nov 2022 - 08h12
The Chant é mais uma excelente experiência de terror em 2022
The Chant é mais uma excelente experiência de terror em 2022
Foto: Prime Matter / Reprodução

O ano tem sido generoso com os fãs de terror, e The Chant, uma jornada repleta dos mais grotescos horrores psicodélicos e primeiro jogo desenvolvido pelo estúdio canadense Brass Token, tem o necessário para conquistar fãs fiéis e aparecer nas listas de melhores do gênero em 2022. 

Inspirado nas obras de terror cult dos anos 1970, The Chant coloca o jogador no papel de Jessica Briars, uma jovem biomédica que decide tirar alguns dias de folga e aceita o convite de Kim, uma velha amiga que acabou se afastando graças à uma tragédia em comum do passado, para um retiro espiritual em Glory Island, isolado e cercado pela natureza. Esse parece ser o lugar perfeito para as duas se reconectarem, mas não demora para que tudo saia do controle.

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Depois de uma longa e arrastada introdução e de ser apresentada às outras pessoas do retiro, que também carregam seus próprios demônios e ganham ainda mais profundidade graças à excelente interpretação de atores reais, Jess se junta ao grupo para um ritual de meditação liderado por Tyler Anton, um guia espiritual enigmático e com ares de charlatão. Durante o ritual, Kim acaba quebrando o círculo e desperta a Penumbra, uma dimensão de horrores psicodélicos habitada por criaturas que se alimentam de energias negativas, e dá início a um verdadeiro pesadelo.

Essa é a premissa de The Chant, um jogo que mistura terror com ação e aventura em terceira pessoa e tem uma narrativa complexa e cheia de mistérios. Para desvendar a origem do culto e todas as suas ramificações, Jess precisará encontrar inúmeros itens de pesquisa, que vão de pequenos bilhetes que contam detalhes sobre cada um dos personagens e sobre o retiro, até  filmes curtos espalhados pelos seis capítulos. Esses elementos dão profundidade à história e mostram a atenção aos detalhes do time de desenvolvedores, que conseguiram criar uma narrativa que, embora demore a engrenar, prende a atenção e causa aflição.

Atenção aos detalhes dos personagens surpreende
Foto: Prime Matter / Reprodução

Essa aflição é alimentada pela ambientação e trilha sonora. A mistura de natureza densa com construções antigas ajuda a manter a apreensão antes de abrir cada porta ou dar os próximos passos floresta adentro. Além disso, a música - fator sempre importante no gênero - é composta por Paul Ruskay e criada com instrumentos analógicos, mantendo uma boa dose de tensão durante a exploração e, principalmente, nos encontros com inimigos.

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Avançar pelo cenário paradisíaco exige cuidado. As regiões tomadas pela Penumbra trazem confrontos desafiadores que, além de mostrar criaturas estranhas e pouco amigáveis - muitas delas são manifestações de sentimentos como culpa e ódio de algum personagem, e é possível conhecer detalhes sobre a lore de cada uma através de um Bestiário -, escancaram as fragilidades de Jess: é preciso saber escolher quais batalhas enfrentar, e fugir será a melhor opção na maioria delas. 

Os confrontos são desafiadores e muitas vezes mostram que o melhor é fugir
Foto: Prime Matter / Reprodução

Para lidar com cada ameaça, a protagonista conta com itens, que precisam ser fabricados, armadilhas e armas, que incluem sálvia e sal - popularmente usados para rechaçar energias negativas. Porém, ela é fisicamente fraca e de agilidade limitada, caindo facilmente no chão ao se esquivar, por exemplo. Jess também conta com habilidades poderosas concedidas por Prismas, coletados dos outros personagens. Seis ao todo, cada um dos Prismas libera a energia negativa de uma forma única e são essenciais nos momentos mais tensos. 

Mesmo com bons recursos em mãos, sobreviver não é tarefa fácil. Além de manter a atenção à saúde da protagonista, é preciso ficar de olho nos medidores mental e espiritual. Quando está na Penumbra, Jess tem constantes ataques mentais, que a atordoam rapidamente, e ataques de pânico, que a impossibilitam de usar qualquer arma e a tornam presa fácil. Para restabelecer o medidor mental, é possível transferir energia espiritual através de breves momentos de meditação, mas energia espiritual é necessária para usar a habilidade de cada Prisma. Assim, é preciso sempre buscar o equilíbrio entre os três medidores - felizmente, é possível usar alguns itens para restabelecê-los e aprimorá-los em uma pequena árvore de melhorias.

Considerações

The Chant conta uma história interessante e profunda através de uma narrativa com três finais possíveis, cheia de tensão e com excelentes elementos de horror. Além disso, o jogo conta com bons gráficos, com atenção especial aos pequenos detalhes de cada personagem, uma trilha sonora inquietante e uma dublagem digna de grandes estúdios. Infelizmente, não há dublagem em português, apenas legendas - que cumprem bem o papel, apesar de pequenos erros que devem ser corrigidos em atualizações futuras.

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The Chant - Nota: 8
Foto: Reprodução

O maior problema do jogo é a navegação pelos cenários. Não é raro se perder ou demorar para encontrar o caminho correto para se alcançar o próximo objetivo - um mapa faz falta nessas horas -, o que pode quebrar um pouco o ritmo, mas nada que comprometa a bela e terrível experiência criada pelo estúdio de apenas 19 pessoas.

The Chant está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S. 

*Esta análise foi feita no Xbox Series S, com uma cópia digital gentilmente cedida Prime Matter.

Fonte: Game On
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