Mesmo já tendo jogado The Last of Us no PlayStation 3, no PlayStation 4 e até mesmo no PlayStation 5, eu estava bem ansioso para reviver as aventuras de Joel e Ellie no PC, com recursos gráficos extras e outros requintes que os computadores oferecem.
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Após um adiamento e polêmicas geradas em cima das especificações reveladas dias antes do lançamento oficial, meu computador estava pronto para jogar The Last of Us Part I com tudo que a plataforma pode oferecer. Mas, infelizmente, a experiência é desagradável do começo ao fim, começando já pelo menu.
Shaders, stutterings e temperaturas altas
Eu poderia passar um tempo aqui para explicar a história de The Last of Us, mas eu imagino que isso não seja mais tão necessário. Depois de três versões diferentes nos consoles, quadrinhos oficiais e uma brilhante série produzida pela HBO, a história de TLOU já deve ser bem conhecida do público gamer.
Mas em todo caso, aqui vai um breve resumo: um apocalipse força os seres humanos a viverem reclusos em pequenas cidades controladas por oficiais do governo, incluindo Joel Miller. Joel é um homem que, após perder sua filha no começo do surto do fungo Cordyceps, passou anos como um homem amargo e feroz cujo único objetivo é sobreviver dia após dia. Trabalhando como um contrabandista temido por todos, Joel recebe a missão de levar Ellie, uma garota de 14 anos imune ao fungo, até o outro lado do país na tentativa de criar uma cura.
Durante essa jornada, Joel e Ellie se encontram em diversas situações de vida ou morte, que acaba desencadeando uma relação de pai e filha que ambos haviam abandonado por conta de seus passados conturbados. A história de The Last of Us é o ponto mais forte do jogo, mas fica difícil aproveitá-la quando o game em si resolve não funcionar de forma correta.
Logo no menu eu fui apresentado com a criação de shaders, algo que é normal em jogos na plataforma, mas não da forma que vi em The Last of Us Part I. Normalmente, a criação de shaders não demora mais que 20 minutos em casos mais extremos, porém com este jogo eu tive que esperar mais de uma hora e meia, cronometradas através da própria steam. Durante este tempo, era impossível usar o computador para qualquer outra finalidade, já que o uso da minha CPU e dos 32GB de memória RAM instalados em minha máquina estavam em constantes 100%.
Após os shaders terem sido criados, eu resolvi dar uma olhada nas configurações gráficas e fui surpreendido com o uso de 120% da VRAM de minha placa de vídeo. Eu tenho uma RTX 3070, e mesmo que ela tenha “apenas” 8GB de VRAM, raramente um jogo ultrapassa este limite. Eu fiz o possível para diminuir o uso de VRAM durante o jogo, mexendo em configurações como a qualidade de texturas e até ativando o recurso DLSS, e finalmente comecei a jogatina.
Stutterings, as famosas “travadinhas”, estão presentes logo na cena inicial do jogo. O jogo se recusa a manter uma alta taxa de quadros, mesmo em locais fechados e sem muita ação. O jogo travava muitas vezes durante o combate com vários inimigos, incluindo vezes que ele literalmente fechava sozinho sem apresentar nenhum tipo de código de erro. Eu tive que aceitar o jogo estar rodando entre 35-40 FPS, mesmo sabendo que minha máquina era poderosa o suficiente para conseguir ir além.
Superaquecimento também é um enorme problema durante a jogatina, já que resolvi monitorar o desempenho do meu computador, e fiquei surpreso ao ver que meu processador estava atingindo 90 graus. Jogar The Last of Us Part I literalmente estava colocando o meu computador em perigo, mas mesmo assim eu continuei até zerar, com a esperança de que isto melhoraria. Mas, como já era de se esperar, minhas esperanças foram em vão.
Apesar destes problemas, The Last of Us Part I no PC demonstra primor gráfico. O motor utilizado pela Naughty Dog em seus jogos mais recentes é impressionante, e isso é realmente posto em cheque em uma plataforma mais poderosa. Quando funciona corretamente, o jogo beira o fotorrealismo, desde os cenários até o modelo ultradetalhado dos personagens. Mas também ocorrem problemas, principalmente no carregamento de texturas de cartas, placas e até mesmo na textura de pele de Joel e Ellie.
Considerações
Infelizmente, ter ótimos gráficos não é o suficiente para um jogo se sustentar. Os diversos problemas presentes no jogo atrapalham a experiência, e pode arruinar a primeira viagem de muitos gamers de PC que a anos não jogam em consoles.
Estes problemas deveriam ter sido corrigidos antes do lançamento, e no estado atual fica impossível recomendar o jogo para qualquer um. The Last of Us Part I esconde uma grande história por trás de um produto quebrado e inacabado, e somente meses de atualizações poderão tirar o gosto amargo de um dos piores ports que eu já vi para a plataforma.
The Last of Us Part I está disponível para PC e PlayStation 5.
*Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Sony.