Retrogames: Pirataria inunda o mercado

Consoles emuladores paralelos prometem mais de 10 mil títulos retrô. Mas será que valem o preço?

10 jun 2021 - 11h09
(atualizado em 11/6/2021 às 10h31)

Uma simples busca no Mercado Livre ou plataformas de venda semelhantes revela a extensão do mercado pirata dos retrogames. Mini computadores Raspberry Pi e aparelhos TV Box são adaptados para funcionarem como consoles emuladores que rodam de Atari a Playstation 1. 

Os consoles variam no preço e na quantidade de jogos: Alguns chegam a prometer mais de 20 mil títulos, apesar de muitos games se repetirem entre diversas plataformas. Por cerca de 500 reais, é possível comprar uma TV Box com cartão de 64GB e dois joysticks. Parece bom demais para ser verdade?  

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21 mil jogos por R$499. Quanto a esmola é demais, o santo desconfia.
21 mil jogos por R$499. Quanto a esmola é demais, o santo desconfia.
Foto: Reprodução/ Mercado Livre

O MERCADO DE RETROGAMES

Os gamers nostálgicos estão cada vez mais numerosos, principalmente com o avanço das gerações dos videogames. O quarentão de hoje era a criança na década de 80 que gastava horas em frente a seu Atari ou Nintendinho, enquanto a geração vinte-e-tantos-quase-trinta passou o início dos anos 2000 jogando PsOne e Nintendo 64. 

As empresas estão ligadas nisso, e já tomaram providências: A Sony lançou o Playstation Classic  em 2018, com 20 jogos de PsOne diretamente na memória do console, processador de 4 núcleos e 16 GB de armazenamento interno. Todavia, o console não aceita mídia física. 

PlayStation Classic traz 20 títulos consagrados do console que fez história.
Foto: Divulgação

Em iniciativa similar, a Nintendo lançou o NES Classic Edition e o Super NES Classic Edition, que foram sucessos de venda e incluíam diversos clássicos de seus respectivos consoles. Venderam tanto que são difíceis de serem encontrados, e quem encontra paga caro. 

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Além do preço, o problema de licenciamento dos jogos com as produtoras limita a oferta disponível nos consoles oficiais. O NES Classic Edition, por exemplo, possui apenas 30 jogos. O SNES, 21 games a depender da versão. 

PIRATARIA

Para driblar os altos preços e a quantia limitada de games, os piratas chegam com ofertas possivelmente irresistíveis: Pelo mesmo preço que se pagaria em um relançamento oficial, você tem acesso a mais de 10 mil jogos e a diversos consoles, que passam até pelo Sega Dreamcast, Game Boy, Nintendo DS e Mega Drive. Esse último chegou a ser relançado no Brasil pela TecToy, com games embutidos na memória. 

Mas nem tudo são flores: Além de serem produtos ilegais, esses aparelhos não foram feitos para funcionarem como consoles. O TV Box, um dos mais comuns utilizados para emulação, serve para transformar televisões comuns em Smart TV, e é adaptado através de softwares de código aberto para funcionar como emulador. O Raspberry Pi é um mini computador de uso genérico, que utiliza desses mesmos softwares para funcionar como videogame. 

Por isso, a experiência de jogo nessas plataformas pode trazer travamentos, lags, reinicializações no meio do jogo e traduções mal feitas, além de versões capadas (Rips) de jogos consagrados que eliminam a trilha sonora original, que assim caibam mais títulos no cartão de memória. Os pacotes milagrosos de ROMs, os games utilizados na emulação, muitas vezes não passam por um controle de qualidade.

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Traduções de games piratas são feitas por equipes independentes.
Foto: Reprodução

No caso do Dreamcast, por exemplo, a emulação não é muito acertada. Tente jogar Crazy Taxi em uma TV Box e você deve conseguir, com sorte, 20 quadros por segundo, além de reboots insistentes e erros de sistema. Além disso, os controles que acompanham essas plataformas piratas costumam ser genéricos baseados no Dualshock 2, e muitas vezes não funcionam corretamente ou mesmo faltam botões para todas as ações a serem realizadas nos jogos. É um barato que sai caro. 

Procurada pela reportagem, a Nintendo não se pronunciou sobre o fenômeno de pirataria de retrogames até o fechamento desta matéria. O Nes e o Snes Classic ainda podem ser encontrados por aí, com valores que partem dos 500 reais. Os consoles originais da época variam muito em estado de conservação e preço, e tal como no mercado de automóveis clássicos não possuem uma tabela de valores padronizada: Cobra-se quanto acha que vale, e paga quem quer. 

O fato é que, para os gamers retrôs, essas plataformas piratas são uma via de duas mãos. De um lado, a oferta de milhares de títulos de diversos consoles é bem atrativa. De outro, podem acontecer travamentos de taxa de quadros, input lag (atraso entre apertar um comando no Joystick e a ação acontecer no jogo), além de se deparar com traduções feitas por fãs de games que podem não ser tão precisas.

Resta saber se as empresas vão conseguir contornar os problemas dos altos preços e da oferta limitada de títulos nos consoles retrôs, talvez adicionando retrocompatibilidade nos consoles de nova geração. Porque, ao que parece, o mercado de Retrogames veio para ficar. 

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Fonte: Game On
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