Um dos aspectos mais incríveis de uma expansão é a liberdade dada aos desenvolvedores para arriscarem coisas novas, mesmo em séries já consolidadas. Por outro lado, muitas delas perdem a essência do jogo base e, às vezes, decepcionam. Monster Hunter Rise: Sunbreak não cai em armadilhas e consegue unir o melhor dos dois mundos.
Ao mesmo tempo que traz novidades de peso, que devem impactar até mesmo no futuro da saga, a Capcom entrega uma campanha fiel ao que os fãs mais gostam na franquia.
Uma nova Aventura
A aventura de Sunbreak acontece imediatamente após os eventos de Monster Hunter Rise. Ou seja, para acessar a nova campanha, é preciso terminar ao menos o conteúdo mínimo de guilda do jogo, alcançando o nível sete do ranque alto.
Após salvar a vila de Kamura da destruição, a fama do matador de monstros anciões se espalhou pelo mundo e, desta vez, um reino distante pede ajuda. Detalhes à parte, a premissa é a mesma de sempre: algo faz com que os monstros da região fiquem agressivos e ataquem de forma desenfreada. Cabo ao jogador descobrir o mistério por trás disso enquanto derrota monstros lendários.
Para atender o pedido de ajuda, será preciso embarcar e ir para uma terra distante de Kamura. Elgado é uma cidade portuária mais desenvolvida tecnologicamente, que contrasta com o visual digno do Japão Feudal de Kamura. O novo local serve como lobby para o jogador se preparar antes de cada caçada, e os NCPs executam as mesmas funções de Rise: há aquele que prepara comida, um que cria suas armas, outro que te dá missões.
Todas as missões da nova campanha estão no novo nível Mestre. Em termos práticos, isso significa que até monstros repetidos estão mais poderosos - alguns trazem até ataques inéditos para tirar a paz até dos mais veteranos. A campanha de Sunbreak é praticamente a mesma do jogo base, com sete níveis de ranques para desbravar antes de chegar no endgame.
O que mais surpreende é que, em diversos momentos, as cutscenes e o desenrolar da narrativa são superiores ao jogo base, o que mostra a evolução dos desenvolvedores sobre a RE Engine em Monster Hunter.
Novos monstros e locais para explorar
Apesar de boa parte das missões de Sunbreak trazerem de volta os mesmos monstros de Rise, há algumas novidades no bestiário há muito pedidas pelos fãs. Astalos, Seregios, Espinas e diversos outros retornam em grande forma, e a batalha contra Gore Magala, em especial, é incrível e deixa os jogadores em êxtase - sua transformação com animações e gráficos mais modernos impressionam.
Além disso, há diversos monstros inéditos. Os três lordes que protagonizam a campanha, Garangolm, Lunagaron e Malzeno, são os mais importantes deles. Nesse ponto, há certa decepção: a batalha contra os dois primeiros lordes têm batalhas mornas e, tirando um ou outro detalhe, não contam com mecânicas ou ataques que fogem da zona de conforto. Por outro lado, Malzeno salva o dia: um monstro gigante, com teletransportes rápidos, transformação e ataques belíssimos em área - tudo o que deixa uma marca em Monster Hunter.
Para enfrentar todos esses desafios, são apresentadas duas novas áreas. O retorno da Floresta é nostálgico, e sua nova versão consegue ser bem fiel à original em diversos pontos, mesmo se adequando à movimentação vertical introduzida em Rise. Já o Forte conta com uma aura épica e uma grande variedade de ambientação: e um momento, o jogador está em um pântano e, em outro, em uma cordilheira de gelo - embora possa ser um pouco estranho, dá espaço para batalhas épicas.
A Máquina como companheira
A principal novidade de Monster Hunter Rise: Sunbreak é a possibilidade de iniciar uma caçada com companheiros controlados pela inteligência artificial. É até estranho lembrar que a franquia não tinha essa opção como um de seus pilares, uma vez que atrairia muito mais jogadores que preferem embarcar em suas aventuras sem interações online.
Além de poder ter uma companhia artificial na campanha principal, incluindo na luta contra todos os lordes, a novidade tem até uma linha de missões próprias, chamada “Missões de Colaboração de Seguidor”.
Essa novidade foi implementada de maneira bem orgânica no jogo. Os seguidores são NCPs que aparecem nas campanhas e, quando o jogador progredir por Sunbreak, pedem ajudam para caçar um ou mais monstros específicos ao lado do jogador. À medida que as caçadas são feitas em conjunto, o nível de afinidade aumenta e eles ficam disponíveis também para outras missões.
Se por um lado o temor da comunidade sempre foi a implementação dessa inteligência artificial, uma vez que Monster Hunter é um jogo rápido e com uma infinidade de variáveis, por outro a Capcom acertou. De forma geral, o comportamento da inteligência artificial é previsível, assim como o dos monstros. Os seguidores têm ações específicas que executam uma vez por caça, como colocar armadilhas, por exemplo. A mais marcante delas é quando eles saem e buscam outro monstro no mapa e chegam montados de forma heróica, muitas vezes mudando o rumo da batalha. Além disso, eles também tomam decisões simples e funcionais, como priorizar a cura em momentos de tensão ou executar padrões de ataque baseados no equipamento.
Essa ajuda é bem-vinda. No ranque Mestre, os monstros são mais resistentes e eliminar todos eles sozinho seria cansativo, além de praticamente obrigar o jogador a jogar online. Com os novos companheiros, as coisas ficam mais tranquilas e as caçadas duram menos, são menos arriscadas, mas igualmente recompensadoras.
Essa novidade tem a chance de causar um impacto no futuro de Monster Hunter. E a tendência é só melhorar - quem sabe uma versão ainda melhor em um próximo jogo, com a possibilidade de usar esses seguidores em toda a campanha.
Considerações
Sunbreak é uma expansão imponente. O conteúdo é robusto e a campanha dura tanto quanto a do jogo base. Além disso, as novidades são relevantes e muito funcionais, com potencial para impactar todo o futuro da franquia de forma positiva. Com exceção de um ou outro detalhe, o lançamento é essencial para quem adora caçar monstros gigantes por longas horas.
Monster Hunter Rise: Sunbreak será lançado em 30 de Junho para PC e Nintendo Switch.
* Essa análise foi feita no PC com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Capcom.