Valorant abraça diversidade da comunidade, apontam jogadoras

Game On conversou com jogadoras, streamers e casters para entender a preferência pelo jogo de tiro da Riot

7 mar 2023 - 10h53
(atualizado às 18h31)
Para a apresentadora Mah Lopez, ser mulher, negra e LGBTQIA+ não foi um problema em Valorant
Para a apresentadora Mah Lopez, ser mulher, negra e LGBTQIA+ não foi um problema em Valorant
Foto: Instagram / Reprodução

Desde seu lançamento em 2020, Valorant vem construindo uma comunidade vibrante e diversificada. Não é de hoje que o game de tiro da Riot parece ser mais atraente para o público feminino e LGBTQIA+.

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Mas é isso mesmo? O Game On conversou com jogadoras e criadoras de conteúdo para entender os motivos da popularidade do game e o que faz de Valorant um ambiente mais inclusivo do que outros jogos de tiro online.

"Acho que desde muito cedo o Valorant trouxe uma visibilidade para mulheres que eu não tinha visto anteriormente em nenhum outro jogo", diz Flávia 'Kakarota' Coelho, narradora e criadora de conteúdo. "Desde que o cenário competitivo se estabeleceu, já havia essa preocupação de ter espaço para minorias. Acho que isso ajudou os homens a perceberem que realmente era necessário que esse espaço existisse, e isso fez com que muitos entendessem e apoiassem isso, ganhamos aliados".

A narradora Thais Quinzel, que veio do jogo Overwatch para o Valorant, diz se sentir confortável para usar o próprio nome e até mesmo conversar no chat de voz. "Eu sempre usei nomes masculinos nos jogos para fugir de muitas situações", explica. Ela começou a jogar o game ainda na fase beta, em 2019 e curtiu a jogabilidade e as habilidades dos agentes.

Mulheres trans também se sentem mais acolhidas nas partidas de Valorant do que em outros games similares. É o caso da streamer Ana Lumi, que sempre jogou CS:GO e começou a jogar Valorant no dia do lançamento. Para ela, o fato do jogo ser um FPS tático com habilidades é muito atraente, pois abre mais possibilidades durante as partidas. Ana também joga Rainbow Six Siege e League of Legends.

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A apresentadora Maah Lopez, que veio do Free Fire para o jogo da Riot, também cita a diferença de idade da comunidade como um fator importante. "O cenário de Valorant foi o que mais me abraçou. A galera é super receptiva e respeitosa. É um pessoal mais velho, de um tipo de jogo mais tradicional, mas com um público que abraça, que entende a gente". Lopez explica que tinha medo quando começou a trabalhar com o game por ser mulher, LGBT e preta, mas que se surpreendeu pois "essas questões nunca foram problema no Valorant."

Ninguém vai a uma festa para ser xingada

Jogar online é uma atividade corriqueira para muitos jovens, uma das formas de entretenimento mais populares para quem curte games, ainda mais depois de dois anos de pandemia e isolamento. Mas não é fácil para mulheres e pessoas trans, que precisam lidar com jogadores tóxicos e ofensivos para se divertir.

Flávia enumera várias ofensas machistas que sofreu em partidas online quando era mais nova: "Tem wifi na cozinha? Vai lavar louça, fazer faxina", cita a narradora. "Eu parava de jogar por dias, tenho muita dificuldade de querer jogar competitivo ou sozinha com receio de perceberem que sou mulher e ficarem me culpando e xingando". Kakarota explica que muitas vezes precisava mutar a comunicação nas partidas, o que é ruim para quem joga em equipe.

Universo gamer cresce a cada ano e abraça a diversidade
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"Em comparação as experiências que eu tive em outros jogos, acho que ainda estamos longe do ambiente ideal, mas percebo que o Valorant é seguro e que existe um esforço pra que situações desagradáveis sejam evitadas e punidas", aponta Flávia. "Muitos acreditam que a internet é a terra sem lei, acham que por se esconderem atrás de um nick dentro de um jogo, que podem ser machistas, homofóbicos, racistas, xenofóbicos e por muito tempo as pessoas saiam impune". 

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Para Flávia, não tem nada melhor do que se sentir segura pra se divertir. "Ninguém sai de casa pra uma festa pra ser xingada, ninguém quer trabalhar ouvindo xingamentos. Hoje em dia jogar é o ganha pão de muitas mulheres, seja competitivamente, seja criando conteúdo e algumas apenas querem se divertir, a experiência se torna muito mais agradável quando você se sente mais tranquila e segura, sem a tensão de ser desrespeitada a qualquer momento".

"É uma comunidade menos tóxica que em outros estilos, como MOBA (especificamente o LoL, que eu também jogo)", explica Ana Lumi. "Mas como em qualquer lugar, é inevitável que essa galera apareça". Ana conta que já teve que ouvir xingamentos trnasfóbicos em partidas online. "A gente aprende a se blindar e é report na veia o tempo todo", avisa a streamer.

Mesmo a apresentadora do game conta que nas partidas online, acaba passando por situações assim e que costuma disfarçar a voz para evitar dores de cabeça. "Eu não sofro tanto nas partidas online, porque quando eu abro o microfone já falo meio grosso. 'E aí, irmão' e o cara já manda um 'e aí, mano, tamo firme'. Eu deixo o nick ocultado. Mas às vezes você esquece e aí já vem 'ah, é mina'.", revela Maah Lopez. "O pessoal tem que evoluir ainda a noção de que jogo não foi feito só para homens. Respeito cabe em qualquer lugar".

Diversidade nas partidas

Segundo a Pesquisa Game Brasil, mais da metade do público gamer brasileiro é mulher. E embora eventos como a Brasil Game Show ainda pareçam predominantemente masculinos, o cenário é outro nas partidas de Valorant e de jogos online.

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"Ao contrário do que eu via antigamente, hoje abro qualquer plataforma de live e vejo muitas mulheres jogando, a grande maioria que eu acompanho são mulheres e excelentes jogadoras", diz Flávia, que acredita que as jogadoras estão mais confiantes em 'mostrar a cara'. "Sempre tivemos muitas mulheres jogando, mas por muitas vezes tivemos que nos esconder atrás de um nick, ou evitar de falar no feminino, não abrir o microfone".

Thaís também percebe que há um número crescente de jogadoras e acredita que isso se deve ao investimento da Riot no cenário inclusivo, com mais campeonatos e incentivo para as jogadoras. "Lembro que uma vez fui jogar uma ranked e falei no chat de voz 'eae galera' e o time todo era de mulheres e foi uma situação maravilhosa, jogamos juntas umas 3 partidas consecutivas e todas falaram que estavam muito felizes por achar uma equipe completa só com mulheres".

É uma situação parecida para jogadores trans, aponta Lumi. "A Riot abriu esse espaço de forma muito mais facilitada com os campeonatos inclusivos, facilitando muito a nossa entrada para o meio", aponta a jogadora e streamer. Lumi acredita que a comunidade de jogos de tiro em geral tem evoluído muito quando se pensa em preconceitos. "Tanto que hoje vemos players trans (sejam mulheres trans, pessoas nb) que antes".

Um dos jogos mais populares do Brasil, Valorant é gratuito e tem uma comunidade vibrante, além de torneios como o Circuito Game On, que vai distribuir R$ 5 mil em premiação para os times vencedores no final de março, um oferecimento da Cruzeiro do Sul Digital. Quer participar? Saiba todos os detalhes aqui.

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Fonte: Game On
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