A volta do Fiat Uno: realidade ou sonho de uma noite de verão?

Lançamento do Fiat Grande Panda na Europa dá à Fiat a oportunidade de ressuscitar um nome icônico no Brasil, mas isso é plolêmico

1 jan 2025 - 09h59
Projeções de um futuro Fiat Uno partiram do conceito Fiat Centoventi
Projeções de um futuro Fiat Uno partiram do conceito Fiat Centoventi
Foto: Reprodução Autocar / Guia do Carro

Há mais de dois anos muito se fala sobre a volta do Fiat Uno ao mercado brasileiro. Desde que a Fiat mostrou na Itália o conceito Centovinte, isso se tornou um exercício de futurologia favorito entre várias mídia especializadas do setor automotivo. Mas faz sentido?

De concreto, não existe nada. Existe, isso sim, conjecturas, pois a nova geração de hatches compactos da Fiat na Europa já foi batizada de Grande Panda. E no Brasil o nome Panda nunca foi utilizado pela Fiat, que preferiu a marca Uno mesmo quando o carro era quase uma cópia do Fiat Panda italiano.

Publicidade

Uma coisa é certa: o Fiat Argo vendido no Brasil terá um substituto. Ele pode não ser exatamente como o Grande Panda europeu, mas terá muito dele. O design, quase com certeza, será o mesmo, pois as marcas estão cada vez mais globalizadas na identidade visual.

É possível que o substituto do Argo seja simplesmente… o Novo Argo. Seria falta de criatividade numa montadora que faz sucesso no Brasil justamente por ser inovadora? Talvez. Chamá-lo do Grande Panda no Brasil é uma possibilidade? Sim. Mas soaria estranho: por que “Grande” Panda se nunca tivemos um Panda?

Fiat Grande Panda italiano em sua versão básica, como se fosse um "Uno Mille"
Foto: Motor 1 / Guia do Carro

E que tal Big Panda? Seria incoerente usar essa variação em inglês, pois a Fiat vem tentando cada vez mais ser identificada como marca italiana. Por tudo isso, Fiat Panda ou – por que não? – Fiat Uno seriam nomes mais interessantes.

A decisão está nas mãos de Emanuele Cappellano, CEO da Stellantis na América do Sul. Cappellano tem simpatia pelo nome Panda, pois é um italiano. Para além disso, o nome Uno pode soar como uma volta ao passado, coisa que as montadoras costumam rejeitar. Ainda que, no Brasil, Fiat Uno tenha sido um caso de sucesso.

Publicidade

Acontece que Gol também era um nome de sucesso e a Volkswagen simplesmente o desprezou, apesar da forçação de barra de vários especialistas. Contrariando toda a lógica industrial, diziam que o novo SUV da Volks seria o Novo Gol. Nunca existiu essa possibilidade, mas ela foi fartamente difundida.

A Volkswagen escolheu Tera, um nome horrível, mas que tem a ver (segundo alguém lá de dentro) com o mundo moderno e conectatado. Teria conexão com “terabyte”, como se esse termo estivesse de fato na boca do povo. Não está.

É preciso considerar também que o resgate de nomes icônicos se tornou comum nos últimos anos. A Mitsubishi usou Eclipse para o SUV Eclipse Cross. A Ford chamou seu SUV elétrico de Mustang Mach-E. A picape monobloco foi batizada de Maverick (antigo cupê). O Ford Capri retornou ao mercado como SUV.

Nomes como Renault 5 e Honda Prelude também foram resgatados pelas respectaivas montadoras. Nessa mesma linha, François Oliver, CEO global da Fiat, já disse que a montadora italiana pretende resgatar nomes icônicos do passado. Um deles, sem dúvida, pode ser o Uno.

Publicidade

Mas, assim como Gol para a Volkswagen, o nome Uno para a Fiat não representaria uma coisa recente demais e que está mais ligada ao atraso tecnológico do que à nostalgia? Só a Fiat pode nos dizer isso. 

Se eu fosse apostar em qual será o nome do substituto do Fiat Argo no Brasil, hoje eu não apostaria em Fiat Uno. Posso estar errado, pois na verdade ninguém sabe ainda, mas eu diria que a volta do Uno não passou de sonho de uma noite de verão. A ver.

Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se