Audi, Mercedes, BMW: saiba por que os carros estão parecidos

Veículos seguem tendência visual para criar identidade da marca e modelos, principalemente os de uma mesma marca, ficam cada vez mais parecidos - entenda por quê

11 fev 2015 - 07h12
(atualizado às 09h37)
Identidade da marca deixa os carros cada vez mais parecidos
Identidade da marca deixa os carros cada vez mais parecidos
Foto: Divulgação / Arte Terra

Uma volta pelas ruas de qualquer grande cidade brasileira pode deixar a impressão de que cada grande marca de carro tem apenas um modelo a oferecer. Isto porque os designers parecem seguir, com cada vez eficiência, uma única tendência de design. E mais: essas linhas mestras de design parecem influenciar não só os carros de uma única marca, mas de todo o mercado. 

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Apesar de haver lançamento após lançamento, o consumidor já percebe que, cada vez mais, os carros se parecem entre si e perdem identidade. Com a adoção de grades frontais com o mesmo visual, ou de linhas laterais quase idênticas, alguns modelos chegam a confundir quem quer adquirir um veículo.

“Uma tendência se forma a partir da escolha de alguns atributos que todos parecem gostar e que acabam virando modismo. Uso de linhas retas, curvas, superfícies mais arredondadas - todas essas características podem se encaixar na tendência”, explica Marcelo Oliveira, coordenador do curso de Design da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “E mais, todo designer sonha em desenhar um Aston Martin ou uma Ferrari, por exemplo. Aí, muitos acabam importando elementos dos mesmos carros e isso vira tendência”.

Para o mestre em Engenharia Automotiva e coordenador do curso de Engenharia da Mackenzie Campinas, Luiz Vicente Figueira de Mello, a engenharia também tem parte da culpa pela crescente semelhança entre carros.

“As montadoras usam a mesma base para vários modelos de veículo e, assim, cada vez mais veículos disputam a mesma plataforma.  Isto está associado à motorização, já que não temos o mesmo número de motores que veículos”, explica.

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Utilizar a mesma plataforma é uma forma de reduzir custos de produção. "Nem sempre os veículos são do mesmo segmento. Se pegarmos o grupo Volkswagen, por exemplo, a mesma plataforma é utilizada no Porsche e no Audi T7 - Touareng, da Volks, e a Cayenne, da Porsche, também usam a mesma plataforma. Em alguns casos, o carro acaba ficando parecido”, explica Figueira de Mello.

Identidade de marca

Embora haja uma série de fatores que contribuam para que os carros estejam cada vez mais parecidos, um é mais forte que todos os outros: o desejo das montadores de terem a chamada identidade de marca no design. Com ela, os mesmos elementos são usados em carros de toda a linha para criar uma espécie de fio que une os produtos. “Se estabelece uma linguagem. A BMW Série 1, por exemplo, não poderia ser diferente do resto da linha", afirma Marcelo Oliveira, do curso de design do Mackenzie.

Fica difícil para o consumidor identificar alguns veículos da mesma marca
Foto: Mercedes-Benz / Divulgação

O engenheiro Luiz Vicente Figueira de Mello lembra ainda que as marcas montam carros com desenhos parecidos para que todos - do comprador do modelo de entrada ao comprador do topo de linha - se sintam parte da 'família' composta por carros da marca. Assim, o apelo dos carros atraem consumidores com rendas diferentes.

Mais: se o modelo de entrada tem design que lembra o topo de linha, quem compra a versão mais em conta já tem despertado o desejo de trocar o carro por um melhor e mais caro. É mais um recurso no esforço para fidelizar o consumidor. 

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Mecânica vs. design

A preocupação cada vez mais estratégica e menos passional com o design se explica. Atualmente, para o consumidor, o design é fator determinante na hora da compra. Mecânica e motorização, que já foram prioridade, ficam em segundo plano. "O brasileiro é apaixonado por carro, mas, tirando os especialistas, se compra pelo design", diz Oliveira. "Isso às vezes explica o sucesso dos carros 1.0 litro no País. Quantos carros têm a versão 1.4 litro e 1.6 litro, mas como o modelo 1.0 tem o design igual, muita gente opta pelo mais barato, que 'entrega' a mesma coisa - pelo menos em termos de aparência", explica. 

O mestre em Engenharia Automotiva concorda e ainda destaca que, para a maior parte do público, o motor acaba sendo um acessório do carro. "A parte mecânica, tirando os engenheiros formados e entusiastas, interessa menos - ainda que motor, transmissão e câmbio sejam as partes mais caras do automóvel", ressalta. "O visual do veículo é o que atrai", finaliza. E, estranhamente, carros cada vez mais parecidos parecem atender a essa prioridade. 

Fonte: Terra
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