Rodamos uma semana na cidade e na estrada com o novo Hyundai Creta Ultimate para saber se ele merece a enxurrada de elogios que recebeu ao ser lançado em outubro de 2024. Para além de ganhar um novo design, menos exótico, recebeu um motor muito mais eficiente, melhorando o desempenho e o consumo.
Não é exagerado dizer que o Creta Ultimate 1.6 TGDI deu à versão topo de linha do Hyundai uma dignidade que faltava ao Creta Ultimate 2.0 aspirado. A troca de motor foi fundamental para essa nova vida do Hyundai Creta Ultimate.
Com gasolina, o antigo motor 2.0 aspirado tinha 157 cv a 6.200 rpm e 188 Nm a 4.700 rpm, com câmbio AT6. Ia de 0 a 100 em 8,8 segundos, chegava a 190 km/h e fazia 11,1 km/l na cidade e 12,4 km/l na cidade. Como era flex, entregava mais potência com etanol.
O novo motor 1.6 turbo com injeção direta só gira com gasolina. Ele tem 193 cv a 6.000 rpm e 265 Nm de torque a 1.700 rpm. O câmbio é DCT6. A entrega de torque, além de ser muito mais generosa, agora acontece em baixas e médias rotações. E a potência máxima também chega um pouco antes.
Isso fez o Creta Ultimate ficar muito mais ágil e econômico nas retomadas de velocidade, especialmente nas reacelerações do trânsito, em baixas e médias rotações. Ele agora faz 11,9 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada. A aceleração de 0 a 100 é feita em 7,8 segundos e a velocidade máxima foi para 210 km/h.
O Hyundai Creta certamente merece um sistema híbrido leve de 48 volts para ficar mais eficiente. Mas, enquanto não tem, agora exibe as mesmas boas características de SUV compacto familiar e com um rodar mais suave. A suspensão é bem confortável, mas o comportamento direcional é bom.
Por dentro, um dos itens mais legais do Creta Ultimate é o volante de direção com base achatada e empunhadura bem grossa. Ela aumenta um pouco o prazer de dirigir. O design do painel, agora todo agrupado, ficou visualmente interessante, mas algo nele cansa; talvez o grafismo do velocímetro e do conta-giros.
Para quem gosta, o quadro de instrumentos digital também exibe o ponto cego do retrovisor quando o motorista dá seta para a esquerda ou para a direita. O perigo é o motorista se confundir e deixar de olhar para o retrovisor, onde se vê realmente o trânsito.
A multimídia do Hyundai Creta evoluiu bastante e é fácil conectar Android Auto e Apple CarPlay. Também foi boa a solução de ter uma entrada USB-A para conexão e uma USB-C para carregamento rápido, além do carregamento por indução. A posição de dirigir e o conforto dos bancos também agradaram, bem como o ar-condicionado de duas zonas.
Certas economias persistem. Embora seja um carro de 190 mil reais, os passageiros do banco de trás não contam com a bolsa nas costas dos bancos dianteiros, que são importantes para guardar revista, livro, Kindle ou até mesmo o celular. Menos mal que o SUV tem alças de segurança no teto.
O carro manteve suas medidas anteriores, a do design exótico, e nelas destacam-se uma boa altura do solo (190 mm) e um bom porta-malas (422 litros), compatível com a categoria. O espaço atrás é digno, para pernas e ombros, embora não seja exatamente folgado. O acabamento da versão Ultimate também está dentro do padrão da categoria.
O Creta de 193 cv é o SUV mais potente de sua categoria e pesa 1.355 kg. Por isso, é bom saber que os freios são a disco nas quatro rodas e que há aletas no volante de direção para trocas de marcha manuais, caso o motorista queira se empolgar com o modo Sport. Não muda muito o desempenho, mas há esta opção e também a Normal e a Eco.
Os pneus 215/55 R18 talvez poderiam ser um pouco mais largos, pois o carro é alto, mas isso prejudicaria um pouco o consumo. Mesmo elevado, o Creta é um SUV crossover, que não se propõe a enfrentar terrenos muito complicados, como alguns carros 4x4 (caso do Jeep Renegade, da mesma categoria).
Essa versão 1.6 turbo é mais apropriada para a estrada do que a 1.0 TGDI, pela potência superior. Por isso, vem muito bem equipada, com seis airbags e alguns itens de assistência à condução, como alerta de colisão frontal, assistente de permanência em faixa e navegador por GPS nativo.
Quanto ao design, é fato que o visual mais integrado tem mais chances de agradar do que a antiga estética fragmentada. A Hyundai deu ao Novo Creta os mesmos elementos do Hyundai Palisade, seu importado de R$ 449.990. Bem, o Creta Ultimate custa R$ 189.990 e disfarça o facelift.
Porém, uma análise mais detalhada vai mostrar que a Hyundai vestiu o Creta com uma roupagem de linhas retas quando seu formato original era totalmente curvo. Visto de lateral, por exemplo, parece que alguma coisa não combina. A parte frontal é tão futurista que a lateral parece uma volta ao passado.
O Hyundai Creta foi o terceiro SUV mais vendido no ano passado e é o bicampeão nacional de vendas no varejo, considerando todas as categorias. Isso demonstra que seu público não está tão preocupado com o design, mas sim com o conjunto da obra, que segue sendo muito bom.