A BYD rescindiu nesta semana o contrato com a construtora chinesa Jinjiang, que era responsável pelas obras da fábrica da marca em Camaçari (BA). A decisão foi tomada após o Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA) ter encontrado 163 funcionários chineses da construtora em condições análogas à escravidão.
Em um comunicado oficial divulgado à imprensa, a BYD Auto do Brasil afirma que recebeu uma notificação do Ministério do Trabalho e Emprego de que a construtora terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda. havia cometido graves irregularidades. “A BYD Auto do Brasil reafirma que não tolera desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana”, afirma a nota.
“A BYD Auto do Brasil reitera seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, em especial no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores. Por isso, está colaborando com os órgãos competentes desde o primeiro momento e decidiu romper o contrato com a construtora Jinjiang”, afirmou Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD Brasil.
Dentre as denúncias, os trabalhadores não tinham alojamentos em boas condições de higiene, com quantidades insuficientes de colchões e armários, além de poucos banheiros, sem separação por sexo. O armazenamento de objetos e alimentos também era inadequado. Os alojamentos foram interditados, e os trabalhadores resgatados pelo MPT.
Também há relatos de agressões e maus-tratos aos trabalhadores, além da retenção de parte dos salários e dos passaportes dos funcionários. “Diante disso, a companhia decidiu encerrar imediatamente o contrato com a empreiteira para a realização de parte da obra na fábrica de Camaçari (BA) e estuda outras medidas cabíveis”, afirma a empresa na nota oficial.
Ainda de acordo com a própria BYD, os funcionários da construtora terceirizada não serão prejudicados por essa decisão, e terão os seus direitos assegurados. A montadora ainda transferiu todos os 163 trabalhadores para hotéis da região. A fábrica na Bahia será a maior da marca fora da China, e terá capacidade para produzir até 150 mil veículos por ano na primeira fase de operação e 300 mil unidades na segunda fase.
Com base nas denúncias recentes, a BYD afirma que realizou nas últimas semanas uma revisão detalhada das condições de trabalho e moradia de todos os funcionários das construtoras terceirizadas responsáveis pela obra, notificando por diversas vezes essas empresas e inclusive promovendo os ajustes que se comprovaram necessários.
Na próxima quinta-feira, a BYD e a Jinjiang terão uma audiência virtual em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego para apresentarem as providências para a solução do caso. Com a previsão de início das atividades para o início do ano que vem, a nova fábrica de Camaçari fará os modelos Song Pro e Dolphin Mini inicialmente.