Primeira picape média fabricada no Brasil, desde fevereiro de 1995, a S10 foi superada pela Hilux em 2016. Desde então esta tornou-se inabalável entre as tradicionais com porte em torno de 5,5 m de comprimento e suspensão traseira com eixo rígido. Uma Ranger inteiramente nova desde 2023 também acabou por ultrapassar a pioneira, que só recebeu atualizações a partir de maio de 2024.
O modelo Chevrolet ganhou vários aperfeiçoamentos, sem marcar nova geração, porém com mudanças substanciais pincipalmente de estilo e boa evolução no trem de força. A frente totalmente reformulada, seu grande trunfo, destaca-se por faróis delgados e grade de maiores dimensões.
Nova tampa da caçamba e lanternas traseiras com assinatura noturna de LED também demonstram as diferenças. Bitolas dianteira e traseira alargadas por meio de rodas com maior off-set, molas e amortecedores recalibrados, novos bancos, coluna de direção reposicionada e novo volante agora também regulável em distância completam as mudanças.
Agora há nova caixa de câmbio automática de oito marchas; motor ganhou 7 cv (207 cv) e 1 kgf·m (52 kgf·m). Parece pouco, mas este é um ponto de destaque porque as respostas melhoraram nitidamente, além das duas marchas adicionais diminuírem o nível de ruído.
S10 é menos ruidosa que a Hilux, contudo perde para a Ranger que tem 10 marchas. Também é visivelmente mais rápida que a líder de mercado e perde por pouco frente à picape da Ford, bem mais potente, porém com massa 209 kg maior.
A nova calibragem das suspensões absorve melhor os impactos dentro e fora de estrada, apesar dos pneus todo-terreno serem um pouco ruidosos no asfalto. A direção eletroassistida facilitou as manobras e se adapta bem em velocidade mais elevadas.
Um SUV que deixa cair o queixo: Cayenne Turbo GT
Quando a Porsche decidiu entrar no mercado de SUV com o Cayenne, em 2002, chocou os puristas. Custava acreditar que a marca admirada ao redor do mundo pelo icônico 911 (hoje único carro esporte com motor atrás do eixo traseiro), fosse arriscar em um segmento em que o “S” de Sport representa só uma letra supérflua para um utilitário esporte.
Todavia o SUV ajudou muito a recuperar financeiramente a empresa e mais adiante, depois de reviravoltas, assumir o controle do Grupo VW. As famílias Porsche e Piëch ainda detêm 52% do capital do conglomerado, mesmo com a Porsche listada em bolsa de valores desde 2022.
O Cayenne Turbo GT destaca números superlativos: V-8, 4-L turbo, 659 cv, 86,7 kgf·m, 0 a 100 km/h em impressionantes 3,3 s, máxima de 305 km/h. Em um carro com massa em ordem de marcha de 2.245 kg pode parecer surreal, mas não é.
Costas colam no banco ao acelerar a fundo, comportamento em curvas totalmente previsível graças à combinação perfeita de suspensão pneumática adaptativa, eixo traseiro direcional com vetorização de torque e aerofólio traseiro ativo. Junte-se a isso a capacidade incrível dos freios a disco carbo-cerâmico. O ronco borbulhante do motor ecoa mais fortemente ao toque de um botão.
Ao teto no estilo cupê em compósito de fibra de carbono, material também presente no aerofólio e nas carcaças dos retrovisores, juntam-se o interior totalmente renovado e o volante na posição quase vertical típico de todos os Porsches com a típica tira amarela na parte superior do aro (herança das competições).
Apesar dos 2.895 mm de entre-eixos, o espaço de pernas no banco traseiro é apenas regular para dois adultos com mais de 1,80 m de estatura. Porta-malas bem grande: 549 litros.
Difícil achar uma falha, porém existe: console central, onde ficam controles do ar-condicionado, reflete a luz solar em determinados horários, um incômodo particular em países tropicais.