A Jeep inaugurou na terça-feira a primeira planta da empresa fora dos Estados Unidos, em Goiana, Pernambuco. Com capacidade para produzir 250 mil carros por ano, o local conta com 700 robôs na linha de produção e uma particularidade: 100% dos funcionários da produção nunca tinham montado um carro na vida.
De acordo com dados apresentados pelo Diretor de Recursos Humanos do Polo Automotivo Jeep, Adauto Duarte, atualmente 1.971 funcionários trabalham na fábrica, sendo 82% deles nordestinos – 78% são pernambucanos. Além dos funcionários que nunca trabalharam na indústria automotiva, a diretoria da marca também confirmou que 75% dos líderes da empresa nunca trabalharam com produção de carros.
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Isso acontece devido ao forte investimento da empresa na região da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Entre os funcionários estão homens que trabalhavam no mangue e trabalhadoras do lar que vendiam bolo para sustentar a família.
"Encaramos esse desafio como uma oportunidade. Nosso objetivo primário era compreender a realidade local e os desafios que projetos dessa magnitude poderiam apresentar. Para isso, vários colegas de RH da América Latina se envolveram e se juntaram aos admitidos em Pernambuco e aos principais gestores locais. Juntos, agrupamos várias competências”, explica Adauto Duarte.
Para atrair e recrutar talentos, do nível básico ao altamente especializado, a área de Recursos Humanos lançou mão de vários métodos. Utilizou desde websites para receber currículos até carros de som nas ruas dos bairros humildes de Goiana e da região para dar acesso às pessoas ao processo seletivo. O objetivo era atrair trabalhadores locais.
Após as contratações, os funcionários passaram por cursos promovidos pela empresa, Para isso, foi montada uma miniplanta no qual os profissionais foram treinados. Atualmente 5.345 pessoas trabalham direta ou indiretamente na fábrica da Jeep em Pernambuco, sendo 1.971 na produção, 2.524 na área de fornecedores, e outros 850 em empresas terceirizadas.
Atualmente, a fábrica trabalha com capacidade para cerca de 45 carros por hora – apenas o Renegade está sendo produzido no momento.
Dois novos carros em Pernambuco
Apesar de concentrar os esforços na produção do Renegade, a Fiat Chrysler confirmou que dois novos veículos serão produzidos no local. “Serão lançados dois novos carros nos próximos 18 meses”, limitou-se a dizer Sérgio Marchionne, CEO Mundial da Fiat Chrysler. Marchionne também não descartou trazer veículos Alfa Romeo para o País, mas quando questionado sobre a possibilidade foi seco: “sim”.
Marchionne também se mostrou confiante com os investimentos no Brasil, mesmo em um momento de queda dos emplacamentos de veículos – a estimativa é de que o recuo seja de até 15% neste ano. “O Brasil teve o luxo de ignorar a crise que os Estados Unidos e a Europa enfrentaram a partir de 2008. Foi quase um milagre. Acredito que assim que passar a crise (atual), o País voltará a crescer num forte ritmo”, destacou.
“O Brasil será fundamental no nosso plano de desenvolvimento mundial. Não a toa, no dia 13 de outubro (de 2014), na criação da Fiat Chrysler na bolsa de Nova York, a bandeira brasileira estava ao lado da americana e da italiana em Wall Street”, disse.
O jornalista viajou a convite da Jeep
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