O Fiat Pulse é um SUV? Sim, é. Pelas regras do Inmetro, um carro tem que cumprir 4 de 5 itens para ser caracterizado como SUV. O Pulse cumpre os quatro e peca apenas no ângulo de ataque, que é de 20,3° quando o mínimo exigido é 23°. Portanto, considerando essas regras, estamos falando de um SUV compacto que, em algumas situações, pode raspar a frente no piso.
Nos outros quatro itens o Pulse cumpre bem as metas. Tem 224 mm de vão livre entre-eixos (200 mm é o exigido), tem 188 mm de distância do solo abaixo dos eixos (o mínimo é 180 mm), tem 30,1° de ângulo de saída (exigência de 20°) e 21,3° no ângulo de transposição de rampa (o mínimo são 10°). Uma vez que, pelo menos tecnicamente, o Fiat Pulse é, sim, um utilitário esportivo compacto, vamos à avaliação da versão Drive 1.3 AT Flex nos itens que o Guia do Carro considera essenciais para definir um bom automóvel e/ou uma boa compra automotiva.
Motor e câmbio
O motor 1.3 Firefly aspirado flex está longe de ser um dos mais eficientes do mercado. Dentro da própria linha Pulse a Fiat oferece a opção do 1.0 GSE T200, muito mais moderno. Mas estamos falando da versão de entrada (Drive) e o casamento deste motor com o câmbio CVT de 7 marchas resultou numa união feliz.
Já adaptado para as novas regras do Proconve (PL7), o motor 1.3 tem 98 cv com gasolina e 107 cv com etanol. Uma diferença grande de 9 cavalos, o que obriga o motorista a escolher entre desempenho com etanol) e economia (com gasolina). A potência específica é de apenas 80 cv/l. Na prática, é um motor que vai bem na cidade, mas não oferece grande desempenho na estrada em velocidades mais elevadas.
O câmbio do Pulse 1.3 agrada bastante. Ele é do tipo CVT e tem as marchas continuamente variáveis no modo Drive, mas divide bem as 7 marchas quando o motorista opta pelas trocas manuais (inclusive na borboleta do volante). O câmbio do Pulse 1.3 nos pareceu mais bem ajustado, por exemplo, do que o do novo Honda City, que também tem 7 marchas.
Chassi (suspensão, direção e freios)
Um bom trabalho da engenharia da Stellantis neste carro. Mesmo com a suspensão traseira por eixo de torção, o Fiat Pulse mostrou ser um carro bastante equilibrado nas curvas, ao mesmo tempo em que oferece razoável conforto ao rodar. A direção é leve nas manobras e firme em velocidade. Os freios estão adequados para o peso e o desempenho do carro. Olhando o pequeno tambor da roda traseira dá uma certa má impressão, mas o carro não justifica freios traseiros a disco. O sistema tem ABS e ESC de série.
Carroceria (design, espaço, porta-malas e acabamento)
Se os críticos do Fiat Pulse podem não ter uma razão técnica para rejeitar sua presença na categoria SUV, o mesmo não se pode dizer da carroceria. Com exceção da parte dianteira, a carroceria é idêntica à do Fiat Argo na lateral (portas) e na traseira. Os ângulos das colunas A, B e C são absolutamente idênticos, apesar de a distância entre-eixos ter aumentado 1,1 cm.
A Fiat declara que o Pulse tem o porta-malas maior do que o do Argo Trekking (370 contra 300 litros), mas isso é porque o sistema de medição foi diferente. Na medição do Pulse, a Fiat utilizou o espaço como se estivesse cheio de água; na do Argo foi usado o sistema VDA (blocos retangulares com 1 litro de volume). O espaço interno dos dois carros é muito parecido, bem como o acabamento, que é bom. Há plástico duro em todo o painel, mas as texturas e tons são de bom gosto. O design do interior agrada, mas o do exterior não surpreende porque o Pulse é muito parecido com o Argo.
Performance e dirigibilidade
O Pulse 1.3 não é um campeão da aceleração, mas dá conta do recado. Usamos o carro não apenas na cidade, mas também na estrada. Ele desenvolve bem a velocidade e permite que o motorista mantenha a dignidade (e a segurança) na hora de uma ultrapassagem. Sua relação peso/potência (11 kg/cv) não é das piores e o câmbio CVT de 7 marchas, especialmente com a rapidez proporcionada pelas trocas manuais, compensa a relação peso/torque um tanto alta (quase 9 kg/Nm).
O Fiat Pulse se adapta bem a terrenos ruins e asfaltos irregulares. É um carro bastante adequado para rodar no Brasil. E tem a vantagem de oferecer uma ótima posição de dirigir. O conforto ao volante é importante para que o motorista consiga extrair o que o carro tem de melhor – e o que o Pulse tem de melhor é a agilidade advinda de um tamanho compacto, que se encaixa facilmente em várias situações do trânsito.
Pegamos um congestionamento numa viagem que deveria durar duas horas e ela acabou durando quatro. Mas, mesmo assim, o carro não provocou dores lombares ou nas pernas. O Pulse também é muito fácil de manobrar e possui bons ângulos de saída e de transposição de rampa.
KML, CO2 e custos
O Fiat Pulse tem revisões com custos fixos. As três primeiras revisões têm os seguintes preços: 1ª revisão (R$ 476), 2ª revisão (R$ 532) e 3ª revisão (R$ 540). Dá R$ 1.548 em 30.000 km, ou seja, cerca de 5 centavos por km rodado (R$ 0,05/km). Seu alcance rodoviário é de 672 km com gasolina. Na cidade, com etanol, o alcance é de 432 km. Um detalhe interessante do Pulse 1.3 é que ele conseguiu ficar abaixo de 100 g/km na emissão de CO2.
Abastecido com gasolina, o Fiat Pulse Drive 1.3 AT (na verdade é um CVT) faz quase 13 km/l na cidade e mais de 14 km/l na estrada. Com etanol, a autonomia fica acima de 9 km/l na cidade e bem acima de 10 km/l na estrada. Na média, misturando os combustíveis, o Pulse 1.3 automático faz 11 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada – portanto, a média geral é de 11,6 km/l.
Para quem usa apenas etanol, o Fiat Pulse faz quase 10 km/l na média cidade/estrada. Com gasolina, dá para conseguir até 13,6 km/l na média cidade/estrada. Vale lembrar que a potência máxima do Pulse 1.3 está disponível somente a 6.250 rpm (então raramente você tira tudo que pode do motor; se tirar, o consumo vai subir bastante). Já o torque máximo surge a 4.000 rpm (o que é mais fácil de conseguir, porém também prejudicando um pouco a economia de combustível).
Usabilidade
O Fiat Pulse já é um sucesso comercial e sua usabilidade é boa. Portanto, sua fama de carro prático vai se espalhar rápido no mercado e a tendência é que suas vendas cresçam. Dentro da própria Stellantis, podemos dizer que o Fiat Pulse é muito mais prático no dia-a-dia do que o Jeep Renegade, é mais simples de usar do que o Citroën C4 Cactus e tem características mais ao gosto do brasileiro do que o Peugeot 2008.
Não se engane pelos 370 litros declarados no porta-malas. Não é tudo isso. Mas, com bancos muito confortáveis (de tecido), suspensão bem ajustada e pneus de perfil alto (195/60 R16), ele oferece um rodar relativamente macio, que tem tudo para agradar o público brasileiro. Quanto à multimídia, é excelente. A Fiat entendeu como poucas marcas a necessidade de oferecer uma conectividade fácil e intuitiva.
ITEM | CONCEITO | NOTA |
Motor e câmbio | Bom | 6,5 |
Chassi | Muito bom | 8 |
Carroceria | Bom | 5,5 |
Performance e dirigibilidade | Bom | 7 |
KML, CO2 e custos | Bom | 7 |
Usabilidade | Ótimo | 9 |
Nota final | Bom | 7,1 |
Veredicto
Vale a pena comprar o Fiat Pulse 1.3 Drive com câmbio automático CVT? Bem, vamos combinar que R$ 97 mil não é exatamente uma bagatela. E descobrir que, por preço, a Fiat não entrega uma singela alça de segurança no teto do carro dá uma certa indignação. Afinal, pessoas idosas (e não só elas) precisam dessa alça para se apoiar na hora de entrar ou sair do carro – ou mesmo durante sua utilização. Outra ausência lamentável é a dos airbags de cortina. Como produto, o carro é bom, vale a pena, mas essas ausências justificam algum desconto na hora da compra. Não custa tentar.
Os números
Preço: R$ 96.990
Motor: 1.0 turbo flex
Potência: 107 cv a 6.250 rpm (e)
Torque: 134 Nm a 4.000 rpm (e)
Câmbio: 7 marchas CVT
Comprimento: 4,099 m
Largura: 1,744 m
Altura: 1,576 m
Entre-eixos: 2,532 m
Vão livre entre-eixos: 224 mm
Altura mínima do solo: 188 mm
Ângulo de entrada: 20,3°
Ângulo de saída: 30,1°
Ângulo de rampa: 21,3°
Peso: 1.187 kg
Pneus: 195/60 R16
Porta-malas: 370 litros
Carga útil: 400 kg
Tanque: 47 litros
0-100 km/h: 11s4 (e)
Velocidade máxima: 177 km/h (e)
Consumo cidade: 12,9 km/l (g)
Consumo estrada: 14,3 km/l (g)
Emissão de CO2: 98 g/km