O crédito automotivo no Brasil deve estagnar em 2014, após dois anos de queda, previu nesta quinta-feira a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), diante do mix de juros mais altos e encarecimento dos carros com fim de incentivos fiscais e exigência de mais itens de segurança.
No fim de 2013, o estoque de crédito para compra de veículos, incluindo CDC e leasing, somava R$ 228,6 bilhões, queda de 5,6% ante 2012, que já tinha caído 1% sobre 2011.
"Os últimos anos não foram bons e a perspectiva é de que 2014 será o ano mais triste de todos", disse a jornalistas o presidente da Anef, Décio Carbonari, prevendo crescimento zero para o período. "A economia dá sinais de enfraquecimento."
Os dados estão em linha com números divulgados mais cedo neste ano pela indústria automotiva. Segundo a Anfavea, que representa as montadoras, o total de novos licenciamento de veículos no país no ano passado caiu 0,9% ante 2012, a 3,77 milhões de veículos, primeira queda anual em uma década. Para este ano, a Anfavea espera crescimento de 1,1%. A Anef atribuiu o fraco desempenho do setor às baixas ofertas de financiamentos pelos bancos comerciais e atividade econômica.
O resultado só não foi pior porque os bancos de montadoras assumiram o espaço deixado por grandes bancos comerciais e fizeram ações agressivas, como taxa zero em financiamentos. Com isso, sua fatia na liberação de empréstimos para compra de veículos cresceu de 53% para 60% entre 2012 e 2013. Assim, o percentual de compras à vista até caiu, passando de 39% para 37% do total.
Nos últimos anos, os bancos reduziram a concessão de crédito automotivo, linha que lhes provocou fortes perdas com calotes. A carteira total do Itaú Unibanco para o setor, por exemplo, caiu 15% entre 2011 e 2013.
O maior rigor dos bancos deu resultados. O índice de atrasos acima de 90 dias nas linhas automotivas caiu de 6,4% para 5,2%. Sem mencionar números, Carbonari afirmou que a tendência segue de queda neste ano.
Para 2014, os financiamentos devem se manter nos níveis do ano passado, apoiados em baixas taxas de desemprego e manutenção do poder de compra das famílias, disse o executivo.
Nesta quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que a taxa de desemprego do país em janeiro ficou em 4,8%, a menor do história para o mês, enquanto o rendimento médio subiu 0,2% sobre dezembro e 3,6% ante janeiro de 2013.
Por segmentos, a Anef avalia que o financiamento de automóveis deve ficar estável, o de motocicletas deve cair, enquanto o de caminhões crescerá, puxado por maiores investimentos em infraestrutura.