Futuro chegou com a mobilidade elétrica e até carros voadores

Brasil emplacou 34,2 mil carros eletrificados em 2022, mas a mobilidade elétrica tem até carros voadores; entenda os principais pontos

20 out 2022 - 12h53
Xpeng X2 realizou em outubro o primeiro voo de um "carro voador" da história
Xpeng X2 realizou em outubro o primeiro voo de um "carro voador" da história
Foto: XPeng AeroHT / Divulgação

O futuro da mobilidade urbana chegou com carros elétricos e até carros voadores. Mas nem todos sabem como os veículos eletrificados farão parte do nosso cotidiano daqui para frente. O preço do carregamento, por exemplo, é uma das dúvidas do público.

“A eletrificação dos automóveis vai muito além do que as pessoas conhecem e, por mais que não seja uma tecnologia nova, hoje o mundo está comprometido com o segmento e temos avanços tecnológicos que tornam possível essa realidade”, afirma Ricardo David, sócio diretor da Elev, empresa especializada em eletromobilidade.

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Em 2021, na conferência de Glasgow, 30 países e seis fabricantes se aliaram para eliminar veículos a combustão a partir de 2035. Esse movimento foi seguido por mais fabricantes posteriormente e, na atualidade, até mesmo empresas brasileiras já se adaptaram à nova realidade, como é o caso da Caoa Chery, que dominou o mercado em setembro.

Nos primeiros nove meses do ano, o total de carros elétricos e híbridos emplacados no Brasil já soma 34,2 mil unidades. Mas em quais segmentos veremos mais carros elétricos em um futuro próximo? Segundo Ricardo David, todos os setores poderão ser beneficiados pela eletrificação.

Carros Voadores

Em outubro de 2022, tivemos o primeiro voo com um automóvel voador da história. Trata-se do X2, da empresa chinesa XPeng AeroHT. O veículo realizou testes e fez o seu primeiro voo público nos Emirados Árabes Unidos, surpreendendo o mundo. O X2 é um veículo 100% elétrico, que tem similaridades aos tão conhecidos drones.

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“É incrível observarmos como os carros elétricos estão dominando a tecnologia de transporte urbano em todos os segmentos. O primeiro carro voador a realizar um teste público é um elétrico e há motivos claros para isso, como o investimento massivo da China no segmento”, explica Ricardo.

Setor público

Enquanto os carros elétricos voam pelo mundo, até mesmo literalmente, o Brasil ainda engatinha no setor. Porém, o setor público ainda pode se beneficiar muito da eletrificação, algo que é visto em algumas experiências pelo Brasil. O Paraná, recentemente, lançou uma política de IPVA zero para os veículos elétricos e a implantação de uma das maiores eletrovias no país.

Na Bahia, o governo do Estado também se movimenta e a capital Salvador poderá contar com 30% da sua frota de ônibus eletrificada. Recentemente, o município de São José dos Campos também amplificou a sua eletrificação e realizou testes em ônibus elétricos.

“Para o setor público e para o transporte público, poderemos ter benefícios sociais incríveis a partir da eletrificação. Vejo exemplo de municípios que eletrificam as suas frotas da guarda civil e investem em ambulâncias elétricas. Além da diminuição dos custos, a possibilidade de redução de custo de passagens e a diminuição do impacto ambiental, esses veículos podem funcionar como geradores emergenciais para as cidades brasileiras”, explica o executivo.

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Logística e compartilhamento

Como a iniciativa privada poderá se beneficiar da eletrificação? Bem, os exemplos são variados, como é o caso de testes sendo realizados nos Estados Unidos por meio de veículos autônomos que realizam entregas em aplicativos de restaurantes.

Na América Latina, uma das empresas mais conhecidas da região, o Mercado Livre, anunciou recentemente que contará com mais 400 veículos elétricos na frota até o fim do ano. O aplicativo Uber também não está com as mãos atadas. A empresa planeja ter frotas 100% elétricas até 2030.

“Esse movimento é algo pensado. As empresas que investem na eletrificação pensam nos seus custos ao longo prazo. Por mais que o investimento pareça ser algo caro de forma imediata, os gastos com a manutenção são extremamente inferiores aos dos veículos movidos a combustão”, explica Ricardo David.

Ele afirma que os carros elétricos apresentam um custo 70% menor em relação às manutenções, principalmente porque contam com apenas 20% do total de peças encontradas nos veículos movidos a combustíveis fósseis.

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Impacto social

Muitos falam dos carros elétricos como uma medida ESG, sigla em inglês que significa governança ambiental, social e corporativa. Mas poucos falam sobre o impacto social dos carros eletrificados.

Ricardo David explica que o Brasil pode aproveitar do segmento para se tornar uma potência no setor, principalmente por termos recursos necessários para a produção desses automóveis, como o lítio e o nióbio. Isso significa que a indústria pode fortalecer a economia, a balança comercial e gerar mais empregos diretos e indiretos.

Além disso, a eletrificação pode representar uma diminuição de custos no transporte público que, se for bem aplicada, tem a potencialidade de promover passagens de ônibus baratas.

“Boa parte da população terá a sua primeira experiência com a eletromobilidade a partir dos ônibus elétricos. Países da América Latina já se adaptam a essa realidade e o impacto pode ser sentido no bolso. Sem estar atrelado aos valores internacionais dos combustíveis, principalmente em um país com suficiência energética como o Brasil, o transporte público elétrico pode ser um passo para o barateamento das passagens dos ônibus urbanos e interurbanos”, afirma o executivo.

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Esse também é um sinal de alerta para as empresas brasileiras que dominam o mercado de ônibus elétricos na região. O país tem atraído cada vez mais empresas que buscam investir no setor, como é o caso da chinesa Higer Bus, que passará a produzir no Ceará.

Preço do carregamento

O último ponto destacado pelo especialista é o valor da recarga desses veículos. Além da comodidade do carregamento, seja no seu lar ou no shopping, o segmento conta hoje com carga gratuita em inúmeros pontos, como forma de promover a eletrificação. Porém, essa realidade não será infinita, e em um futuro próximo poderá ser mais barato carregar seu veículo em eletropostos públicos e semipúblicos.

“Atualmente vemos o investimento de montadoras nos carregadores, mas isso não será para sempre e no futuro os usuários precisarão estar atentos aos preços, que obviamente continuarão sendo mais baratos que os veículos a combustão”, explica.

“Porém, carregar o carro em um posto público e semipúblico poderá ser mais barato do que carregar em casa. Isso porque o custo da energia será mais barato nesses locais de recarga”, conclui. O empresário também destaca a necessidade de serem debatidas, nos condomínios, a instalação de carregadores.

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