O governo deve elevar parcialmente as alíquotas do IPI de veículos a partir de julho, evitando que o imposto tenha recomposição integral para tentar apoiar as vendas de um setor importante para a economia e que vive momento de menor oferta de crédito para financiamento e estoques crescentes nos pátios das montadoras.
"As conversas entre governo e montadoras sobre o IPI começaram e indicam que a decisão do governo será pela recomposição gradual do IPI de carros", disse à Reuters uma fonte do Palácio do Planalto que acompanha as negociações.
Em dezembro, o Ministério da Fazenda fez ação semelhante ao anunciar que as alíquotas reduzidas do IPI seriam elevadas gradualmente para seus níveis normais até o início de julho. Por exemplo, para automóveis 1.0, cuja alíquota original é 7%, o percentual do imposto passou a 3% em janeiro, ante 2% até então em vigor.
De acordo com a fonte, a avaliação do governo é que é possível abrir mão de parte da arrecadação com o IPI porque as receitas extraordinárias e as receitas com concessões virão altas no segundo semestre, ajudando a compensar a perda. O governo luta para fechar as contas e cumprir a meta de superávit primário deste ano, de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
A equipe econômica também trabalha em outra frente, considerada ainda mais sensível, que é o mercado de crédito para a compra de veículos, diante de postura mais exigente dos bancos na concessão de empréstimos. Entre outras propostas, está na mesa a criação de espécie de fundo garantidor para essas operações. A venda de veículos novos recuou 7,2% no país em maio na comparação anual, com os lojistas apostando em queda de mais de 3% no ano como um todo, informou nesta terça-feira a entidade que representa as concessionárias (Fenabrave).
As negociações para incentivar as vendas de veículos do país ocorrem também diante de forte retração nas exportações, cujo destino principal é a Argentina, país que vive uma crise cambial. A combinação de queda nas vendas no mercado interno e nas exportações tem feito montadoras reduzirem produção e anunciarem medidas como suspensão de contratos de trabalho e programas de demissão voluntária em um ano marcado por eleição presidencial.
Na semana passada, a montadora francesa de veículos PSA Peugeot Citroen anunciou abertura de PDV depois de ter fechado em fevereiro terceiro turno, iniciado em 2010, em sua fábrica em Porto Real (RJ). Em abril, a Volkswagen anunciou suspensão de contratos de trabalho de mais de mil funcionários de fábricas em São Bernardo do Campo (SP) e São José dos Pinhais (PR) a partir de maio, informaram sindicatos locais.