O mercado automotivo global pode ganhar mais uma “supermontadora” em breve. De acordo com a imprensa japonesa, a Honda e a Nissan estão em processo de negociações para uma possível fusão entre as duas empresas. Com valor estimado em 54 bilhões de dólares (cerca de R$ 338 bilhões) pela Reuters, a fusão criaria a terceira maior fabricante automotiva do mundo.
Com um volume total de vendas de 7,9 milhões de carros, o possível grupo ‘Honda-Nissan’ ficaria atrás apenas da Toyota (11,2 bi) e da Volkswagen (9,2 bi). A Stellantis – grupo dono das marcas Fiat, Citroën, Peugeot e Jeep, por exemplo, vendeu 6,3 milhões de unidades em 2023 no mundo inteiro.
De acordo com o jornal japonês Nikkei Asia, as duas marcas estreitaram recentemente a parceria que foi anunciada em março deste ano. Agora, além de um acordo de cooperação mútua, as negociações também envolvem uma possível aquisição de ações. Um novo memorando entre as duas marcas deve ser assinado já nos próximos meses.
Além das marcas Honda e Nissan, a também japonesa Mitsubishi poderia entrar no novo grupo, uma vez que também faz parte da parceria inicial. O objetivo principal seria tornar as três montadoras mais competitivas em relação às concorrentes chinesas BYD e GWM, além das demais marcas tradicionais no mercado automotivo.
Outro motivo seria a situação financeira da Nissan, que tem passado por uma crise global recentemente após registrar fortes quedas em mercados como os EUA e a China. Para isso, a marca recontratou Christian Meunier, ex-Jeep e ex-presidente da Nissan no Brasil entre 2010 e 2012, como presidente da marca nas Américas.
De acordo com o Financial Times, a marca japonesa pretende demitir até 9.000 funcionários e diminuir a capacidade de produção em até 20%, reestruturando suas operações e reduzindo gastos, após alguns executivos terem afirmado anonimamente que a marca teria “entre 12 e 14 meses para sobreviver”.
As mudanças não devem afetar as operações da marca no Brasil, onde já estão confirmados ao menos R$ 2,8 bilhões de investimentos nos próximos anos. Em 2025, por exemplo, a Nissan lançará a segunda geração do Kicks, que ficará maior e mais refinada. Já vendido nos EUA, o modelo deve chegar ao mercado brasileiro no segundo trimestre do ano que vem.
Além disso, a chegada da Honda ajudaria a Nissan a manter um fluxo de caixa maior, ao mesmo tempo em que a Renault reduziu em 2023 a sua participação na marca japonesa de 43,4% para apenas 15%. A Nissan também conta com apenas 15% de participação nas ações da montadora francesa.
Com isso, é possível que os futuros lançamentos das marcas Nissan, Honda e Mitsubishi contem com uma série de componentes em comum, como a motorização, plataforma e até mesmo sistemas de segurança, de condução semi autônoma e de inteligência artificial.