A picape Hyundai Santa Cruz é uma bola pedindo para ser chutada. Mais do que isso: é uma bola na marca do pênalti e não há goleiro: basta chutar e fazer o gol. Traduzindo a linguagem do futebol para a indústria automobilística, a Santa Cruz é uma picape prontinha para fazer sucesso no Brasil. Mas como?
Uma fonte revelou ao Guia do Carro que a Caoa Montadora fez contato com a Hyundai nos Estados Unidos sobre as possibilidades referentes à picape Santa Cruz. Mas, procurada por nossa reportagem, a Caoa negou que tal contato tenha existido. A fonte não soube informar se o contato seria para importação ou produção da Santa Cruz.
Seja como for, a picape Santa Cruz só poderia ser vendida no Brasil pela própria Hyundai Brasil (coreana), que fabrica os modelos HB20, HB20S e Creta em Piracicaba (SP), ou pela Hyundai Caoa. A chance de que a Hyundai Brasil importe o carro é zero. A produção também é remota, pois não consta que a montadora queira entrar no segmento de picapes.
A Hyundai Caoa, entretanto, poderia importar a picape, pois já faz isso com outros modelos da marca, e até pensar numa produção local em Anápolis (GO). As duas possibilidades são complexas. Na importação, a Hyundai Santa Cruz teria um preço para competir com a Ford Maverick, ou seja, com volumes reduzidos. Mas, se vier, certamente fará sucesso. Na produção é mais difícil, pois a Caoa está mais focada em sua parceria com a Chery e com o crescimento da marca Caoa Chery, que também produz em Anápolis.
O fato é que a Hyundai Santa Cruz tem um potencial enorme no mercado brasileiro. Tanto que o segmento hoje liderado pela Fiat Toro, tem a presença da Renault Oroch e a partir de 2023 vai crescer com a chegada da nova Chevrolet Montana. A Ford Maverick tem potencial de crescimento se vier com versões mais baratas, para concorrer diretamente com a Toro, quando a produção mundial se estabilizar.
Hoje a Fiat Toro está praticamente sozinha no segmento, pois a Maverick é maior e mais cara e a Oroch é menor. A Santa Cruz é uma picape um pouco maior do que a Toro, porém é mais baixa.
Hyundai Santa Cruz e Ford Maverick são rivais nos Estados Unidos como a Fiat Toro e a Renault Oroch no Brasil – não chegam a competir diretamente. A Santa Cruz é produzida em Montgomery, Alabama, na plataforma N3 da Hyundai-Kia (a mesma do Tucson). Ela tem 4,970 m de comprimento, 1,905 m de largura, 1,695 m de altura e 3,005 de distância entre eixos. A Santa Cruz está, portanto, no meio do caminho entre a Toro e a Maverick.
A picape da Hyundai tem duas opções de motorização. As versões de entrada utilizam um motor 2.5 aspirado de 190 cv de potência, 244 Nm de torque e câmbio automático de 8 marchas. As versões mais caras da Santa Cruz têm um motor 2.5 turbo de 275 cv, ótimos 420 Nm e câmbio automatizado de 8 marchas com dupla embreagem.
É ou não é uma bola pedindo para ser chutada? É chutar, fazer o gol e correr para o abraço, ou seja, para os lucros nas vendas. Resta saber se esta bola será chutada pela própria Hyundai Brasil ou pela Hyundai Caoa. Se nenhuma das duas chutar, quem vai ganhar é a Fiat. Sem a Hyundai Santa Cruz, é muito mais fácil liderar o segmento de picapes monobloco no Brasil.