Ter um carro híbrido pode ser a união perfeita de dois mundos. Por mais que na hora da manutenção seja preciso cuidar de dois sistemas de propulsão diferentes - o elétrico e o a combustão -, a economia no dia a dia pode fazer esse gasto extra valer a pena. Foi o que a Jaecoo quis mostrar ao propor um desafio para o SUV que acaba de desembarcar no Brasil: o J7.
Só para contextualizar um pouquinho, nós já estamos falando sobre a Omoda & Jaecoo há pouco mais de um ano. As duas marcas, que pertencem à chinesa Chery, chegaram ao mercado brasileiro nesta semana após alguns atrasos. Apesar de terem públicos diferentes com modelos próprios, a operação de ambas será única, com vendas na mesma concessionária.
Para marcar o lançamento de seu primeiro carro no país, a Jaecoo criou uma espécie de maratona para mostrar que o SUV J7 pode rodar mais de 1.200 km com apenas um tanque de gasolina. Assim, um grupo de jornalistas cumpriu o desafio de rodar de São Paulo (SP) até Foz do Iguaçu (PR) sem reabastecer o veículo, nem recarregar a bateria do motor elétrico.
Dessa forma, esta não é uma avaliação tradicional - e eu vou explicar por que. Mas a ideia é contar um pouquinho sobre como foi essa experiência inusitada com o objetivo de mostrar que, dadas as devidas proporções, um carro híbrido pode ser uma boa fonte de economia no fim das contas, mas sem causar o receio de ficar a pé caso a bateria acabe, como no caso de um elétrico.
Como é o híbrido Jaecoo 7
Com visual robusto e imponente, o Jaecoo 7 estreia com duas versões de acabamento: Luxury, por R$ 229.990 e Prestige, por R$ 249.990.
A primeira traz entre os destaques painel digital com tela de LCD com 10,25", central multimídia de 14,8" com conexão para Apple CarPlay e Android Auto, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e câmera 540º (que mostra também o que está embaixo do carro).
Também tem GPS nativo, teto solar, sete airbags e rodas de 19". Há ainda um pacote de assistências à condução que inclui piloto automático adaptativo (ACC) com sensor de congestionamento, alerta de colisão frontal, controle de descida e frenagem autônoma de emergência, entre outros.
Já a opção de topo adiciona ainda bancos aquecidos e ventilados, head up display, sistema de som Sony com oito alto-falantes, iluminação interna com 64 cores, porta-malas elétrico com detecção de presença e carregador de celular por indução.
Além disso, mais sistemas de condução semiautônoma aparecem na lista, como alerta de colisão traseira, monitoramento de ponto cego e assistente de faixa, por exemplo.
Na mecânica, ambas as versões trazem motor 1.5 turbo de 135 cv e 20,4 kgfm de torque combinado a um elétrico de 204 cv e 31,6 kgfm.
Assim, a potência combinada chega a 339 cv, enquanto o torque atinge 52 kgfm. O motor elétrico é alimentado por uma bateria de 18,3 kWh, o que garante autonomia de 79 km rodando só com eletricidade, de acordo com o Inmetro.
O sistema de propulsão é o que a marca chama de super-híbrido, por ser uma evolução do atual conjunto que equipa o Chery Tiggo 7 - com quem divide a plataforma T1X.
O câmbio também é a terceira geração do DHT encontrado no "irmão". Entre os upgrades estão novos sistemas que oferecem mais eficiência, como lubrificação inteligente, recirculação de gases de escape e gerenciamento térmico. Isso, diz a Jaecoo, garante melhorias em desempenho, consumo e emissões.
De SP a Foz do Iguaçu
Para dar início à jornada, 12 jornalistas foram divididos em quatro carros, em grupos de três. Antes de mais nada, lacramos o bocal de abastecimento de gasolina quanto o da entrada para o carregador plug-in do motor elétrico. Mas já vou começar a falar sobre a viagem com um spoiler: meu carro foi o último colocado em autonomia entre os quatro participantes.
Isso porque nós resolvemos dirigir de uma forma mais realista nessas condições, com velocidades na estrada na faixa de 100 km/h e com o ar-condicionado ligado o tempo todo. Apenas tomando cuidado de tirar o pé do acelerador nas descidas para maior recuperação de energia e sem acelerações bruscas.
Alguns usaram artifícios como rodar atrás de caminhões, desligar o ar (em um calor de aproximadamente 35ºC!) e até de rebater o espelho retrovisor do passageiro para tentar melhorar a aerodinâmica.
Ao volante
Antes de revelar o resultado,vamos falar sobre o carro. Na verdade, não deu para ter uma noção muito real sobre o desempenho, uma vez que rodamos apenas em velocidades brandas e constantes.
Não tivemos momentos de ultrapassagens ou arrancadas rápidas justamente para poupar a bateria. Por isso comentei no início que esta não seria uma avaliação tradicional. E foi uma jogada de mestre da marca fazer um test-drive nesse formato.
Como a ideia era economia máxima, alguns perrengues da vida real de quem tem um carro híbrido passaram despercebidos. Isso porque uma das maiores críticas de quem tem um híbrido é que, quando acaba a bateria, o desempenho é sofrível.
E o mesmo deve acontecer no Jaecoo 7, já que apenas o motor a combustão com 135 cv é pouco para levar com destreza um carro desse tamanho e com quase 1.800 kg. Assim, o foco seria apenas nas vantagens que o SUV tem a oferecer. E são muitas. Mas estamos de olho, dona Jaecoo!
De fato, o carro tem qualidades como bom acabamento e bastante espaço interno. Atrás, três adultos viajam com conforto. Mas não espere nenhum grande arroubo de ousadia na configuração interna, bem semelhante à de rivais na mesma faixa de preço.
A central multimídia vertical, que remete a um grande tablet, parece ter virado modinha entre carros mais recentes. No geral, o modelo é extremamente correto, confortável de dirigir, com boa posição ao volante graças aos diversos ajustes elétricos, e oferece um pacote bem completo de equipamentos, especialmente na versão de topo.
Mas não deu para ter uma percepção mais apurada sobre sua dirigibilidade. Fica para uma próxima oportunidade...
Por fim, o resultado
Mesmo assim, apesar da grande diferença do alcance entre o primeiro e o último colocados (pouco mais de 150 km), registramos uma autonomia de quase 1.300 km no fim das contas.
Ou seja, desafio cumprido, mesmo no quarto lugar, sem nem chegar ao pódio - por outro lado, dirigindo normalmente, sem recursos mirabolantes para economizar - somente tomando alguns cuidados para não exagerar.
Tudo na vida é uma questão de equilíbrio. Mas aplaudo os campeões (e todos os participantes que completaram o objetivo com folga), que ao final do percurso registraram um impressionante alcance de 1.453 km com um tanque para um carro do porte do Jaecoo 7. Impressionante.
Jaecoo 7 Prestige
Motor: Dianteiro, transversal, quatro cilindros, 1.5, 16V, turbo, gasolina + elétrico
Potência combinada: 339 cv
Torque combinado: 52 kgfm
Câmbio: Automático, DHT, 1 marcha
Bateria: 18,3 kWh
Dimensões: Comprimento 4,50 m; largura 1,86 m; altura 1,67 m; entre-eixos 2,67 m
Peso: 1.795 kg
Tanque de combustível: 60 litros
Porta-malas: 500 litros
Consumo (Inmetro): 15,1 km/l (cidade); 13,5 km/l (estrada)
Preço: R$ 249.990