Qual é o preço da exclusividade no mundo automotivo? Ao que tudo indica, pode chegar a mais de 142 milhões de dólares (cerca de R$ 722 milhões). De acordo com o site britânico Hagerty, esse foi o valor pago por um Mercedes 300 SLR Uhlenhaut Coupé 1956 que foi vendido pela própria Mercedes em um leilão secreto no início deste mês, na Alemanha. Esse valor tornaria o esportivo alemão o carro mais caro da história.
O valor seria mais do que o dobro pago pelo Ferrari 250 GTO 1963 que venceu o Tour de France, que é oficialmente o carro mais caro do mundo. O esportivo italiano foi vendido em 2018 por 70 milhões de dólares (cerca de R$ 356 milhões). Oficialmente, a montadora alemã não confirma a venda. De acordo com o site britânico, o comprador anônimo seria uma figura bem conhecida da indústria automotiva britânica e um colecionador de carros.
Ele também seria um dos menos de 10 colecionadores de carros selecionados pela Mercedes para participarem do leilão em Stuttgart. Isso porque, além do capital necessário para adquirir o Mercedes 300 SLR Uhlenhaut Coupé, a montadora alemã também pretendia garantir que o novo proprietário seguisse uma série de cuidados e critérios estabelecidos para a conservação do esportivo, incluindo a proibição de revendê-lo a terceiros.
O Mercedes 300 SLR Uhlenhaut teve apenas duas unidades produzidas em 1956, depois da montadora alemã ter saído de competições automobilísticas. Baseado no famoso modelo de corrida Mercedes 300 SLR (W196S), o “Flecha de Prata”, o esportivo troca a carroceria conversível dos modelos de corrida por um teto rígido cupê. O nome Uhlenhaut é uma homenagem ao então chefe do Departamento de Testes da Mercedes, Rudolf Uhlenhaut, que utilizava o carro regularmente.
Conhecido pelo baixo peso, o Mercedes 300 SLR Uhlenhaut Coupé tinha carroceria de alumínio e chassi tubular de aço. Ele era equipado com um motor 3.0 de oito cilindros em linha de 302 cv e atingia uma velocidade máxima de 290 km/h (180 mph), sendo um dos carros mais rápidos do mundo nos anos 1950.
Projetado em 1954, o Mercedes 300 SLR era uma evolução do modelo 300 SL que acompanhou Fangio no título da Fórmula 1 de 1954. Ele estreou na prova Mille Miglia de 1955, realizada na Itália. Nessa prova, foram inscritos os pilotos Stirling Moss, Juan Manuel Fangio, Karl Kling e Hans Hermann. O resultado foi uma dobradinha com Stirling Moss em primeiro e Fangio em segundo.
De acordo com a Hagerty, a unidade vendida teria o chassi número 0008/55. Com isso, ele seria o segundo e último dos cupês produzidos pela Mercedes em 1956. Vale lembrar que, após um acidente nas 24 Horas de Le Mans em 1955 – que causou a morte de 84 pessoas, incluindo o piloto francês Pierre Levegh, que pilotava o 300 SLR – a Mercedes se afastou das pistas por quase 30 anos, até os anos 1980.